segunda-feira, 10 de março de 2008

À Mulher Jornalista

Eduardo Ribeiro (*) O jornalismo brasileiro, como de resto de todo o mundo, tem problemas. Tem sérios problemas. Mas tem também virtudes, qualidades que o elevam à categoria de uma das mais respeitáveis instituições do País, apesar dos problemas. E uma dessas virtudes é a de ser um jornalismo guerreiro, muitas vezes guerrilheiro, que busca na intenção e vocação, ser o ego da sociedade, seja nas mazelas que aponta e denuncia, nas histórias comoventes que conta, nas investigações que produz, nos bastidores do poder que vasculha, nas coisas boas que descobre, nos personagens do povo ou da elite que descortina. Tenho comigo – e penso não estar sozinho nesse sentimento – que o muito do bom que o jornalismo brasileiro e mundial tem hoje, deve à presença crescente da mulher em suas fileiras, em postos desde a apaixonante reportagem até os gabinetes de chefias de onde partem as decisões estratégicas e contundentes da cobertura desejada. O jornalismo tem problemas. Sérios problemas. Na sanha de buscar o furo e elevar a audiência, ainda que a base do sensacionalismo barato e muitas vezes irresponsável, muitas reputações têm sido atacadas de forma agressiva, grosseira e muitas vezes criminosa, escondendo-se o jornalista que pratica esse tipo de antijornalismo numa espécie de imunidade profissional e corporativa para levar adiante uma indefensável atuação que fere todos os princípios éticos e humanos. A corporação nem sempre tem coragem de atacar e isolar esses membros, como acontece a bem da verdade em quase todas as atividades. Como a própria corporação não consegue coibir os abusos, busca-se cada vez mais a Justiça para reparar honras atacadas e reputações maculadas. Contra a onda de denuncismo se viu uma outra de ações judiciais. E assim caminha a humanidade, por vezes com exageros de lado a lado, e no meio os de bom senso na eterna busca do desejado equilíbrio. E novamente volto à mulher, para lembrar que onde ela tem chegado, salvo as exceções que só justificam a regra, o faz com competência, com dignidade, com espírito (já que está na moda falar isso) republicano, embora valha-se, por sua própria condição, muito da intuição e do coração para as decisões que toma. Dificilmente onde tem uma mulher no comando, a leviandade se faz presente. É raro que um veículo dirigido por mulher ceda à tentação do sensacionalismo barato e leviano. São mais questionadoras, menos suscetíveis aos apelos do ganho fácil, mais incisivas nos temas complexos em que se envolvem. Não há a menor dúvida de que a mulher está engrandecendo o ofício do jornalismo e quanto mais numerosa for essa presença, mais ainda ele se engrandecerá. É preciso, obviamente, que tenhamos cada vez mais mulheres preparadas para assumir responsabilidades crescentes. É necessário também que fiquemos atentos para que elas não sejam usadas como alternativa para baixar a remuneração profissional, como foi no começo. Devemos também nos empenhar para que o mercado consiga um ponto de equilíbrio entre a estressante atividade e a vida pessoal e familiar, permitindo que o talento feminino nas letras não oprima o seu lado mulher, em casa, na família, com os filhos e companheiros. No Dia Internacional da Mulher, que chegará no próximo sábado, dia 8 de março, decidi fazer uma edição especial deste Jornalistas&Cia sobre a Mulher Jornalista, homenageando essas eternas guerreiras. E convidei para coordenar a edição uma dessas guerreiras, Célia Chaim, que está dando um banho de competência e talento, numa edição (sou suspeito para falar, mas vou falar assim mesmo) soberba e apetitosa. É a nossa homenagem singela a essas colegas que compartilham o nosso dia-a-dia, engrandecendo não só os veículos onde trabalham, mas a própria instituição do jornalismo. Vamos penetrar, com o perdão da palavra, na alma de algumas das mais talentosas e reconhecidas jornalistas deste País, num texto solto, autoral, inteligente de alguém que tem vivido e sobrevivido quase em tempo integral dessa apaixonante atividade e que ama o que faz. (*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia "Fontes de Informação" e o livro "Jornalistas Brasileiros - Quem é quem no Jornalismo de Economia". Integra o Conselho Fiscal da Abracom - Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas. Fontes: http://www.comunique-se.com.br/ http://www.jornalistasecia.com.br./

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