sábado, 16 de junho de 2012

Patrimônio histórico

Rua dos Caetés - Belo Horizonte-MG

Certa vez, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) se referiu à Caetés como “a rua mais camarada de todas: sempre disposta a fazer uma diferença, para você virar freguês”. O filho mais ilustre de Itabira quis destacar a importância do corredor projetado pela equipe do engenheiro Aarão Reis, chefe das obras da construção de Belo Horizonte, para desempenhar o papel de uma das principais vias comerciais da capital, inaugurada em 1897. De lá para cá, muita coisa mudou na Rua dos Caetés, como o surgimento de prédios e a ampliação da largura dos passeios, mas o trato carinhoso dos lojistas com os consumidores, este sim continua sendo uma das receitas dos bons lucros dos varejistas de lá.

A Rua dos Caetés reúne, hoje, cerca de 700 estabelecimentos comerciais. Ela contribui para os 18% que o Hipercentro representa no volume total de vendas do varejo da capital, de acordo com informações da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH). Segundo a entidade, cerca de 27 mil pedestres passam diariamente pela Caetés. O trajeto da via é outra característica favorável ao seu desenvolvimento econômico: o corredor liga a Praça Rio Branco, defronte à rodoviária, à Rui Barbosa, na estação ferroviária.

A fama de rua comercial começou com imigrantes sírios, libaneses e árabes. Hoje, os pontos de vendas montados pelos estrangeiros são administrados por seus descendentes, como ocorre na Casa Michel, que pertenceu a um libanês e foi comprada em 1950 pelo comerciante Milton Abras, da mesma ascendência. Atualmente, o empreendimento, que vende roupas masculinas e femininas, é conduzido por Rodrigo Abras, filho do ex-proprietário.

O escritor de Itabira tinha carinho especial pela rua, tanto que destacou em uma de suas crônicas que a Caetés era a via “dos bigodes e gritos joviais, de pequeninos arranhacéus e de grandes laranjas amadurecendo em caixotes”. A palavra bigodes é uma homenagem aos estrangeiros que ajudaram na fama do corredor. Já comerciantes negociando caixotes de laranjas no local está cada vez mais raro de ver. Atualmente, apenas seu Nivaldo Bernardes, de 63, desempenha a atividade.

Tradição
Um dos pontos de comércio mais tradicionais de Minas funciona na esquina da Caetés com a São Paulo. A Casa Salles, especializada em armas e artigos para pescaria, foi inaugurada em 1881, antes da fundação de Belo Horizonte (1897).

Linha do tempo
– 1900: Rua dos Caetés se destaca como a principal via econômica da capital. Um dos motivos foi seu traçado “privilegiado”, que liga a Praça Rio Branco (Praça da Estação) à Rui Barbosa (Praça da Rodoviária)
– Década de 1920: Foi num imóvel na Caetés, de propriedade de Agostinho Ranieri, que representantes da colônia italiana se reuniram para fundar a Sociedade Esportiva Palestra Itália, atual Cruzeiro Esporte Clube
– Década de 1930: O trânsito de bondes é intenso no corredor, cujo pavimento era de pedras
– Fim da década de 1990: A Caetés e adjacências são tombadas como patrimônio histórico. O corredor é considerado um museu a céu aberto
– Agosto de 2004: Rua passa por sua maior reforma, com obras na pavimentação, calçadas, iluminação etc. O investimento foi de R$ 1,9 milhão.
Fonte: www.uai.com.br/



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