quinta-feira, 24 de maio de 2012

Januário de Oliveira

“Ele é cruel, muito cruel”. A frase nasceu por acaso e é apenas uma das tantas que marcaram a carreira de Januário de Oliveira. Se a narração de futebol na TV, até hoje, é permeada por bordões, ele é um dos “culpados”. “Cruel”, “sinistro”, “Super Ézio” e “tá lá um corpo estendido no chão” são apenas alguns exemplos das tiradas desse gaúcho de Alegrete. Aos 70 anos e afastado das transmissões desde 1998, ele continua acompanhando o futebol, mas, hoje, por causa do diabetes e a visão bem prejudicada, apenas de casa. Cego do olho direito, ele agora tem dificuldades para enxergar do olho esquerdo. Isso não impede que Januário perca o bom humor: com uma memória afiada, ele relembra os grandes momentos da carreira de sucesso. E emociona.


Em entrevista ao UOL Esporte por telefone, Januário, hoje morador de Goiânia, falou sobre o caminho que o levou ao futebol. Fã da modalidade, ele começou sua trajetória fazendo rádio-novela, em 1963. Foram seis meses como ator antes de pintar uma brecha no esporte, na rádio Cultura de Bagé. Tinha início, ali, quase 40 anos ligados ao mundo da bola. O namoro com o rádio foi até meados dos anos 80, quando foi levado por Sérgio Noronha para a TV Educativa, no Rio de Janeiro. Em 1990, foi para a TV Bandeirantes, emissora na qual trabalhou até 1998, quando a doença o obrigou a se aposentar.


Bordões
"Taí o que você queria, bola rolando…", quando o juiz apitava o início da partida ou do segundo tempo.
"Tá lá um corpo estendido no chão", para o jogador que caía machucado no gramado.
"Super Ézio!", apelido cunhado em homenagem ao artilheiro do Fluminense, Ézio, que atuou na década de 90 pelo clube, falecido em 2011.
"Lá vem Geraldo e Enéas para mais um carreto da tarde", quando os maqueiros do Maracanã, Geraldo e Enéas entravam em campo para retirar um jogador machucado.
"Cruel, muito cruel…", para elogio ao artilheiro após o gol.
"É disso Fulano, é disso que o povo gosta", para o jogador (Fulano) que acabara de estufar as redes.
"Sinistro, muito sinistro…", para falha grave de jogador ou árbitro.
"Eu vi, eu vi…", para algum lance que ninguém viu, somente ele.
"Riririkakakaka, o Juiz despirocou…", para um lance em que o juiz marcou algo de outro mundo
"Olhos nos olhos, se passar fica na boa…", quando um atacante com a posse da bola ficava frente a frente com um defensor.
"Tem cartão? Tem cartão? Não! Cartão de crédito para o jogador Fulano…", quando um jogador cometia uma falta dura e o árbitro não lhe aplicava nenhuma punição.
"Acabou o milho, acabou a pipoca, fim de papo." - Quando o juiz apitava o fim do jogo.
"Vai sair o primeiro carreto da noite" - Quanto um jogador contundido era levado pela maca para fora do campo
"Pinta em cores vivas" - Quando uma chance clara de gol era perdida.
"Quará quá quá" - Quando chegavam-se aos 44 minutos do 1º e do 2º tempo da partida.

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