quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Literatura

"Um tempo que nem passou"
Escrito pelo médico Carlos Adolpho de Carvalho Pereira, o livro mescla retratos históricos de uma Juiz de Fora longínqua com lembranças do autor, além de importantes fatos vivenciados por ele.

Relatos sobre a Rua Halfeld e vias onde o médico viveu nos anos de 1960 misturam-se a capítulos sobre a repressão do período ditatorial e registros da evolução da medicina na cidade. Carlos Adolpho relembra as pressões políticas que sofreu durante a ditadura no exercício do seu trabalho, bem como à frente de instituições médicas.

Em contraposição a essas lembranças desagradáveis, o autor apresenta alguns momentos de esplendor, como o dia em que conheceu pessoalmente uma das maiores atrizes do mundo, Elizabeth Taylor, conta a jornalista e editora da publicação, Jacyra Sant’Anna, destacando algumas passagens que surpreendem os leitores, revelando conhecimentos sobre as artes plásticas do autor e mesmo seu talento como pintor, que já foi  dono de uma galeria de artes.

Para a escritora Rachel Jardim, que assina o prefácio da obra, narrativas como a de Carlos Adolpho são a melhor maneira de se conhecer a vida de uma cidade em um determinado período. Através de um olhar pessoal, ele consegue inserir no texto fatos da história de Juiz de Fora, com uma escrita livre de didatismo e de preconceitos. É um olhar individual que capta o que acontecia no âmbito público com naturalidade, opina a juiz-forana, que considera o livro, antes de tudo, uma grata surpresa. É admirável que um médico tenha uma ligação tão forte com a cultura e uma vocação para a literatura.

O último capítulo da publicação une o profissional da saúde ao escritor, em um depoimento sobre a participação de Carlos Adolpho na equipe que realizou a exumação de Aleijadinho, em 1998, para verificar se o artista mineiro foi vítima de porfiria, uma doença cutânea.

Um comentário:

Carlos Ferreira disse...

Carlos Adolpho de Carvalho Pereira, filho de Antônio Carlos e Ernestina, faleceu em Juiz de Fora-MG, em 23/02/2015, aos 77 anos. Além de “Um tempo que nem passou” (2013), Carlos Adolpho escrveu “Folhas de Figo” (2014), um livro de crônicas.