domingo, 27 de abril de 2008

Apresentador de TV é preso em Curitiba acusado de extorsão

Bia Moraes, de Curitiba O radialista, apresentador de TV e ex-deputado estadual Ricardo Chab foi preso em Curitiba nesta sexta-feira (25/04) acusado de extorsão. O advogado Antonio Neiva de Macedo Filho, que estaria intermediando a negociação de dinheiro em troca de silêncio do apresentador sobre denúncias envolvendo a empresa de segurança Centronic, também foi preso, em flagrante, com R$ 35 mil em dinheiro, que seriam resultantes da extorsão. Chab apresentava um programa local, “Na Hora do Almoço”, na tevê RIC (Rede Independência de Comunicação), canal 7 – retransmissora da Record. Já no telejornal local da noite, desta mesma sexta, a RIC informou que o contrato com Chab foi rescindido por conta do episódio. Toda a imprensa paranaense cobriu o caso ao longo do dia, com bastante destaque. Rádios, sites e telejornais exibiram imagens de Chab sendo preso, e também vídeos e áudios feitos pela Centronic, que mostram o pagamento da suposta extorsão e revelam telefonemas de negociações pelo silêncio do apresentador. - Posição da RIC O âncora do telejornal noturno local da RIC leu nota oficial da empresa, informando que a emissora “se surpreendeu na manhã de hoje” com a prisão do apresentador; que o fato aconteceu na Rádio Mais, de propriedade de Chab, em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba); que “o Grupo RIC repudia veementemente o ocorrido e espera apuração rigorosa” dos fatos, e por fim, que o contrato com Ricardo Chab já está rescindido. A emissora ainda não informou quem apresentará o programa diário “Na Hora do Almoço”, no lugar de Chab. Após prestar depoimento em delegacia, Chab e Neiva de Macedo foram transferidos para a cadeia do Centro de Triagem de Curitiba, onde passariam a noite de sexta para sábado. Os advogados dos dois já preparam pedido de relaxamento da prisão. A suposta extorsão envolve a empresa Centronic, onde trabalhavam os seguranças acusados de envolvimento em um crime bastante polêmico, que mexeu com a opinião pública em outubro do ano passado: o assassinato do estudante Bruno Strobel, filho do cronista esportivo Vinícius Coelho. - Assassinato De acordo com as investigações da polícia, e a confissão de um dos acusados, Bruno foi pego pichando o muro de uma clínica médica, cliente da Centronic, à noite. O rapaz voltava a pé para casa, após assistir a uma partida de futebol com amigos. Chegando ao local, os seguranças da Centronic surpreenderam o estudante, que então teria sido levado para a sede da própria empresa de vigilância. Lá, Bruno teria sido amordaçado e espancado. Na tentativa de escapar da surra, o rapaz teria revelado ser filho de um jornalista famoso, e que usaria sua influência junto à imprensa para denunciar a tortura que estava sofrendo na Centronic. Diante disso, os vigias teriam decidido matá-lo. O rapaz foi assassinado a tiros e teve o corpo abandonado na Região Metropolitana de Curitiba. Dias depois, a polícia prendeu os seguranças da Centronic e apresentou o caso como elucidado. O crime teve grande repercussão. Entre outras denúncias, a Centronic foi acusada de estimular seus funcionários a praticar torturas e espancamentos. Um dos seguranças da Centronic, Marlon Janke, confessou o crime para a polícia. Coincidentemente, o advogado que atende Janke neste caso é Neiva de Macedo, o mesmo que está preso por intermediar a extorsão de Ricardo Chab contra a Centronic. - Vereador envolvido Outro suspeito de participar do esquema de extorsão é o presidente da Câmara de Vereadores de Colombo, vereador Onéias Ribeiro de Souza, do PT. Ele receberia participação no dinheiro arrecadado com a extorsão. O delegado Marcus Vinícius Michelotto, da delegacia de Estelionatos, que comandou as investigações e realizou a prisão de Chab e de Neiva de