Fernando Gabeira*
Quando chegamos a três cidades do noroeste do Rio de Janeiro atingidas pelas chuvas havia apenas vestígios. Mas através deles, podemos reconstituir como foi dura a enchente para Pádua, Itaperuna e Cardoso Moreira.
Em Pádua, o comércio abria timidamente suas portas. Todas marcadas pelas águas. Os estoques de Natal se perderam. Funcionários contratados como extra neste época, tornaram-se dispensáveis. Percorri a cidade de Pádua com o prefeito Nando Padilha. Ele mobilizou 50 caminhões para retirar os escombros, mas ainda havia móveis e destroços nas ruas. O maior impacto foi na Secretaria de Saúde. Tudo perdido. Foram inutilizados inúmeros aparelhos de precisão.
O hospital com 300 leitos foi devastado. As enfermeiras tiraram os uniformes e se dedicam à limpeza. O primeiro objetivo é reabrir o Pronto Socorro. Depois, trazer os doentes que foram removidos para Minas e também para Itaperuna.
Em Itaperuna as marcas da água estavam presentes na rua principal. Os hospitais, alguns centros de referencia em cardiologia, foram inundados mas já retomaram o funcionamento.
Em Cardoso Moreira foi improvisado um hospital de campanha no posto de gasolina na entrada da cidade. Mas o hospital já foi desmontado.
As primeiras medidas são de apoio a essas cidades para que Brasília ajude ao máximo. No caso de Pádua o sistema de saúde pública municipal foi duramente atendido. Só sobrou mesmo o sistema de hemodiálise que é particular.
Outro movimento: convocar o comitê de bacia do Pomba e Murié. O comitê é um instrumento democrático e um espaço adequado para se discutir a enchente e um projeto de prevenção. O espaço é adequado pois fazem parte do comitê prefeitos de todas as cidades atingidas por esses rios. E também organizações não governamentais e representantes dos dois governos estaduais, Minas e Rio.
Será que será apenas mais uma enchente, como a de 1997? Ou vale a pena formular um plano para reduzir os danos e adaptar essas bacias às mudanças climáticas?É uma tarefa para o verão.
*Fernando Paulo Nagle Gabeira, mineiro de Juiz de Fora, com origem na cidade de Rio Novo-MG, é Jornalista e Deputado Federal pelo PV-RJ.
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