quinta-feira, 20 de março de 2008

Copa 2014

Eu já sabia JOSÉ CALIL*
No dia 30 de outubro de 2007, em Zurique, na Suíça, o Brasil foi confirmado como sede da Copa de 2014. A grande ausência na cerimônia foi Pelé. Ausência que, inclusive, provocou a indignação do presidente da UEFA, Michel Platini, e motivou ainda uma resposta malcriada do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a um jornalista.Estava eu, naquele dia, no estúdio da Rádio Transamérica aguardando o início de mais um programa "Papo de Craque". Diante da perplexidade geral que a ausência de Pelé causou, ouvi do meu companheiro de programa, o experiente comentarista Henrique Guilherme, a seguinte afirmação: "o problema é grana. Pelé não está lá porque não deram a grana que ele queria. Quando derem a grana ele vai se aproximar do evento".Ao final do programa, entrei no carro e liguei no debate esportivo da Rádio Jovem Pan. Lá ouvi do sábio Cláudio Carsughi algo semelhante. "Pelé não foi à cerimônia apenas por uma questão comercial", disse ele. Desde então aquilo não me saiu da cabeça.Eis que, quatro meses depois, Pelé aparece num restaurante do Rio de Janeiro, abraçando-se a Ricardo Teixeira e anunciando que está definitivamente integrado à organização do Mundial. Tão integrado que nem sabe direito ainda que função terá, mas topa colaborar onde for preciso.Quero deixar claro que não estou criticando ou condenando a atitude de Pelé. Ele é adulto o suficiente para saber aonde e com quem se mete. Apenas acho que as coisas deveriam ser mais claras. Idealismo é uma coisa. Dinheirismo é bem diferente. Ou seja: não se deve colocar como a busca de um ideal algo que se faz apenas por dinheiro. É só isso.Ah, tem mais uma coisa: Pelé é por mim sempre elogiado quando nas suas entrevistas mostra preocupação social, fala da falta de cuidado que temos com as crianças e critica a corrupção na política. Mas, a partir de agora, será difícil fazê-lo. A cada pronunciamento desses ele poderá ficar em situação difícil ao ter que explicar como e porque apareceu abraçado a alguém que ele mesmo acusou de corrupção há poucos anos.Enfim, como já disse, cada um sabe o que faz e onde aperta o próprio calo. Mas, no caso de um cidadão do mundo como Pelé, o cuidado ao escolher as companhias deveria ser muito grande. Não é o que parece estar acontecendo.
*JOSÉ CALIL é Jornalista Esportivo

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