sexta-feira, 23 de março de 2012

Chico Anysio

Morre no Rio de Janeiro, aos 80 anos, o humorista Chico Anysio

O artista estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, desde o dia 22 de dezembro de 2011, quando apresentou um quadro de hemorragia no aparelho digestivo. Ele teve o problema controlado e chegou a deixar o CTI, mas retornou por causa de uma infecção pulmonar.

Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o Chico Anysio nasceu em Maranguape, no Ceará em 12 de abril de 1931.

Família de artistas
Durante seus mais de 60 anos de carreira, Chico Anysio influenciou diversos humoristas brasileiros com seus famosos personagens caricatos. No entanto, o talento parece ter ficado mesmo no DNA do comediante, que era pai de 07 filhos biológicos sendo que 05 deles estão envolvidos com a arte.

Humoristas são três: Nizo Neto, Lug de Paula e Bruno Mazzeo. Nizo ficou conhecido na TV principalmente pelo seu personagem Ptolomeu, na Escolinha do Professor Raimundo.
Já Lug de Paula viveu o aclamado personagem Seu Boneco na Escolinha. Com o jargão “Eu vou pra galera!”, o comediante é um dos mais lembrados da atração. Outro personagem marcante do ator é o Calunga, servo fiel do Vampiro Bento Carneiro. O personagem também é dono de um bordão conhecido: "É meia-noite em ponto, patrão!".

Bruno Mazzeo é o filho de Chico Anysio mais conhecido atualmente. Responsável pelo programa Cilada, que virou também filme, o comediante ainda foi roterista de atrações como A Diarista e Sai de Baixo. Como ator, participou das novelas Malhação, Pé na Jaca e Beleza Pura. Nos cinemas, além do filme de Cilada, ele participou do filme Muita Calma Nessa Hora.

Além dos filhos biológicos, Chico ainda era pai adotivo do também comediante André Lucas (André Lucas de Oliveira Paula). O ator é conhecido por por interpretar Seu Aranha, o "Puliça", na Escolinha do Professor Raimundo.

Além dos filhos humoristas, Chico Anysio ainda era pai do diretor de imagem Rico Rondelli e do DJ Cícero Chaves. Seus outros dois filhos, Rodrigo e Vitória, não seguiram a carreira artística.

Era tio do ator Marcos Palmeira (Marcos Palmeira de Paula nascido no Rio de Janeiro-RJ, em 19 de agosto de 1963), da atriz e diretora Cininha de Paula (Maria Lupicínia Viana de Paula Gigliotti - nascida no Rio de Janeiro-RJ, em 23 de junho de 1959 e filha de Lupe Gigliottii (Maria Lupicínia Viana de Paula Gigliotti, nascida em Maranguape-CE, em 01 de julho de 1927 e morreu no Rio de Janeiro-RJ, em 19 de dezembro de 2011) tio-avô da atriz Maria Maya (Maria Antônia Gigliotti Campos Maya, nascida no Rio de Janeiro-RJ, em 29 de junho de 1981), filha de Cininha com o ator e diretor Wolf Maia (Walfredo Campos Maya Júnior, nascido em Goiãnia-GO, em 10 de setembro de 1953). Chico era irmão de Zelito Viana (José Viana de Oliveira Paula, nascido em Fortaleza-CE, em 05 de maio de 1938), pai de Marcos Palmeira e Luppi Gigliotti, falecida em 2011.

Casamentos:
Chico Anysio foi casado com Nancy Wanderley (nasceu no Rio de Janeiro-RJ, em 25 de fevereiro de 1927 e morreu em Florianópolis-SC, em 19 de dezembro de 2008), mãe de Lug de Paula (Lug Wanderley de Oliveira Paula, nascido no Rio de Janeiro-RJ, em 1957), Rose Rondelli (Rosemyr Rondelli, nasceu no Rio de Janeiro-RJ, em 1934 e morreu em 01 de janeiro de 2005), mãe de Nizo Neto (Francisco Anízio de Oliveira Paula Neto, nascido no Rio de Janeiro-RJ, em 27 de abril de 1964) e Rico Rondelli), Regina Chaves (Cícero Chaves), Alcione Mazzeo, nascida em Santos-SP, em 27 de maio de 1951 e mãe de Bruno Mazzeo (Bruno Mazzeo de Oliveira Paula, nascido no Rio de Janeiro-RJ, em 03 de maio de 1977), Zélia Cardoso de Melo (Zélia Maria Cardoso de Mello nascida em São Paulo-SP, em 20 de setembro de 1953), mãe de Rodrigo e Vitória e Malga di Paula.

Caçula de oito irmãos, aos 07 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, após a falência da empresa de ônibus da família. Morador do Catete, contrariou a vontade do pai e do irmão mais velho — botafoguenses convictos — e se tornou vascaíno. Sonhava em ser jogador de futebol.

Mas a carreira esportiva logo foi esquecida, quando Chico passou em testes para ser locutor e ator da Rádio Guanabara. Ele ficou em segundo lugar, perdendo apenas para Silvio Santos. Nos anos 50, também trabalhou nas rádios Mayrink Veiga, Clube de Pernambuco e Clube do Brasil. Foi na Mairink Veiga que criou o programa que se tornaria um de seus maiores sucessos, "Escolinha do Professor Raymundo", inicialmente composta por três alunos: Afrânio Rodrigues (o que sabia tudo), João Fernandes (o que não sabia nada) e Zé Trindade (o que embromava o professor).

