sábado, 16 de julho de 2011

Mariana-MG

Mariana comemora aniversário e relembra pioneirismo forjado a ouro
Com origem na riqueza que daria nome ao estado, Mariana, primeira vila e capital, celebra hoje seus 315 anos com o desafio de preservar patrimônio histórico e ordenar crescimento

Neste sábado, 16/07, quando a capital do estado for simbolicamente transferida para Mariana, em comemoração ao Dia de Minas Gerais, uma história de exatos 315 anos virá à tona. O evento joga luz sobre o pioneirismo do município da Região Central que carrega a marca de ser, para os mineiros, a primeira vila, primeira capital, primeira cidade projetada e sede do primeiro bispado. Nascida nos tempos da descoberta do ouro, a antiga Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo amadureceu sob a cobiça dos bandeirantes, foi palco de memoráveis disputas de poder – como a Guerra dos Emboabas, nos idos de 1700 – e se consolidou como tesouro barroco, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Guardiã de riquezas que remetem aos tempos do Brasil colônia, a cidade do século 21 enfrenta agora desafios para preservar a imponente arquitetura e superar problemas de infraestrutura urbana.

Reluzentes pepitas de ouro encontradas num ribeirão, em 16 de julho de 1696 – Dia de Nossa Senhora do Carmo –, por bandeirantes paulistas são o ponto de partida dessa história. Chefiados por Salvador Fernandes Furtado de Mendonça, os homens que partiram da Capitania de São Paulo em busca de riqueza fundaram ali, às margens do curso d’água, o arraial batizado com o nome da santa. Pouco anos depois, ao lado do vizinho arraial de Tripuí (mais tarde Vila Rica e, hoje, Ouro Preto), o povoado assumiu a função estratégica no jogo de poder determinado pelo ouro. Com uma população que, somados os dois arraiais, superava a de todo o Brasil, a região passou a ser vista com ressalvas pela Coroa, que, sem autoridades constituídas no local, tinha dificuldades de controlar a ordem e extração de metais.

O cenário de disputas pelo ouro e pelo poder culminou com a Guerra dos Emboabas. Os paulistas, descobridores das minas, se viram ameaçados por um grupo formado por portugueses, baianos e pernambucanos apelidados emboabas (ou também reinóis e forasteiros), que chegaram em massa, invadindo a área e revoltando os pioneiros. O conflito, que foi acima de tudo político, em torno dos principais cargos e postos da administração, levou a embates armados e à escolha, em 1707, do emboaba Nunes Viana para governador, à revelia da Coroa. Para apaziguar os ânimos e retomar o controle da região, a Corte enviou a Minas, em 1709, o português Antônio de Albuquerque.

Em 8 de abril de 1711, o administrador colonial eleva o arraial à condição de vila, batizada de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo de Albuquerque. Primeira vila da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, lá foi estabelecida também a primeira capital. Em 4 de julho do mesmo ano, a Câmara é instituída na Praça de Minas, em frente às igrejas de São Francisco e do Carmo, onde ocorrer as primeiras eleições. Em 1745, por ordem do rei de Portugal dom João V, a região se transforma em cidade e é nomeada Mariana, em homenagem à rainha Maria Ana D’Austria, mulher dele. No mesmo ano, o rei lusitano pede ao papa Bento XIV a criação da Diocese de Mariana, sendo nomeado o bispo dom Frei Manoel da Cruz.

Impulsionada pelos ares do desenvolvimento, Mariana ganha um projeto urbanístico e passa a ser a primeira cidade projetada de Minas. O engenheiro militar José Fernandes Pinto de Alpoim e o construtor José Pereira Arouca fazem o traçado do que hoje é o Centro Histórico. "A então vila de Mariana ficou num cantinho da região, atualmente ocupado pelo Bairro Santo Antônio. O rei mandou traçar ruas em linha reta e praças retangulares, características marcantes da cidade, e ordenou a construção da catedral", explica o presidente da Casa de Cultura e da Academia Marianense de Letras e diretor-executivo da Fundação Cultural da Arquidiocese de Mariana, Roque Camêllo.
Fonte: http://www.uai.com.br/

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