quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Nuno Leal Maia

Meu Jogo Inesquecível: triunfo do Peixe-63 no rádio de Nuno Leal Maia

Ator, que foi jogador de futebol na vida real e depois na ficção, lembra os petardos do canhoto Pepe nos 4 a 2 da final do Mundial contra o Milan

Realidade e ficção sempre se misturaram no enredo da vida do ator Nuno Leal Maia. Quando jovem, chegou a sonhar com o estrelato no futebol. Tanto que vestiu a camisa do Santos no juvenil e foi companheiro de nada mais nada menos do que Clodoaldo, tricampeão mundial pela Seleção Brasileira em 1970. No entanto, o corpo pesado pelas duras horas de halterofilismo que praticava fazia com que o então lateral-esquerdo fosse facilmente batido na velocidade pelos pontas. A habilidade não foi suficiente para impulsionar a carreira.

Nuno - que esta semana fará participação especial em Ti-ti-ti como o real Victor Valentim, pai de Jacques Leclair - acabou desistindo da bola e foi estudar Comunicação Social na faculdade - mais especificamente, cinema. O tempo passou, e ele escolheu outro palco para brilhar. No currículo do astro de 63 anos, já são 37 filmes, cinco séries e 20 novelas. Numa delas, Vereda tropical, de 1984, voltou aos gramados para interpretar o veterano jogador Bertazzo, que dava conselhos ao ambicioso craque Lucas, interpretado por Mário Gomes.

O bordão "Pelamordedeus, Luquinha", assim mesmo, com o sotaque dos paulistas do bairro do Bexiga, usado sempre para controlar o destempero do protagonista, foi um estrondoso sucesso. Na trama, Lucas brilhou no fim da história no Corinthians. Na vida real, o santista Nuno viveu o auge como torcedor pelas ondas do rádio.

- Ah, o meu jogo inesquecível foi aquele que o Santos venceu o Milan de virada, por 4 a 2, em 1963. Decisão do Mundial de Clubes. Meu pai era fanático, mas não fomos ao Maracanã, ouvimos pelo rádio. Depois, a TV passou o teipe. A vitória foi sensacional. Debaixo de chuva. Essa coisa de virar é que é bacana no futebol. O Pepe marcou dois gols. Foi um jogo pegado pra caramba. Meu pai ficou louco, vibrava muito. O Pelé, machucado, não jogou, entrou o Almir Pernambuquinho no lugar dele. Mas o Pepe é que resolveu o jogo. Ele começou a chutar de longe, acertou dois.. Gostava dele, era canhoto como eu. O Pelé não conta, era o Pelé, quem não gostava dele? Esse era hors-concours. Aquele time era tão bom que não tinha pipoqueiro...

Zito, capitão e líder daquele time - também foi bicampeão mundial pela Seleção Brasileira em 1958 e 1962 -, também foi lembrado por Nuno Leal Maia como um dos grandes nomes do Santos naquele triunfo. O zagueiro Mauro e o atacante Coutinho também fazem parte do Peixe inesquecível que o ator acompanhou por muitos anos na companhia do pai. O despachante aduaneiro Nelson, fanático pelo clube da Vila Belmiro,vibrou como poucos com aquela vitória, que na verdade forçou uma terceira partida decisiva, também no Maracanã - no primeiro jogo, no San Siro, o Rubro-Negro de Milão vencera também por 4 a 2.

A "negra", vencida pelo Santos por 1 a 0, gol de Dalmo, aos 31 minutos do primeiro tempo, no dia 16 de novembro, deu o bicampeonato mundial. Mas há quem ache a vitória por 4 a 2, dois dias antes, mais emocionante. Também, pudera. Depois da derrota em Milão, o Peixe, desfalcado de Pelé, Zito e Calvet, entrou no Maracanã, debaixo de forte chuva, diante de quase 133 mil pagantes, com a obrigação de vencer ao menos por dois gols de diferença. Para piorar a situação, sofreu dois em menos de 20 minutos. O brasileiro Mazzola abriu o placar aos 12, e Mora ampliou aos 17 para o Milan.

A reação só começou no segundo tempo. Pepe, o herói de Nuno, marcou de falta o primeiro logo aos cinco. Almir Pernambuquinho igualou aos 9, e Lima desempatou aos 20. Mas foi também de Pepe o gol salvador, aos 23, que levou a disputa do título para o tira-teima do terceiro jogo. E se o ator vibrou pelas ondas do rádio com esse triunfo marcante, por muitas vezes foi ver o timaço ao vivo a bordo do Fusquinha do pai. Tanto no Pacaembu como em Santos.

Nós fomos àquela partida da Vila Belmiro contra o Peñarol, pela Libertadores de 1962, que terminou a uma hora da madrugada. Os uruguaios venceram por 3 a 2 e houve uma série de problemas. O Sasía, aquele atacante deles, jogou terra na cara do Gilmar (goleiro), que passou a não ver nada. Aí eles fizeram gol. Depois, ganharam a partida. Mas depois vencemos lá e ficamos com o título.

.Apesar de ter acompanhado como poucos a melhor fase do clube, Nuno confessou que nunca foi um torcedor apaixonado. Nascido em Santos, seu primeiro time foi o São Paulo, só para implicar com o pai. Até que, um dia, presenciou o time de Pelé virar uma partida vencida pelo Tricolor Paulista por 2 a 0 para 5 a 2.

- Aí eu vi que estava do lado errado e passei a torcer para o time do meu pai, que era fanático. Depois, atuei num time chamado Grêmio do Apito, que era do Romualdo Arpi Filho, ex-árbitro de futebol. Perdermos a final para o Santos, que me levou junto com o Clodoaldo para lá. Mas eu estava pesado, era lateral-esquerdo, perdia na velocidade para os pontas, desisti .Fui estudar cinema, depois virei ator. Mas não me desliguei do futebol.

O ator acompanha quase todos os jogos da Libertadores: Independiente x Godoy Cruz, Cerro Porteño x Deportivo Táchira e muitos outros. Vê o futebol como boa diversão para todas as horas, seja numa bela tarde de domingo ou nas noites de terça, quarta, quinta...

- Sou Santos, até já fiquei muito de cabeça inchada com derrota, mas gosto de futebol e tenho simpatia por outros clubes - afirmou o ator, que marcou na TV também com o personagem Tony Carrado, na novela "Mandala", quando se referia a Jocasta, personagem vivido por Vera Fischer, como "minha deusa".

O Bangu é um dos clubes preferidos. O ator conta que a simpatia começou quando viu o time de botões do tio. As cores vermelha e branca da camisa listrada o atraíram, bem como as do Náutico. Como nos anos 1990 Nuno viveu experiências como treinador de futebol no Botafogo-PB, no Matsubara, no Londrina e no São Cristõvão, dá para achar suvenirs de alguns clubes nos móveis de seu apartamento, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Mas é o Santos que mais chama a sua atenção.

- Depois da era Pelé, gostei muito daquele time que tinha Pita, João Paulo, Juari, treinado pelo Formiga. O Robinho eu achava pipoqueiro, gostei mais dele na volta ao Santos. Quando ele é o dono do time, rende melhor. O Neymar parte mais para cima, o Ganso é muito bom jogador, vamos ver como vai ser na volta. O Léo é pipoqueiro, atrapalha o jogo, quando o time tem algum jogador que fraqueja, fica inseguro... Mas as chances na Libertadores são boas. Desses times que tenho visto, não tem nenhum ainda que se destaque. O Grêmio parece o mais acertado, o Renato tem experiência em Libertadores - afirmou o ator-boleiro.
Fonte: http://www.glogoesporte.com/

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