terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Patrimonio histórico


Prédio de lactário em BH seria projeto de Oscar Niemeyer

Umas das primeiras obras atribuídas ao arquiteto Oscar Niemeyer, que morreu, dia 5, aos 104 anos, saiu do abandono para ganhar uso social e cultural. O antigo lactário – lugar para distribuição de leite –, localizado na Rua Desembargador Barcelos, 102, entre a Avenida Silva Lobo e a Rua Platina, no Bairro Calafate, Região Oeste de Belo Horizonte, foi cedido pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU) ao Centro e Africanidade e Resistência Afrobrasileira (Cenarab). Desde agosto, a instituição oferece 10 cursos à comunidade, incluindo informática.

Segundo a coordenadora nacional da entidade, Makota Célia Gonçalves, toda a documentação necessária já está na SPU para que o imóvel seja cedido em comodato. “Nossos projetos se referem a empreendimentos solidários e a expectativa é de atendimento a cerca de 1 mil alunos por ano”, afirma Makota. Ela lamenta, no entanto, o estado de conservação do prédio, que apresenta vazamentos, problemas na cobertura e parte elétrica, além de outros pontos de deterioração. Para garantir a segurança de instrutores e alunos, ela informa que dispõe de um projeto para reforma da construção, havendo uma empresa interessada em bancar o custo das intervenções, estimado em R$ 220 mil.

O antigo lactário é tombado pela prefeitura e foi pesquisado pela Fundação Municipal de Cultura. Segundo os moradores mais velhos do entorno, no local era fornecido leite em pó às crianças da favela conhecida como Vila dos Marmiteiros, que ficava do outro lado da Via Expressa. A data exata do início da construção não foi identificada, mas, de acordo com relato do entrevistados, o ano mais provável é 1953, quando Juscelino Kubitschek (1902–1976) era governador de Minas. A criação do ponto de distribuição do alimento teria sido pedido a JK por sua mulher, dona Sara.

Segundo a pesquisa, a edificação do imóvel ficou a cargo da empresa Ájax Rabelo, responsável pela construção do conjunto arquitetônico da Lagoa da Pampulha, a primeira grande parceria entre JK e Niemeyer. A aposentada Virgínia Pereira de Meireles, de 74 anos, que mora ao lado do imóvel, se lembra de ter visto Niemeyer no terreno em frente. “Juscelino vivia na casa da minha avó Virgínia Zandona; era amigo da minha família”, diz a aposentada com os olhos brilhantes. Ela está satisfeita com a ocupação do local, cujo terreno foi vendido na década de 1950 por sua avó às Voluntárias Sociais.

História
Com o tempo, o lactário passou a fornecer também atendimento médico e odontológico para os moradores e, em data não identificada, a casa da Rua Desembargador Barcelos abrigou o Centro de Saúde Noraldino Lima. Já entre 1985 e 1990, o imóvel foi alugado por uma loja maçônica, que promovia, segundo os moradores, festa para distribuição de presentes às crianças carentes da região. Sob a administração da instituição também funcionou na casa a Associaçção para a Reabilitação do Menor (Ampare).

O imóvel não está na lista oficial dos bens de autoria de Oscar Niemeyer, mas muitos moradores alegam ter ouvido, ao longo dos anos, inúmeras referências ao arquiteto. De acordo com o dossiê da Fundação Municipal de Cultura, a autoria do projeto foi atribuída a Niemeyer pelo arquiteto Paulo Zurquim de Figueiredo Neves, estagiário dele entre 1951 e 1957. Ainda como estudante de arquitetura, e depois, já como contratado do governo de Minas, Zurquim acompanhou a construção de vários outros projetos desenvolvidos por Niemeyer sob encomenda de JK, entre eles a Biblioteca Pública Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade, em BH, e o hotel e o Grupo Escolar Júlia Kubitschek, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
Fonte: www.uai.com.br 

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