Macedo, disse à imprensa que deverá pedir também o indiciamento e a prisão do vereador. Chab e Neiva de Macedo vinham sendo investigados há cerca de dez dias. Esta não teria sido a primeira extorsão contra a Centronic. Mas desta vez, o proprietário da empresa, Nilso Rodrigues de Godoes, levou o caso à polícia. A Justiça autorizou o monitoramento dos telefones dos dois suspeitos. Godoes disse à imprensa que Neiva de Macedo, em nome de Chab, havia primeiramente pedido R$ 150 mil para o apresentador “ficar calado” no caso de “novas denúncias” contra a Centronic. O valor foi renegociado e baixou para R$ 70 mil. Já a esta altura, a polícia acompanhava o crime. O flagrante foi feito quando a parcela de R$ 35 mil estava sendo paga a Neiva de Macedo. Ainda de acordo com Godoes, em extorsão praticada anteriormente, e negociada pessoalmente, o advogado Neiva de Macedo e Ricardo Chab queriam R$ 1 milhão para não levar ao ar denúncias contra a Centronic. Nesta ocasião, a “renegociação” teria baixado o valor para R$ 80 mil – que, de acordo com o dono da empresa de segurança, teriam sido pagos em dinheiro. Mas, há cerca de duas semanas, a dupla teria voltado a procurar a Centronic exigindo mais dinheiro, por conta de novas denúncias que teriam surgido contra a empresa. - Telefonemas Esta segunda tentativa de extorsão foi conduzida através de telefonemas. Quem negociava pela empresa era um homem identificado como Ademir – que já trabalhou para Ricardo Chab e agora é funcionário da Centronic. Foi o próprio Ademir quem gravou as ligações. Depois da denúncia à polícia, que autorizada judicialmente, passou a monitorar os telefonemas de Chab e de Neiva Filho. Em um dos telefonemas, Ademir reclama para Neiva de Macedo que Chab não estava aceitando baixar o valor acertado. Há uma gravação em que Ademir fala diretamente com Chab, que não fala em valores. Fica implícito que eles negociavam comissões para baixar o valor da suposta extorsão: Ademir diz que não abre mão da parte “do Onéias Ribeiro e do Macedo”. Chab responde que falaria com eles e depois telefonaria de volta para Ademir. O advogado Elias Mattar Assad, que defende a Centronic no caso do assassinato do estudante Bruno, disse à imprensa que Godoes o procurou com as gravações dos telefonemas em 15/04, pedindo orientação sobre o que fazer. Assad teria recomendado que denunciasse à polícia e abrisse inquérito, ou esquecesse o caso. Mas, depois disso, o advogado ainda intermediou um encontro entre os donos da Centronic, com Chab e Neiva de Macedo. Neste encontro, Chab teria dito, ao saber das gravações incriminadoras que Godoes afirmou possuir, que não queria “ficar refém” de ninguém. Depois disso, as extorsões teriam continuado, a partir de então com acompanhamento da polícia, até resultar nas prisões. Toda a operação foi acompanhada também pelo juiz Pedro Luís Sanson Corat, da Vara de Inquéritos Policiais, e por um representante do Ministério Público. - Defesa O advogado que representa Neiva de Macedo, Beno Brandão, disse à imprensa que só vai se pronunciar sobre o caso quando tiver acesso aos autos e declarou que que vai pedir a liberdade provisória de Macedo. Haroldo César Natter, advogado de Ricardo Chab, disse que a prisão do apresentador é uma “armação”, porque ele fazia matérias de cunho investigativo em seu programa de TV, e que não houve extorsão. A imprensa investigava, ainda na noite de sexta-feira, qual a ligação do advogado Antônio Neiva de Macedo Filho com o ex-prefeito de Curitiba, ex-ministro de Esportes e atual presidente da Companhia de Habitação do Paraná, Rafael Greca de Macedo. De acordo com as primeiras informações, Neiva de Macedo seria primo de Greca e teria sido chefe de gabinete na gestão dele como prefeito de Curitiba. Fonte: http://www.comunique-se.com.br/

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