terça-feira, 12 de abril de 2011

Rojas, o ilusionista

por Ricardo Brandau*
No dia 03 de Setembro de 1989, Brasil e Chile disputavam no Maracanã uma tensa partida para decidir quem se classificaria para a Copa do Mundo da Itália, no ano seguinte. O clima de nervosismo se devia ao fato de que no jogo de Santiago havia sido incidentado, com os chilenos só conseguindo o empate no final do jogo em um suposto sobrepasso de Taffarel, que foi cobrado muito rapidamente.

No Rio de Janeiro, o Brasil impunha sua superioridade e vencia por 1 a 0 quando, aos 24 minutos do segundo tempo, um foguete sinalizador atinge o gramado próximo ao goleiro chileno Rojas, que atuava pelo São Paulo. Imediatamente, ele cai, é cercado e está sangrando. Após muita polêmica, o Chile se recusa a continuar a partida, alegando falta de segurança.

Após análise do vídeo do jogo por especialistas, ficou evidenciado que Rojas não fora ferido pelo projétil, mas sim por um objeto cortante. De início, ele negou que tivesse se auto-mutilado, mas após certo tempo confessou a farsa. O chileno escondeu uma lâmina dentro da luva e aproveitou o estouro do sinalizador para se cortar. Foi banido do futebol pela Fifa. Punição revertida, em 2001, para dois anos de suspensão, mas ele já havia pendurado as luvas.

O episódio, obviamente, marcou a carreira e mascarou as qualidades do chileno. Com 1,80 m, ganhou o apelido de “Condor” por causa de sua incrível agilidade e reflexos, fazendo “pontes” espetaculares. Nascido em Santiago no dia 08 de Agosto de 1957, Roberto Rojas Saavedra iniciou sua carreira no pequeno Aviación, em 1976. Transferiu-se em 1983 para o Colo-Colo, onde ficou até 1987, indo para o São Paulo após uma brilhante performance na Copa América daquele ano, quando o Chile foi finalista da competição.

A atitude impensada abreviou a sua carreira, mas o São Paulo não abandonou seu atleta e ele foi contratado como treinador de goleiros. Treinou nada menos que o maior ídolo tricolor das últimas décadas: Rogério Ceni. Assumiu o comando do time em 2003, após a queda de Oswaldo de Oliveira e fez uma boa campanha no Brasileirão daquele ano, conseguindo uma vaga na Libertadores.

Atualmente, Rojas mora com a família em São Paulo. Já foi trinador do Ituiutaba e treinador de goleiro do Sport Recife. Na última campanha presidencial, o episódio do Maracanã foi lembrado pelo então presidente Lula quando o candidato José Serra teria fingido um mal-estar após ser atingido por uma bolinha de papel.
*Ricardo Brandau é jornalista e historiador
Fonte: http://www.papodebola.com.br/

CONSIDERAÇÕES:
Natural de São Gonçalo e morando em Araruama, depois de ter residido em Brasília, Rosenery Mello do Nascimento Barcelos da Silva, a "Fogueteira", foi a causadora do episódio, por lançar um rojão na direção do goleiro, teve os seus quinze minutos de fama e chegou a ser capa da Playboy.

Brasil: 1 - Taffarel [Internacional], 2 - Jorginho [Bayer Leverkusen] e 5 - Branco [Porto]; 3 - Aldair [Benfica], 4 - Mauro Galvão [Botafogo] e 6 - Ricardo Gomes [Benfica]; 8 - Dunga [Fiorentina], 10 - Silas [Sporting] e 11 - Valdo II [Benfica]; 7 - Bebeto [Vasco] e 9 - Careca [Napoli]. Técnico: Sebastião Lazaroni.

Chile: Roberto Rojas, P. Reyes (I. Basay), F. Astengo, H.Gonzalez, H. Puebla - A. Hisis, J. Pizarro, J. Vera, J. Aravena - P. Yanez, J. C. Letelier. Técnico: Orlando Aravena
Árbitro: Juan Lostau (Argentina)Gol: Careca (Brasil) aos 04 minutos do segundo tempo.
Cartões Amarelos: Mauro Galvão (Brasil) e H. Puebla e A. Hisis (Chile).

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