terça-feira, 31 de agosto de 2010

América Futebol Clube - 12/04/1914

Voltei!
Para matar a saudade do Mequinha
De volta à elite do Pernambucano, o América deve estrear na competição, em 2012, fazendo o Clássico dos Campeões

por Cassio Zirpoli - Diario de Pernambuco

Abertura do Campeonato Pernambucano de 2011, Ilha Retiro. Logo na primeira rodada, um clássico do futebol do estado. O Clássico dos Campeões. Não conhece? De fato, muita gente nunca ouviu falar e outros tantos já não lembram mais. Mas o duelo existe mesmo e finalmente será reeditado, com uma grande dose de saudosimo. Sport x América e a sua história de 286 capítulos. O visitante é aquele mesmo simpático e tradicional Alviverde, conhecido como Mequinha, apontado como o "segundo time de todos os pernambucanos" e que ficou 15 longos anos longe da elite.

Um campeão esquecido, mesmo com as suas seis taças do Estadual. Há um bom tempo, o América vinha jogando nas entranhas de Pernambuco, sempre ameaçado pelo fantasma da extinção. Na última vez em que enfrentou os três grandes do Reife, em 1995, foi goleado por todos, já numa era decadente. No entanto, o temor de sumir do mapa sempre foi afastado por fiéis e abnegados torcedores americanos, a maioria formada pela velha guarda, mas que mantiveram o "Campeão do Centenário" vivo.

Vivo e revigorado, após um acesso incrível no domingo, quando o time precisava vencer o Chã Grande fora de casa por 4 x 1 e conseguiu o placar. Um resultado que mereceu os parabéns até dos velhos rivais. Com o justo sabor da vitória após uma campanha sólida na Série A2 (com 9 vitórias em 18 jogos e 55,5% dos pontos conquistados), os dirigentes já articulam novos planos, conscientes de que é preciso sacudir a tradição do América Futebol Clube para que a agremiação não se torne um iô-iô local, com acessos e rebaixamentos seguidos.

Sondado há anos para negociar a valorizada sede da Estrada do Arraial, fundada em 1951, o clube começa a encaminhar um acordo, com uma venda casada, trocando o local por um um centro de treinamento com três campos e um estádio para 5 mil pessoas na região metropolitana, com um orçamento próximo a R$ 1 milhão. A diretoria não confirma o novo destino, mas admite que as negociações estão avançadas. Seria um marco para o clube, quejá jogou em Timbaúba, Jabotão, Ipojuca, Bonito, Vicência e Goiana.

Chegando na sede o tom verde já dá as caras ao imóvel que hoje abriga um colégio particular, que arrenda grande parte da área. Uma única sala mantém a história do clube, com duas estantes com todos os troféus e uma mesa com ótimo acabamento, pertencente ao Conselho Deliberativo. Espaço pequeno, mas limpo e organizado, sob os cuidados de Teófilo Sérgio da Silva, de 87 anos e americano legítimo. Nada de segundo time!

"Me perguntam sempre se também sou torcedor de Sport, Santa Cruz ou Náutico. Eu sou América, que era grande também. Agora, quando o América jogar contra esses times no Recife, vou voltar aos jogos", diz Teófilo, que guardou uma bola utilizada pelo clube em julho de 1995, da marca Top-Life, durante a última participação do Mequinha na elite estadual. Mal sabia ele que a bola se tornaria uma relíquia.

"Guardei essa bola na minha casa (ao lado da sede). Guardo qualquer coisa do América. Camisa, chapéu, chaveiro, o que for. Eu amo essetime", afirma o aposentado, que nasceu em Palmares e chegou na capital aos 13 anos de idade. No Recife, ainda acompanhou - apesar de não se lembrar dos detalhes - o título pernambucano do clube em 1944.

Em meio aos estudantes do NAP durante o recreio, o torcedor demonstra orgulho ao apresentar a sede, onde guarda todas as carteiras de jogadores profissionais do clube (desde a década de 60), além de fotos das últimas décadas. "Só eu sei o que passei nesse tempo todo com o América perdendo de todo mundo, e até sem jogar. Agora é só parabéns ao América (pelo acesso). Só não chega dinheiro", brincou Teófilo, pai de 26 filhos, dos quais apenas um virou torcedor do clube.

Histórico
América Futebol Clube
Fundação: 12 de abril de 1914
Mascote: periquito
Sede: Estrada do Arrail, Casa Amarela
Mando de campo: estádio Ademir Cunha, em Paulista
Campanha no vice da Série A2 do Estadual: 09 vitórias, 03 empates, 06 derrotas, 33 gols a favor e 25 gols sofridos.

Conquistas:
06 campeonatos pernambucanos: 1918, 1919, 1921, 1922, 1927 e 1944
09 vice-campeonatos estaduais: 1923, 1924, 1930, 1941, 1945, 1947, 1948, 1950 e 1952
11 títulos do Torneio Início: 1921, 1930, 1931, 1934, 1936, 1938, 1941, 1943, 1955, 1967 e 1970
77 participações no Pernambucano
04 participações no Brasileiro da Série B: 1972, 1981, 1989 e 1991
01 participação no Brasileiro da Série C: 1990

América x Sport
(Clássico dos Campeões)

286 jogos
191 vitórias do Sport
42 empates
51 vitórias do América
02 jogos com resultado desconhecido
Primeiro jogo: Sport 2 x 3 América (09/04/1916, British Club)
Último jogo: Sport 4 x 0 América (11/06/1995, Carneirão)

América x Náutico
(Clássico da Técnica e da Disciplina)

292 jogos
183 vitórias do Náutico
56 empates
53 vitórias do América
Primeiro jogo: Náutico 0 x 6 América (15/08/1916, British Club)
Último jogo: Náutico 5 x 0 América (05/07/1995, Aflitos)

América x Santa Cruz
(Clássico da Amizade)

309 jogos
191 vitórias Santa Cruz
54 empates 63 vitórias do América
01 jogo com resultado desconhecido
Primeiro jogo: Santa Cruz 4 x 0 América (10/10/1915, Campina do Derby)
Último jogo: Santa Cruz 6 x 0 América (18/06/1995, Jefferson de Freitas)
Fonte: pesquisador Carlos Celso Cordeiro

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