Fonte:
http://www.coletiva.net/
Fernando Paulo Nagle Gabeira é jornalista, escritor e deputado federal (PV/RJ), nascido em 1941, é mineiro de Juiz de Fora e carioca por opção desde 1963. É pai de duas filhas: Tâmi e Maya. Fernando Gabeira é primo da Jornalista Leda Nagle.
Como escritor escreveu: 01 - O que é isso, companheiro? (1979), 02 - Crepúsculo do Macho (1980), 03 - Entradas e Bandeiras (1981), 04 - Hóspede da Utopia (1981), 05 - Sinais de Vida no Planeta Minas (1982), 06 - Diário da Crise (1984), 07 - Nós que amávamos tanto a revolução (1985), 08 - Vida Alternativa: Uma revolução do dia a dia (1985), Diário da Salvação do Mundo(1987, 09 - Greenpeace: Verde Guerrilha da Paz (1987), 10 -Goiânia, rua 57: o nuclear na terra do sol (1987), 11 - Etc & Tao: Crônicas de um Fim de Século (1994) e 12 - A Maconha (2000).
segunda-feira, 10 de março de 2008
Acalanto do bem
Mario de Almeida
10/03/2008
Acordo, abro o jornal e começam os pesadelos.
Quarta-feira, 5 de março, a coluna de Elio Gaspari, em O Globo, foi uma gentileza que contradisse o paradoxo.
Os motivos, muitos, começaram pela afirmação de que “a candidatura de Fernando Gabeira à prefeitura do Rio de Janeiro será um sopro de inteligência na campanha eleitoral de uma cidade que parece entregue a um condomínio de caciques, comendadores e poderosos chefões”.
Gaspari lembra que antes do “mensalão” Gabeira já fugira do PT, lembra que Lula e Zé Dirceu simbolicamente arrasaram e salgaram o Rio, com a invenção política do casal Garotinho, acólitos e assemelhados.
Outro trecho: “Aos 67 anos, o deputado do PV entra em mais uma briga, carregando nas costas a mochila da decência. Há candidatos em quem se vota para ganhar e há aqueles com quem se vai na certeza da derrota. (...) Gabeira parece ter essa qualidade. É melhor perder com ele do que ganhar com alguns de seus concorrentes’’.
Nas últimas eleições presidenciais coube a mim, Mario, a alegria de perder com Cristovam Buarque, alegria por haver, ainda, candidatos decentes.
Gaspari lembrou também que o economista Eugênio Gudin, quando contrário à fusão dos estados do Rio e da Guanabara, referindo-se à cidade do Rio, escreveu um artigo intitulado “A Guanabara não é um burgo podre”. Gaspari acrescentou:
“O carioca não vive numa cidade qualquer. Quando ele vem pela Avenida Rio Branco, passa pelo monumento a Floriano Peixoto, dobra e cruza com Deodoro da Fonseca e Getúlio Vargas. Quando chega à Siqueira Campos, vê o bronze (horrendo) dos 18 do Forte. Foi na sua cidade que aconteceram as coisas que fizeram a história daquelas pessoas. Era numa esquina de Ipanema que Tom Jobim e Vinicius de Moraes viam o mundo inteiro se encher de graça”.
As lembranças daquele jornalista se incorporaram a milhares de outras minhas que não têm nada a ver com Pão de Açúcar, Cristo do Corcovado e Praia de Copacabana.
O prédio do antigo Ministério da Educação, ato inaugural da moderna arquitetura brasileira, com esculturas do paulista Bruno Giorgi e azulejos do conterrâneo Portinari, é lembrança que se mistura com a Confeitaria Colombo e seus freqüentadores famosos, intelectuais e artistas vindos de todo o Brasil.
Naqueles tempos, o Rio, tambor de inteligência, atraía sempre mais inteligência, e seus ecos chegavam às nossas províncias. Era um Rio de corpo e alma.
Em 1966, o pernambucano Manuel Bandeira, há muito no Rio, antes de ir embora para Pasárgada, comemorou 80 anos de vida. Na ocasião, numa das entrevistas, indagado sobre suas carências, o poeta confessou que se ressentia da falta de um local para estacionar seu carro.
Dias depois, ao passar pela frente do edifício do poeta, na Avenida Beira-Mar, fiquei alumbrado com a visão de uma placa de trânsito: “Reservado para o poeta Manuel Bandeira”.
Num único gesto, o mineiro Francisco Negrão de Lima agradeceu ao Rio o fato de tê-lo eleito governador da Guanabara.
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