quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Transporte Ferroviário

O ferroanel metropolitano: demanda presente e demanda futura
por Éverson Paulo dos Santos Craveiro*

A visão de estadistas (e não de tecnocratas) do passado é que permitiu à cidade de São Paulo ter, bem ou mal, a rede metroferroviária hoje existente.  Fossem eles orientados pela “lógica tecnocrata”, hoje alicerçada no conceito de demanda, e nem isso teríamos.

Não causa estranheza, portanto, o diretor de planejamento da CPTM entender como “provocação” a pergunta da imprensa do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana (base CPTM), sobre a viabilidade de construção de um ferroanel metropolitano de trens de passageiros.

Não há demanda, respondeu irritado o diretor de planejamento.

Talvez não, mas nos dias de hoje. Não sendo estadista, e nem demonstrando vocação para tal, a lógica do planejador seja a ser simplória: se não há passageiros que justifiquem a extensão da rede, não há motivo nem mesmo para pensar sobre a possibilidade.

O que não ocorre ao planejador é que se torna impossível, mais tarde, estender a rede quando as áreas ora vazias forem ocupadas por ruas, casas, prédios, etc.. Quando isso ocorrer em futuro próximo, gerando o que se denomina de adensamento, haverá uma grita por metrô e por monotrilhos, para que o atendimento de transporte seja feito pelos modos mais caros: subterrâneos ou aéreos.

O ferroanel metropolitano, sugerido pela Estrada de Ferro Sorocabana na década de 70, é um projeto de interesse para o presente, mas principalmente para um futuro não muito distante. 
Se, por demanda, fala-se em número de passageiros capaz de gerar renda suficiente para sustentar o projeto no curto prazo, certamente não há demanda. Por outro lado, se pensarmos no custo social produzido pela falta de alternativas de transporte na periferia e entre regiões equidistantes, há, no ferroanel, uma oportunidade única.

Se pensarmos no que representa a existência de um transporte de pessoas sobre trilhos em regiões que podem ser de interesse para empreendimentos residenciais e industriais, a oportunidade também continua sendo única.

Não temos falta de “especialistas”, tecnocratas e “planejadores”, mas de estadistas.
*Éverson Paulo dos Santos Craveiro é vice-presidente do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana
Colaboração: Rogério Centofanti

2 comentários:

Luiz Carlos Martins Pinheiro disse...

Amigo Carlos Ferreira

Uma idéia como esta há de ser submetida, antes de mais nada, a um estudo de viabilidade técica e econômica realizado por equipe de saber incontestável para isto.

Não cabem mais apenas argumentos teóricos por muito ilustres que seja o seu autor e muito menos meros paupites.

Em 70 anos muita coisa se passou no transporte.

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.

Anônimo disse...

Caro Sr. Luiz Carlos Martins Pinheiro. Técnicos existem para viabilizar projetos, e não para tomar decisões de dimensão política e social. A decisão de migrar do modal ferroviário para o modal rodoviário, por exemplo, foi política, e não técnica. Cabe, agora, fazer com que os políticos invertam a tendência e, nessa medida, aos técnicos, o "engenho" de materializar.