segunda-feira, 6 de junho de 2011

Valdiram Caetano de Moraes

Viciado em sexo e cocaína, Valdiram se trata ao lado de 280 ex-detentos
Atacante se reabilita em sítio onde não é permitido celular, TV e internet. Ele divide quarto com homens que tiveram progressão de pena prisional

Na última vez em que o Vasco chegou à final da Copa do Brasil, em 2006, um atacante era a sensação do futebol brasileiro. Jogando ao lado de Romário, Valdiram apareceu rapidamente no cenário nacional. E com a mesma velocidade sumiu após ser afastado do elenco na véspera da decisão contra o Flamengo. Na época, a diretoria cruz-maltina alegou que o promissor jogador havia cometido um grave ato de indisciplina, mas não revelou oficialmente qual teria sido o problema. Era o início de uma batalha contra a bebida e as drogas.

Cinco anos depois, Valdiram é apenas um dos 280 homens que buscam reabilitação em um sítio em Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense. Os gastos com bebida, mulheres e drogas fizeram o atacante perder tudo o que havia conquistado no futebol. Agora, ele tenta um recomeço no Instituto Vida Renovada, braço social de uma igreja evangélica, e divide espaço com traficantes, estupradores e assaltantes. Pessoas de alta periculosidade que tiveram progressão da pena e tentam recomeçar a vida - como o jogador de 28 anos.

Valdiram está há um mês sem ingerir bebida alcoólica e consumir cocaína. Mesmo período em que também pratica abstinência sexual. Ele não tem acesso à internet, teve que abrir mão do telefone celular e, no estagio inicial de tratamento, é proibido de assistir à televisão. Tudo isso para tentar se curar do vício em sexo e em cocaína.

Natural de Canhotinho, interior de Pernambuco, Valdiram revelou que começou a beber cerveja aos 10 anos. Nunca mais conseguiu largar a bebida alcoólica. Mesmo assim, disse ter passado por cerca de 20 clubes ao longo de 15 anos de carreira. O fundo do poço veio de dezembro do ano passado até maio de 2011. Época em que ele admite ter usado diariamente cocaína.

Outro tormento na vida de Valdiram foram as mulheres. A incontrolável compulsão sexual do jogador foi determinante para podar a sua carreira. Quando defendia o CRB, clube que o revelou, foi acusado de estupro. No Vasco, não resistia nem às funcionárias de São Januário. A ponto de ser chamado atenção pela diretoria cruz-maltina. Mas a situação se complicou de vez no Central-PE, no início deste ano, quando foi dispensado do clube por levar quatro mulheres ara o hotem em que morava em Caruaru.

Valdiram foi casado até 2009. De lá para cá, separou-se e vive distante dos filhos Letícia, de 7 anos, e Valdiram Júnior, de 4. Considera a ex-mulher uma das melhores amigas, e, por isso, arrepende-se de não ter sido um marido fiel. O rompimento o fez cair em depressão. O motivo da queda? O jogador tinha como hobby sair com rainhas de bateria das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Do dinheiro que ganhou no Vasco, ele comprou uma casa para os pais, para a tia que o criou até os 15 anos e presenteou cada uma das três irmãs com um imóvel em Canhotinho, cidade do interior de Pernambuco. Também tem um carro em seu nome, mas aos cuidados dos parentes na mesma cidade.

Analfabeto, Valdiram sequer sabe escrever o próprio nome. Porém, conseguiu realizar dois sonhos de infância: jogar ao lado de Romário e ter o nome gritado por um Maracanã lotado de vascaínos. O que o atacante não esperava é que os dois desejos realizados tinham prazo de validade. Pior que isso, se transformariam em pesadelo. A fama subiu à cabeça do jogador após um jogo emblemático para a sua carreira.

Renato Gaúcho foi o treinador que mais tentou ajudar Valdiram quando os problemas fora de campo começaram a aparecer. Mas todo o esforço cruz-maltino de nada adiantou diante do vício.

Treinando no Duque de Caxias, o atacante deve assinar contrato com o clube da Baixada Fluminense para disputar a Segundona do Brasileiro.
Fonte: http://www.globoesporte.com/

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