Sua estréia na TV aconteceu em 1957, na extinta TV Rio, no programa “Aí vem dona Isaura”. Foi lá que o Professor Raimundo teve sua primeira aparição no vídeo, como o tio da protagonista que vinha do Nordeste — até então o programa só havia sido veiculado pelo rádio.

Mas foi na Globo que teve seus programas humorísticos de maior sucesso e onde desenvolveu a maioria de seus personagens. Entre as atrações, destaque para “Chico city” (1973-1980), “Chico total” (1981 e 1996) e “Chico Anysio show” (1982-1990) e "Escolinha do professor Raimundo". Alguns desses personagens quase que se misturam à história da televisão brasileira, como o ator canastrão Alberto Roberto, o pão-duro Gastão Franco, o coronel Pantaleão, o pai-de-santo Véio Zuza, o velhinho ranzinza Popó, o alcoólatra Tavares e sua mulher Biscoito (Zezé Macedo) e o revoltado Jovem.

CRIAÇÕES
Alberto Roberto
O apresentador de talk-show ficou famoso por sua rede de cabelo e os incansáveis “por que?” dirigidos à seus entrevistados. Galvão Bueno, Tony Ramos e Malu Mader foram alguns dos vários famosos que participaram de um tét-a-tét com o apresentador. Alberto Roberto dava dores de cabeça ao preocupado diretor Da Júlia, interpretado pelo ator Lúcio Mauro.

Cheio de si, um dos bordões mais famosos de Alberto é exatamente a declaração "Eu sou um símbalo sescual."

Azambuja
De voz arranhada, Paulo Maurício Azambuja desfilava seu penteado black power e sua ginga de malandro em golpes mirabolantes, sempre atrás de dinheiro fácil. No quadro, Chico dividia os palcos com Wilson Grey, que interpretava Linguiça, parceiro de Azambuja, e sempre arruinava seus planos. “Tô consigo e não abro!" é a frase mais célebre da personagem.

Baiano
Com Paulinho Boca de Profeta, interpretado por Arnaud Rodrigues, Baiano integrava o conjunto Baiano e os novos Caetanos, em homenagem a Caetano Veloso. Com o bordão "Legal… Tô numa boa. Tá sabendo, Paulinho…?", o baiano de Chico abusava de sua fala mansa em discussões filosóficas e paródias musicais.

Bento Carneiro
O vampiro caipira de Chico é uma das personagens mais célebres do humorista. De maquiagem pálida, cabelos brancos e olhos cavernosos, Valdevino Bento Carneiro arrancava risadas do público com seu sotaque caipira e jeito de jeca. Medroso, o Drácula brasileiro não saia de seu castelo sem a companhia do corcunda Calunga, interpretado por seu filho, o ator Lug de Paula. Seus quadros terminavam sempre com a rima "Bento Carneiro, vampiro brasileiro… pfftt!"

Justo Veríssimo
Justo Veríssimo de Santo Cristo era um político que, além de se orgulhar em ser corrupto, não suportava os pobres. Suas frases “Tenho horror a pobre!” e “Quero que pobre se exploda!” acabaram fazendo sucesso nos anos 90 com o personagem Caco Antibes, interpretado por Miguel Falabella em Sai de Baixo.

Professor Raimundo
Dentre as 209 personagens criadas por Chico, não há nenhuma mais célebre e amada do que o Professor Raimundo Nonato Canavieira. Sua popularidade era tanta que humorista transformou o quadro do Chico Anysio Show em programa próprio, intitulado A escolinha do professor Raimundo. O humorístico foi ao ar de 1990 à 1995 e voltou ao ar em 1999, como um quadro no Zorra Total. Com Raimundo Nonato, Chico expunha, de maneira bem humorada, as mazelas vividas pelo magistério brasileiro com o bordão "E o salário, ó!". Outra frase célebre da personagem é "É vapt-vupt!", reutilizada por diversos apresentadores televisivos durante o anúncio dos intervalos comerciais.

Nazareno
O marido fanho e debochado Nazareno Luís do Amor divino ficou famoso por seu bordão "Ca-la-da!”, utilizado quando maltratava sua esposa Sofia, interpretada pelas atrizes Leila Miranda e, posteriormente, Thelma Reston. Ao interpretar a empregada voluptuosa cobiçada por Nazareno, quem deslanchou sua carreira foi a modelo e apresentadora Monique Evans. Para quem sentia pena de Sofia, considerada horrorosa e insuportável pelo marido, Nazareno deixava a dica: "Tá com pena? Leva pra você!".

Haroldo, o hétero
Com o personal trainer Haroldo, o hétero machão, Chico Anysio arrancava as gargalhadas da plateia ao expor as peripécias de um homossexual enrustido, constantemente lembrado de sua “identidade secreta” pela amiga transexual Leon, interpretada por Paulette e, posteriormente, Eduardo Martini. Tentando esconder o disfarce, Haroldo ameaçava mulheres com o bordão "Agora sou hétero. Mordo você todinha!"

Painho
Com Painho de Todos os Santos, Chico assumia a persona e os trejeitos de um pai-de-santo homossexual ao receber suas baianas, sempre ansiosas por receber conselhos de seus búzios.

Profeta
Com o profeta de longas barbas brancas Jesuíno, Chico Anysio quebrava o tom humorístico de seus programas com mensagens filosóficas que levavam o público a pensar. De voz pausada e serena, o Profeta encerrava os programas de Chico, compartilhando um pouco de sua sabedoria com seus fãs. Pensamentos como “É bem melhor, dez por cento de um do que cem por cento de nada”, permeavam o quadro.

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