terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O embate paraense e a agenda territorial


Um ano do plebiscito no Pará

No dia 11 de dezembro de 2011, domingo, um evento político inédito marcou a história do Brasil. A  população paraense foi às urnas para responder a duas perguntas: “Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado do Carajás?” e “Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado do Tapajós?”.
Apurados os votos do plebiscito, o TSE declarou a vitória do não, tanto para Carajás (66,6%) como para Tapajós (66,1%). Foi, portanto, rejeitada a criação dos dois novos Estados da Federação Brasileira.
No entanto, a análise dos votos por município, conforme demonstrado em mapas e gráficos no artigo do geógrafo José Donizete Cazzolato, revela um quadro bastante peculiar: nas duas regiões pretendentes à emancipação, os votos favoráveis foram em torno de 90%, enquanto na região da capital a rejeição foi em torno de 95%. Há, portanto, um racha entre a população paraense.
Os votos da região de Belém, maciçamente contrários à divisão, decidiram o resultado, como apontou Cazzolato: “Ambas as campanhas tiveram êxito: os eleitores da região de Belém atenderam aos apelos da publicidade e votaram maciçamente não, da mesma forma os do Sudeste e do Oeste, atendendo à campanha do sim, votaram majoritariamente em favor da divisão. No entanto, prevaleceu o cômputo total dos votos, e, dessa forma, sendo a região de Belém o maior contingente demográfico do estado, e, seu maior colégio eleitoral, venceu o não, extinguindo-se assim os projetos de criação de Carajás e Tapajós”.
Ainda de acordo com o artigo de Cazzolato, o episódio dos plebiscitos não encerrou a questão da divisão do estado. “No âmbito estadual, parece claro que, se a divisão não passou desta vez, deveu-se a contingências. E a divisão identitária, se antes era perceptível, agora parece irreversível”.
Essa questão ficou clara nas eleições para prefeito e vereadores deste ano, considerando que o separatismo polarizou os debates entre os candidatos, principalmente nas regiões de Carajás e Tapajós.
Além disso, em reportagem da Folha de S. Paulo, as lideranças políticas das duas regiões (Marabá e Santarém) afirmaram que continuam articulando um novo plebiscito. Eles querem mudar a legislação para que sejam ouvidos apenas os moradores das duas regiões, e não a população de todo o Pará, como ocorreu em 2011.
Fonte: Folha de São Paulo

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