domingo, 15 de abril de 2012

Adana Kambeba

Atriz do filme Xingu estuda medicina na UFMG, mas continua presa à cultura de seu povo
Uma das principais presenças indígenas no filme Xingu, Adana Kambeba é defensora da cultura indíg

É com uma mochila de rodinhas carregada de garrafas de água, frutas, livros e computador que todo dia a caloura de medicina Danielle Soprano Pereira comparece às aulas. Mas há algo nela que a diferencia dos demais alunos que frequentam o tradicional curso da Universidade Federal de Minas Gerais. Atriz, atualmente em cartaz com Xingu, filme do diretor Cao Hamburger, ela é indígena do povo Kambeba, da Amazônia.

Danielle é nome em português de Adana Kambeba, que sempre faz questão de assinar a lista de chamada com a identidade original. Quem a vê circular pelos corredores da faculdade logo percebe se tratar de uma figura que vive entre dois mundos distintos. A mistura do jeans, a camiseta preta com largos brincos de pena, colares e desenhos no corpo reforçam a presença multicultural.

Antes de Xingu, a única experiência de Adana Kambeba na seara da interpretação foi na minissérie O auto do boi-bumbá, dirigida por Cleber Sanches e veiculada somente em TV local de Manaus. Apesar de ter frequentado curtos de artes cênicas, nunca o fez pensando que um dia pudesse se tornar atriz. Muito menos uma atriz médica.

Preparação
Xingu foi rodado nos estados de Tocantins e Mato Grosso e Adana Kambeba interpretou Kaiulu, a companheira de poucas palavras e muita força de Cláudio Villas Bôas.

Kambeba
Eram conhecidos somente por omágua, que quer dizer ‘povo das águas’. Posteriormente, passaram a ser conhecidos como kambeba devido ao hábito dos antepassados, que habitavam a região do estado do Amazonas, de comprimirem a cabeça das crianças com tala de junco e algodão para que as mesmas, ao crescer, tivessem seus crânios chatos. Adana. Kambeba vem do tupi: akanga é cabeça; e pewa é chata. O povo foi forçado a se espalhar para garantir a sobrevivência. Hoje, os kambebas podem ser encontrados, na Amazônia peruana e na Amazônia brasileira, em localidades como, Manacapuru, Novo Airão e Manaus, terra natal de Adana. De acordo com informações da Funai, há presença dos kambeba no Ceará.

Viva a diferença
Aluna do primeiro período de medicina, Adana ingressou na faculdade em março, por meio do programa de ações afirmativas oferecido pela Comissão de Acesso e Permanência Indígena. Ela conta com boa acolhida de todos. Durante a aula de ciências sociais aplicadas à saúde, na quinta-feira, Adana se manteve atenta à fala do professor Itamar Sardinha. Como o tema era o dilema que as experimentações médicas envolvem, as diferenças culturais e éticas foram discutidas em classe. Os exemplos dos povos indígenas, como os infanticídios cometidos no passado, enriqueceram a troca de experiência entre alunos e professor.
Fonte: www.uai.com.br

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