segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Estrada União e Indústria

Primeira rodovia pavimentada do Brasil, completa 150 anos
Pouca gente sabe, mas um capítulo importante da história de Minas Gerais completa 150 anos em 2011. Trata-se da construção da primeira rodovia pavimentada do país, inaugurada por dom Pedro II (1825-1891), em 1861, para ligar Santo Antônio do Paraibuna, hoje Juiz de Fora, na Zona da Mata, a Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, cidade eleita pelos intelectuais da época como a mais charmosa da nação. A Estrada de Rodagem União e Indústria – embrião da BR-040 – alavancou o desenvolvimento socioeconômico do estado que mais cedeu toneladas de ouro para financiar as regalias da coroa portuguesa e se tornou um marco da engenharia da América Latina, pois foi o primeiro corredor do Brasil Império a usar a então melhor tecnologia do mundo.

A estrada, de 144 quilômetros de extensão por 8 metros de largura, foi construída sobre parte do chamado Caminho Novo da Estrada Real, que ligava a Baía de Guanabara, no Rio, a Vila Rica, atual Ouro Preto. Todo dinheiro usado na maior novidade da época foi levantado pelo visionário Mariano Procópio Ferreira Lage (1821-1872), que conseguiu do imperador autorização para construir a rodovia e explorá-la por 50 anos. Mineiro de Barbacena, ele cobrava 50 réis por pessoa, 480 réis por montaria, 400 réis por escravo novo e outros tantos réis cujo preço oscilava de acordo com o peso do produto transportado pelo proprietário.

A primeira estrada pavimentada do Brasil, portanto, também foi a primeira concedida à administração da iniciativa privada. A União e Indústria melhorou a vida dos usuários e ajudou no desenvolvimento de Minas, pois foi essencial para escoar a produção agrícola do estado até os portos do Rio, gerar emprego em pleno período escravocrata – é importante ressaltar que o decreto que autorizou a construção da estrada proibiu o uso de mão de obra escrava – e atrair pesados investimentos à Zona da Mata, como a Usina Hidroelétrica de Marmelos, a primeira da América do Sul, a cerca de 10 quilômetros de Juiz de Fora.

Inaugurado em 1889, num terreno entre a União e Indústria e a margem direita do Rio Paraibuna, o empreendimento passou a fornecer iluminação privada às empresas da principal cidade da Zona da Mata, até então alimentada a gás. O progresso levou o município a ser chamado de Manchester Mineira, numa alusão ao progresso. A rodovia atraiu ainda muitos imigrantes, principalmente os alemães, que fincaram raízes na divisa dos dois estados.

CONFORTO
Documentos antigos comprovam o sucesso e o progresso gerados pela União e Indústria, que permitiu aos usuários uma viagem mais confortável e rápida em relação aos padrões daquela época. O percurso entre as duas cidades era feito em 12 horas, principalmente em carruagens que se locomoviam a 20 km/h, uma velocidade média considerada excelente no Brasil Império.

As carruagens iam e vinham sobre uma técnica conhecida como macadame: naquela época não existia asfalto. O macadame, técnica criada pelo escocês John Loudon MacAdam (1756-1836), remove a matéria orgânica (mato, árvore e até parte da terra) do caminho a ser pavimentado. Em seguida, é feita uma base com pedras, dispostas em várias camadas e compactadas até que alcancem uma espessura em torno dos 20 centímetros. Um dos benefícios da melhor tecnologia daquela época foi facilitar a vazão das águas da chuva, evitando o atoleiro. Todo o processo era feito à mão.

Depois de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das duas províncias, a União e Indústria foi vencida, no fim do século 18, pela expansão da linha férrea. Logo vieram os automóveis. Em 1957, o então presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) inaugurou a BR-3, ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. No trecho entre Petrópolis e Juiz de Fora, boa parte da nova rodovia foi construída sobre o traçado da União e Indústria. Já na década de 1980, a BR-040 absorveu a maior parte da BR-3. Hoje, o atual trecho entre Juiz de Fora e Petrópolis é considerado um dos melhores do país e foi concedido à iniciativa privada, tal qual seu embrião, a União e Indústria.
Fonte: www.uai.com.br

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