domingo, 28 de setembro de 2008

O PREFEITO BOA PRAÇA – E DAÍ?

Laerte Braga*
 
O prefeito José Eduardo queimou no golpe com as críticas do vereador José Sotter Figueirôa, PMDB, ao diretor do DEMLURB (DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA) Osman não sei das quantas. Figueirôa, um dos três vereadores que na Câmara não cederam a pressões e ameaças de Bejani (Bruno Siqueira e Flávio Cheker foram os outros dois), acusou o dito diretor de ser testa de ferro do ex-prefeito.
 
José Eduardo do alto de dimensão política anã vai mandar à Câmara uma carta de protesto pelas acusações do vereador Figueirôa e Osman disse que vai processar o vereador.
 
Bobagem. O que o vereador fez foi cumprir o seu papel de denunciar corrupção na administração pública. É dever dele e a Constituição além de determinar que esse é direito e dever, garante ao vereador imunidade por palavras e opiniões expendidas no exercício do mandato. Não é aquela imunidade de meter a mão e ficar impune não. É a de botar a boca no trombone e mostrar à cidade o que de fato se passa na administração.
 
O que Osman defende e está desesperado, pois perde uma grana do por fora é a assinatura do contrato de construção do novo aterro sanitário em Dias Tavares, num prazo de 25 anos e 235 milhões de reais com a Vital Engenharia Ambiental, braço da quadrilha Queiroz Galvão.
 
Pior que isso é que o prefeito embarcou nessa e tem insistido em desconhecer a lei, o que é irregularidade, crime administrativo, quando se recusa a convocar o CONDEMA (CONSELHO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE), como determina a resolução 102 do COPAM (CONSELHO DE PROTEÇÃO AO AMBIENTE) e tenta de todas as formas assinar o malsinado contrato, o que, como dizem os advogados, data vênia, sugere cumplicidade na marmelada da grossa.
 
Nem devem ler jornais, ou tomar conhecimento de outros fatos, certas coisas tornam as pessoas cegas. A justiça mineira acaba de anular contrato semelhante do governo petista/tucano de Belo Horizonte com a mesma empresa e nas mesmas condições por considerar que é lesivo ao ambiente, ao erário público e por existirem vícios (quer dizer mutreta) na montagem do mesmo. Negócio da associação Pimentel/Aécio, PT/PSDB que se estende pelo estado inteiro mesmo quando parece o contrário.
 
Se levarmos em conta a média do que é paga por empresas/quadrilhas a administradores públicos em forma de comissão pelas tais terceirizações, privatizações, 235 milhões representam um ganho de no mínimo uns 25 milhões, levando em conta também o tempo de duração do contrato.
 
Pega mal para o prefeito, qualquer paralelepípedo sabe que Osman é homem de Bejani, escuta-se isso o tempo todo no DEMLURB e é evidente o desespero da turma de faturar um no finalzinho do governo antes de deixar os cargos.
 
Se bem que o governo apóia o candidato tucano e um dos sócios de Custódio tem negócios no DEMLURB, o famigerado Josemar. Mutreta também que rende propina para a turma chegada a esse tipo de ganho, digamos assim.
 
O que o prefeito José Eduardo não percebeu também, deslumbrado com esse negócio de descer a rua Halfeld e ser chamado de excelência, mesmo que por poucos meses, é que está sendo envolvido numa grossa bandalheira, num assunto que tem que ser alvo de debate público, amplo, sério e não pode ser decidido assim de afogadilho para que meia dúzia pegue propinas e fique a conta para o cidadão.
 
E há um detalhe que poucas pessoas sabem. Quando se fala no tal contrato com a quadrilha Vital não se explica que o lixo continuará a ser depositado em Salvaterra e a quadrilha apenas fará o transbordo para Dias Tavares. Ou seja, vamos pagar pelo que não existe, por uma negociata sem tamanho.
 
O poder é um trem complicado. Mexe com a cabeça das pessoas. Pode ser um Pastinha da vida mau caráter do dia a dia, pode ser um prefeito por seis meses, mas mexe. O sujeito começa a achar que é Deus e que o poder é eterno.
 
No caso específico de Juiz de Fora o último “deus” saiu algemado de casa e foi descansar numa penitenciária tamanha as barbaridades que fez.
 
Osman é testa de ferro dele sim. De Bejani. Custódio é candidato do esquema Bejani e das empresas que tinham negócios com Bejani. José Eduardo é um anão transitório que está deixando manchar seu nome exatamente por conta disso, ou então é cúmplice.
 
Já o vereador Figueirôa exerceu o papel que deve ser exercido por qualquer vereador. 
 
Fora isso, essa história de processo acaba sendo a chance de provar que por trás dessa conversa há uma grande bandalheira. Pior, esses caras falam que processam para poder mostrar reação, no curso do processo fazem o diabo para que o processo não ande, pois sabem que são corruptos sim.
 
José Eduardo é um sujeito boa praça, tem gente séria do lado dele, mas só isso não basta. É preciso ter estatura política para ser prefeito. Não tem.    
 
Quem nomeou Osman? Bejani. Quem manteve Osman? José Eduardo. Osman e mais da metade do esquema Bejani, todo ele trabalhando para Custódio. 
 
A bem da verdade o prefeito José Eduardo precisa tomar posse, Bejani continua governando por seu esquema.
*Laerte Braga é Jornalista

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