sábado, 6 de agosto de 2011

Belo Horizonte-MG

Quando a cidade se chamava Bello Horisonte
A confusão com os nomes perdurou: é possível ver a planta geral com o escrito Bello Horisonte e já na carta de instituição da capital, a grafia do nome aparece com "z"
 
A próxima quinta-feira terá um significado especial para os moradores da capital, mesmo que a maioria nunca tenha se dado conta da importância dessa data. Em 11 de agosto de 1901, portanto há 110 anos, a cidade passava a se chamar oficialmente Belo Horizonte – na grafia antiga, Bello Horisonte –, depois de longo período de polêmicas, disputas e sentimentos exacerbados que a mudança da sede do governo do estado, então em Ouro Preto, e o novo nome de batismo geraram nos meios políticos e no coração da população. A denominação se tornou realidade pela Lei nº 302, de 1º de julho, mas só entrou em vigor 40 dias depois, como era norma naqueles tempos.

Contar a história de BH, inaugurada em 12 de dezembro de 1897, é também apresentar os seus nomes desde os primórdios, quando o bandeirante paulista João Leite da Silva Ortiz (nascido em 1674) recebeu sesmarias, em 1701, e fundou a Fazenda.

Lei de 01º de julho de 1901 sancionada por Silviano Brandão oficializou o novo nome, que já usava a grafia com "z" do Cercado. Dez anos mais tarde, a propriedade se tornava Arraial do Curral del-Rei e, posteriormente (1714), Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del-Rei. Mas, logo em seguida à Proclamação da República (1889), quando João Pinheiro (1860-1908) presidia o estado, foi que surgiu pela primeira vez o nome Belo Horizonte, mais especificamente Arraial de Belo Horizonte.

Na sede do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), vinculado à Fundação Municipal de Cultura (FMC) e com sede no Bairro Floresta, na Região Leste, há fotos, registros e plantas cadastrais que ampliam e jogam muita luz sobre as denominações da cidade. A diretora Maria do Carmo Andrade Gomes, historiadora, conta que, em 1890, já havia aqui um clube republicano. E assim, movido pelo novos ares, o grupo liderado pelo dono de terras José Carlos Vaz de Melo se reuniu com João Pinheiro e pediu a mudança do nome. Entre as sugestões para o arraial, Belo Horizonte e Novo Horizonte – e a primeira entrou em vigor pelo Decreto Estadual nº 36, de 12 de abril de 1890. “Curral del-Rei remetia aos tempos do império, tinha explicitamente o cunho monarquista, numa homenagem ao rei. Então, havia o simbolismo de exorcizar o tempo passado”, analisa Maria do Carmo. Embora com a substituição da toponímia, o arraial continuou distrito da vizinha Sabará. A historiadora destaca que o nome Belo Horizonte estava mesmo relacionado à paisagem, que impressiona a quem chega pela luminosidade, pôr do sol e outros detalhes naturais.

Nova capital
A ideia de mudança da capital existia desde meados do século 19, sendo a região mais indicada o Vale do Rio das Velhas, em especial o Arraial Belo Horizonte, ex-Curral del-Rei. Outros lugares estavam no páreo, como Juiz de Fora, na Zona da Mata, Barbacena, na Região Central, e Várzea do Marçal, em São João del-Rei, no Campo das Vertentes.

A cada dia, aumentava a expectativa dos mineiros e a rixa entre “mudancistas” e “antimudancistas”. No Legislativo, chamado de congresso mineiro, ocorreu uma verdadeira briga de foice, “pois a transferência representava uma nova geopolítica do estado e nova relação de forças entre os grupos oligárquicos mineiros”, diz a diretora do APCBH. Toda a polêmica envolvendo a transferência da capital está presente no livro Ciclones e Macaréus – O parlamento na história de Belo Horizonte, de Guilherme Nunes Avelar Neto. Com 928 páginas e publicada no ano passado, pela Câmara Municipal, a obra traz os debates inflamados envolvendo a questão, fotos e revela os bastidores da mudança da nova capital.

Em 1893, pela Lei nº 3, adicional à Constituição de 7 de setembro daquele ano, o Arraial de Belo Horizonte foi escolhido e, um ano depois, criou-se a Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC), pelo Decreto nº 680, cuja chefia foi confiada ao engenheiro paraense Aarão Reis. Iniciou-se, então, a construção da nova capital de Minas. Curiosamente, a confusão de nomes perdurou por algum tempo. No APCBH, é possível ver a planta geral “da Cidade de Minas sobre a planta geodésica, topographica e cadastral de Bello Horisonte”. O dois nomes estão no mesmo papel. O documento, conforme mostra o chefe do Departamento de Tratamento, Pesquisas e Acesso, Rafael Rajão, é datado de 15 de abril de 1895. Já a Lei nº 302, de 1º de julho de 1901, que retornou com o nome de Belo Horizonte, e cujo original está no Arquivo Público Mineiro, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, foi sancionada pelo então presidente de Minas, Francisco Silviano de Almeida Brandão (1848-1902), na Cidade de Minas.
Fonte: http://www.uai.com.br/

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