segunda-feira, 29 de junho de 2009

O Jornalista e o diploma

Fim da exigência do diploma de jornalismo? Talvez agora as faculdades ensinem algo…
Alessandro Martins*
Com o fim da exigência do diploma para exercício de Jornalismo (a inicial maiúscula é facultativa, neste caso), as faculdades de Comunicação Social com essa habilitação terão que realmente fazer a diferença. E não apenas serem fabriquinhas de certificados de conclusão de curso. Trabalhei 10 anos como jornalista. Você sabe. Escrevendo em um jornal.
E vi muita gente chegar à redação, com um diploma embaixo do braço, incapaz de fazer perguntas decentes a um dono de banquinha. Transformar aquilo em texto era ainda mais difícil. Eu mesmo, quando comecei, mal sabia ligar para a polícia para saber as ocorrências do dia. Mas eu tinha um diploma.
Como profissional formado em jornalismo fico um tanto curioso quanto ao que acontecerá depois do fim da exigência do diploma. Ao mesmo tempo, isso me dá algumas opções divertidas.
Posso dizer que tenho apenas segundo grau: as pessoas pensarão que até que sou esperto para alguém com essa formação posso fingir que fiz uma espécie de curso de férias que durou quatro anos (quatro e meio, pois como não gostava muito da aula de rádio, reprovei por faltas uma vez).
Ética As exigências éticas para o profissional da área, no entanto, continuam as mesmas. Embora o diploma nunca tenha sido garantia de exercício ético da profissão. Você não coloca ética em um cidadão como quem despeja chá em uma xícara. Diploma não faz mágica.
Ética não é algo ligado a uma profissão. Não sei quem inventou essa história. Ética não é nem ao menos algo ligado ao cidadão. Ética é algo ligado ao ser humano. Não se aprende em quatro anos. Na faculdade aprendi sobre leis. Coisas básicas como os conceitos de injúria, calúnia e difamação. Mas como você deve saber, Ética e leis, não poucas vezes são antagonistas. A verdade é que, agora, o sujeito que sai de uma faculdade de jornalismo não pode mais se esconder atrás de um carimbo para garantir seu lugar ao sol: ele precisará sair de lá um Jornalista. E vai ter que competir com pessoas que são Jornalistas (a inicial maiúscula não é facultativa neste caso) mesmo sem ter cursado uma faculdade com essa habilitação. Sem falar na nova dinâmica da informação que mais e mais se firma. E só este tópico renderia dezenas de artigos.
Por isso, sem diploma, regras novas:
fábricas de certificados de conclusão de curso fracassarão (quero apostar que existem instituições diferentes disso). Maus profissionais que usam o diploma como abrigo também. Como disse Alexandre Sena, no Twitter:
“O curso superior em Jornalismo passa a ser um diferencial, não uma obrigação.”
O fim do diploma não é o fim do Jornalismo. É um novo começo.
*Alessandro Martins é Jornalista

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