terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"Saudade...palavra única que só existe na Língua Portuguesa"

Não Machucava Tanto...
Messody Ramiro Benoliel*
Não Machucava tanto como agora,
suportaria se não fosse assim
este vazio no romper d´aurora

e esta tristeza me levando ao fim.

         II
É dor constante que se revigora,
é nostalgia, é solidão enfim...
tudo me falta e a natureza chora,
ingrata vida se negando a mim.

         III
Tento encontrar razões para viver
procurando entender tal sentimento
que mansamente, só me faz sofrer !

         IV
Mas hoje sei, parece até castigo,
quem não me deixa nem por um momento:
É A SAUDADE, EM BUSCA DE UM ABRIGO !

Messody Benoliel é o atual Presidente da Academia Brasileira de Trova, fundada em 1960.  

NOTAS DE ESCLARECIMENTO:
"A saudade é bandoleira,
sem hoje, sem amanhã,
travosa como a cidreira
rosada, como  a romã"

SAUDADE EM UM SONETO IMPERFEITO
Newton Rodrigues*


Pra recordar de vez desse amor
Pois no canto triste da sorte
Se faz em instantes distintos, se for
Lacrimejando os anseios de morte


Nunca é demais que um dia recorde
Na espera, viver com sentido
no mesmo passado a limpo, acorde
Revelando ser  o presente,  querido.


Lembrando instantes de angústia, não pára
Consciente de tudo aquilo que amplia
Na mesma ponte que une, separa


Mantendo alegre a saudade de um dia
Que sempre retorna aos poucos e é cara
Fazendo sofrer quem jamais deveria.

ZÉPHYR
Newton Rodrigues*

A lembrança de seu corpo recupera,
em mim, a suave tez que não repele;
pr’a  se conter, meu corpo então libera
hormônio fervilhante em toda a pele.

Uma doce sensação induz a mente
e recompõe o fio ao qual se agarra
deixando encarcerados, felizmente,
desejos recolhidos à força, à marra.

Por quê? – Pergunto e calo resoluto
me pondo entristecido, ainda luto,
não escondendo a dor e o tormento...

... de vê-la assim, tão perto, mesmo em sonho,
Que em destilada forma recomponho,
Sorvendo o que sobrou em pensamento.

(extraído do livro “Fragmentos e Algumas Mensagens Dedicadas”, p. 82, 2012)


A CHUVA
Newton Rodrigues*

Quando crianças, a chuva despertava, em nós, um fascínio.
Da janela, hipnotizados, passávamos um longo período apreciando o balé dos pingos que caiam, harmoniosamente, molhando a nossa visão do mundo.
Crescemos e o encanto parece que se foi. Hoje, quando chove, corremos como quem foge de uma praga, de um animal feroz, de um carro em alta velocidade, de um cobrador mal-educado, de um gerente de banco pressionado, de um telefonema de madrugada, e por aí vai! Mas, fugimos.
Apesar de ácida, a água da chuva ainda é uma das manifestações da natureza, no meio urbano, ao alcance de todos. É lógico que os riscos existem, mas, por que não se deixar molhar, despreocupadamente, pela primeira chuva que vier? Pode ser uma volta ao passado. Como crianças crescidas, uma meia-hora de chuva pode lavar a nossa alma, sedenta de paz e tranqüilidade. Acredite: a liberdade conquistada na maturidade nos concede o direito de chutar poças d’água em dias de chuva.
Talvez o medo do ridículo impeça um grande número de pessoas de sentir a alegria de se molhar, sob a chuva, sem pensar na vida estressante que nos pressiona e, a todo instante, mostra que crescemos e, como adultos, temos, erroneamente, compromisso exclusivo com a materialidade de nossas rotinas.
O medo do escárnio leva-nos ao descarte de ótimas oportunidades para viajar no tempo revivendo sensações de crianças se apresentando em inocentes pingos de chuva que nos empurram, assustados, para debaixo da primeira marquise que avistamos.
(extraído do livro “Fragmentos e Algumas Mensagens Dedicadas”, p. 86, 2012)

Newton Rodrigues - Jornalista Esportivo e Escritor
Anápolis-GO

NOTAS DE ESCLARECIMENTO:
A saudade, recordação nostálgica e suave de bons momentos, penetra a metafísica de todos nós. Fatos, lugares, pessoas e principalmente as sensações que viajam no tempo são os fios condutores que trazem a saudade para nos fazer melhores, pois os bons sentimentos sempre ficam e permanecem enquanto há vida.

Do que sentimos saudades...

por Wagner Waltenberg 

01)   Do tempo em que os homens conseguiam intuir e resolver à  contento, o “complexo”  cálculo mental  entre a aproximação de um veículo e o tempo necessário para atravessar uma rua, sem a necessidade de um bonequinho verde e vermelho pra saber se deve ou não atravessar a rua.

02)   Quando as pessoas sabiam que é mais fácil parar 70 ou 100 quilogramas do que uma tonelada ou dez, produzindo desgaste de peças e pneus, que fazem aumentar muito os lucros de produção e distribuição fabril, cujas consequências todos nós já sabemos.

03)   Quando por princípios, dirigíamos um e-mail para uma única pessoa, sem cópia oculta,  exceto os  e-mails em massa

04)   Quando sem necessidade de lei, dávamos prioridade aos idosos e crianças e não se batia em mulheres pela fragilidade física aparente

05)   Quando as leis tinham por objeto a regulação social, razão principal de sua existência.

06)    Quando o mais importante era a idéia e não a patente.

07)   Quando entre a tolerância zero e a tolerância, havia o bom senso.

08)   Quando as pessoas intuíam a “complexa” relação entre o teor alcoólico ingerido e capacidade funcional e operacional futura.

09)    Quando as leis ”moravam“ dentro do indivíduo, afinal não há necessidade de leis para aquilo que ninguém quer fazer

10)  Quando não era necessário simuladores virtuais para auto escola pra depois passar para automóveis: somos retardados?

11) Quando as setas de um automóvel eram supérfluas, por que conseguíamos perceber para onde iria virar somente observando seu movimento lateral.

12) Quando era consenso que as ruas e avenidas pertenciam aos carros e as calçadas aos pedestres

Diagnóstico: vai ser difícil desconstruir tudo isso. Um exército de anômicos!!!
Fonte: www.noticiasimpossiveis.wordpress.com

Nenhum comentário: