quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Natanael Eloy do Amaral

por Geraldo Muanis* 
Como repórter de Política, durante alguns anos fiz a cobertura do que acontecia na Câmara Municipal e na Prefeitura. No Palácio Barbosa Lima, testemunhei e escrevi sobre várias sessões que se assemelhavam à Escolinha do Professor Raimundo. Eram os anos da Administração “Do Povo para o Povo” (sic). No Paço Municipal, o radialista Alberto Bejani cumpria seu primeiro mandato, com sede ainda na esquina da Avenida Rio Branco, onde hoje está a Funalfa. De lá, estendia suas ordens para a Tropa de Choque no Legislativo e só faltava erguer uma ponte unindo as duas Casas. Quem fazia oposição? O Bloco Progressista começou com sete vereadores: Leopoldo Tristão, Natanael do Amaral, Wilson Novaes, Cidinha Louzada, João de Deus, Marcos Pinto e Luiz Sefair. Com o andar da carruagem, jogo de pressões e interesses, no final restaram apenas quatro. Cidinha, Novaes, Leopoldo e Nata. Que, conforme já era esperado, não conseguiram a reeleição. Sempre foram perseguidos e tiveram suas propostas e emendas rejeitadas. Ou seja, se você não está com a onça, está fora do processo. Retrato fiel da política brasileira, pagaram o preço pela oposição sistemática que faziam acerca dos desmandos da administração bejani e de suas teias que chegavam à Câmara. Desde aquela época se falava nos “sinais de enriquecimento ilícito” do prefeito. Ninguém poderia imaginar que, anos mais tarde, haveria uma “Operação Pasárgada”. Se alguns se quedaram no silêncio e na omissão, ou até mesmo nos desvios de conduta, havia aqueles que ainda preservaram os princípios e honraram a nobre causa que juraram defender na “Casa do Povo”, logo após terem sido ungidos pelo voto popular. Natanael do Amaral foi um destes vereadores. Discriminado ainda mais, por não ter a cultura dos bancos universitários, e também por ser negro, da mesma forma que Wilson Novaes assim o foi. Aquela foi uma das piores e mais funestas Câmaras que Juiz de Fora já teve. Tão incoerente que, quando a administração bejani sucumbia na incompetência, no final de seu mandato os aliados de primeira hora fugiram como ratos no navio a fazer água. Todavia, podia se detectar honradez e vontade de servir ao povo, não aos próprios bolsos. Os anos se passaram e Natanael não conseguiu retornar à Câmara, assim como Novaes. Nata manteve seus princípios e sua coerência. Não se transformou em camaleão político para sobreviver. Parafraseando Saramago, “apesar do naufrágio das ilusões, ainda há tempo para salvar os princípios”. Descanse em paz, Nata. 
*Geraldo Muanis é jornalista e escritor
Fonte: www.jfhoje.com.br 

CONSIDERAÇÕES:
O vereador Natanael entrou e saiu da câmara usando chinelo, ou seja, não se enriqueceu. Hoje é diferente, ex-vereadores, mesmo não tendo formação e emprego compatíveis, desfilam de carros importados. Natanael foi vítima de racismo, que hoje dá cadeia, por um mandatário que pela desgraça da cidade ocupava indevidamente um cargo de relevãncia, com a infeliz frase: 
'"O VEREADOR NATANAEL DEVERIA PEGAR UM CACHO DE BANANA E SUBIR EM UMA ÁRVORE DO PARQUE HALFELD". 
Coisa suja, nojenta, atitude de gente mesquinha, pequena. Quanto aos legisladores, foi um horror, tivemos o episódio que ficou conhecido nacionalmente como o "HOMEM QUE FEZ XIXI NA CÃMARA". Lamentáveis fatos de triste memória!

2 comentários:

Eduardo Bikin disse...

Que o sonho de uma sociedade igualitária,não parta junto com a bela alma do saudoso companheiro, e que não se perca ao olhar dos que descançam em berço explendido e nada fazem.

Eduardo Bikin disse...

Que o sonho de uma sociedade igualitária,não parta junto com a bela alma do saudoso companheiro, e que não se perca ao olhar dos que descançam em berço explendido e nada fazem.