quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Willy Fritz Gonser


POR ONDE ANDA?
"Voz" do Atlético por 30 anos, narrador Willy Gonser curte aposentadoria na Bahia
Locutor esportivo começou a carreira em 1953 e está aposentado há três anos

É gol! É do Galo! Com essa frase, Willy Gonser emocionava os torcedores do Atlético ao narrar os gols do clube. Depois de 30 anos de transmissão das partidas do Alvinegro, o locutor se aposentou há três anos e leva uma vida tranquila longe de Belo Horizonte. Assim que encerrou a carreira, Willy se mudou para Alcobaça, na Bahia, e garante que, apesar dos mais de 800 quilômetros de distância, ele não abandonou o time.

“Estou em Alcobaça, no extremo Sul do Bahia, e a minha atividade é ler muito e fazer exercícios junto ao mar. Eu acompanho tudo daqui. Não só de esportes, mas de outras áreas. Posso dizer que hoje a gente fica por dentro dos detalhes do Atlético porque tem mais tempo. Continuo sendo um torcedor à distância”, conta ao Superesportes.

A ligação do locutor com o Galo começou em 1979, quando ele iniciou sua trajetória na Rádio Itatiaia. A princípio, Willy narrou partidas dos grandes clubes da capital, mas a proximidade com o Atlético o tornou torcedor do clube.

“Cubro o Atlético desde que cheguei a Belo Horizonte. Fiz muitas viagens para a Europa para acompanhar o Atlético, principalmente na década de 1980. Aí a gente fica próximo e não pode deixar de ser torcedor. Defendo a tese que o narrador pode torcer, se souber respeitar o torcedor. A torcida é genuína. Cobri o Cruzeiro também em alguns jogos, até ficar exclusivo no Galo”, disse.

No período em que esteve narrando partidas do Galo, Willy elege o gol de Negrini, na final da Copa Conmebol de 1992 como um dos mais importantes. “Naquela conquista, o gol do Negrini foi excepcional”, frisou.

A emoção sempre foi marca do narrador nos jogos do Atlético. Mas o Galo não é o único clube de Willy. Ainda nos tempos de criança, no Paraná, ele revela como se tornou gremista.

“Gostava do Ferroviário, da minha cidade, que não existe mais, mas que ganhou sete títulos paranaenses. Porém, me lembro de uma visita do Grêmio que me fez virar torcedor do clube. Eu era garotão, de calças curtas, e vi o time gaúcho ganhar por 3 a 1 do meu Ferroviário”, afirma, antes de comentar o motivo que o fez gostar do Tricolor.

“Depois da derrota do Ferroviário, meus amigos curtiram com a minha cara. Mas no dia seguinte, o Grêmio pegou o Coritiba, time deles, e aplicou 5 a 0 no Coxa. Aí assumi a função de torcedor. Mais tarde, trabalhei em Porto Alegre por alguns anos. Lá, escolhi o Grêmio para torcer. Esse ano eu posso dizer que se não fosse o Fluminense, eu seria campeão e vice”, brinca Willy Gonser.

Concurso que mudou a vida...
Willy Gonser começou a carreira no rádio de forma inusitada. Depois de ganhar um concurso para trabalhar na área, em 1953, pela Rádio Marumby, em sua terra natal, ele atuou com noticiários, chamadas musicais e comerciais. A primeira chance no esporte veio depois de dois anos, mas o locutor precisou mostrar jogo de cintura para o dono da emissora.

“Eu comecei ganhando um concurso para fazer rádio em 1953, em Curitiba. Eu era garoto e tinha 17 anos. Durante quase dois anos fiquei fora do esporte. Em 1955, fiz um teste na área. Fui para comentar uma partida preliminar, de aspirantes, e o narrador foi ao banheiro durante o intervalo, mas ele não voltou para o segundo tempo. Então, tive que começar a narrar o jogo a partir dali. Descobri depois que isso foi de propósito, pois o dono da rádio queria ver o que eu faria. Isso durou até 2009”, ressalta Willy (aos risos).

Sem se preocupar com quantos jogos e gols narrou nos tempos de locutor, Willy diz que tem números pareados com o colega de profissão Alberto Rodrigues, que faz questão de anotar. Mas como não são oficiais, ele prefere não revelar.

“Nunca tive a preocupação de anotar esses dados. Sei pelo Alberto, mas não tenho certeza. Fiz alguns jogos no início do Mineirão. Mas ainda não estava em Belo Horizonte na época da reinauguração”, disse Willy, que guarda com carinho as transmissões no Gigante da Pampulha.

"Tenho aquelas mesmas emoções que tanta gente já relatou em dias de grandes torcidas, quando o Mineirão tremia. Foi uma série de vezes que isso aconteceu e depois os técnicos (engenheiros) comprovaram que ele tremia mesmo".

Copas do Mundo
O narrador que é filho de pai alemão e mãe paranaense teve o privilégio de participar de 11 coberturas de Copa do Mundo. O início foi em 1962, no Chile. A primeira transmissão de Mundial foi pela Rádio Gaúcha. Pela emissora, ele também trabalhou em 1970 (México) e 1974 (Alemanha).

“Estive em 11 copas do mundo. Só com exceção da Copa da Inglaterra, que não fui. Comecei em 1962 e fui até a Copa de 2006”. Em 1976, Willy foi à Rádio Nacional e presenciou a Copa da Argentina, em 1978. Ele teve a companhia de José Carlos Araújo, o Garotinho.

Pela Rádio Itatiaia, o locutor trabalhou nos Mundiais de 1982 até 2006. Ele destaca qual o maior momento vivido em uma Copa do Mundo.

“A maior emoção foi a vitória sobre a Alemanha, em 2002. Principalmente, por causa da recuperação dele (Ronaldo). Vibrei demais com aquela vitória brasileira e a volta por cima que ele deu. Foi emocionante a superação dele”, completou.

Adeus aos microfones
A saída de Willy Gonser do futebol mineiro deixou saudade em muitos torcedores do Atlético, acostumados com a narração do paranaense. Ele conta o motivo que o fez largar as transmissões esportivas.

“Minha aposentadoria foi uma decisão da empresa, mas que eu já tinha previsto. A idade pesa nesse ponto de vista. Estou hoje com 76 anos, parei com 73. Isso diminui as condições de competição de trabalho. A ideia foi parar para abrir caminho aos mais novos. Mas estou bem aqui no Sul da Bahia. Sempre passei férias aqui e quis comprar uma casa e morar definitivamente agora”, finaliza Willy Gonser.
Fonte: www.mg.superesportes.com.br

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