terça-feira, 1 de setembro de 2009

Série D, o Monstro

Marco Antonio Campos* É incrível como no futebol nossos dirigentes conseguem complicar o que é simples. A Série D poderia ter sido como a Série C. Mesma fórmula de disputa e classificações. São 39 times porque o Acre abdicou de participar. Bastaria dividir todos eles em sete grupos de cinco times e um de quatro, onde os dois primeiros de cada grupo se classificariam para as oitavas-de-final e daí em diante seguiria o sistema de mata-mata até chegarmos aos dois finalistas e ao campeão. Preferiram dividir em 10 grupos de quatro times. Talvez para reduzir o número de viagens de equipes que não têm muitos recursos. Criou-se então um regulamento maluco. Cada grupo classificou duas equipes o que deu um total de 20 times nas oitavas-de-final. O mata-mata eliminou a metade. Sobraram, portanto, 10 times que continuam jogando em pares. E, por incrível que pareça, nenhum paulista sobreviveu. Acontece que, quando eliminados os perdedores, chegamos a um número ímpar. Sobrarão cinco times. Como precisam de mais, um múltiplo de quatro, tiveram a brilhante ideia de classificarem também as três melhores campanhas entre os perdedores. Ou seja, a CBF inventou o mata-mata com reencarnação. É tão absurdo isso que Tupi ou Macaé podem seguir na disputa com apenas um ponto ganho. O que será motivo de piadas em Portugal e no restante do mundo. Sim, isto é bem possível porque entre eles aconteceu o único empate da terceira fase. Chapecoense (SC), Sergipe (SE), Uberaba (MG) e São Raimundo (PA) venceram seus jogos contra Araguaia (MT), Londrina (PR), Alecrim (RN) e Cristal (AP) respectivamente. Caso vençam de novo nos jogos de volta, conquistarão suas vagas com seis pontos e deixarão os adversários com zero. Isso significa que o vencedor do confronto entre Macaé e Tupi fica com a quinta vaga e o perdedor reencarna com apenas um ponto. Pior ainda, se o mesmo caso acima acontecer e Macaé e Tupi empatarem em 1x1, como no jogo de ida, haverá uma disputa de pênaltis que só vai servir para indicar quem levou a quinta vaga e quem ficou com a primeira da repescagem. Na prática, serão dois times disputando pênaltis sem necessidade porque ambos já estarão classificados. Entendo, que é preciso saber quem enfrenta quem na fase seguinte. Mesmo assim a disputa de pênaltis não serve para nada. Tanto Macaé quanto Tupi terão dois pontos ganhos e seus adversários seis. Suas campanhas serão inferiores não importa qual seja o resultado dos pênaltis. Mas ainda faltam duas vagas, certo? Elas serão dadas às equipes que perderem duas vezes, mas não de forma muito feia. Aproveitando a graça disso, cabe uma comparação. Quem morrer de morte natural, ressuscita. Quem morrer de uma morte trágica, fica morto mesmo. Seria como se quem morresse de velhice tivesse uma outra chance e aquele que fosse vítima de um terremoto não fosse agraciado com a mesma sorte. É hilário! Se vocês pensam que acabou, ainda tem mais. Caso o time que se classificou com zero ou com um ponto, nesta terceira fase, seguir vencendo na competição, será o campeão. Já pensaram? Um campeão que, em dado momento do campeonato, foi eliminado mas não muito. Se isso ocorrer, eu quero ver a CBF explicar o batom na cueca e o inventor da fórmula de disputa assumir que foi ele quem pariu o monstro. *Marco Antonio Campos é Locutor Esportivo

4 comentários:

Anônimo disse...

Este artigo esta totalmente equivocado e mostra o desconhecimento do autor acerca do regulamento da serie D.
Os tres melhores perdedores serao escolhidos considerando a campanha de todo o campeonato e nao apenas da terceira fase como sugere o autor.
Apenas para exemplificar o tupi, dependendo de outros resultados (dois empates em qualquer uma das outras 4 partidas) estará classificado mesmo perdendo para o macaé por goleada ...
Leia o regulamento antes de tirar conclusões equivocas
Juarez / Juiz de Fora

Anônimo disse...

Ao amigo Juarez.

Grato pela sua observação. Apenas não vejo em que o fato de usar a campanha em toda a competição modifica o que eu escrevi. Vejamos os pontos principais do meu texto.

1. Continua um time podendo se classificar com zero ponto nesta terceira fase ou com apenas um.
2. Continua havendo uma disputa de pênaltis desnecessária entre Macaé e Tupi se o placar final for de 1x1 e houver, como você mesmo disse, dois empates nas outras quatro partidas. Ou, se como eu disse, os mesmos que venceram nos jogos de ida vencerem nos jogos de volta.
3. Esta mesma disputa de pênaltis, caso uma das opções do item 2 ocorra, vai acontecer para apontar o quinto classificado direto e aquele que ficará com uma das três vagas da repescagem. Mesmo estando os dois classificados.
4. Continua havendo a possibilidade de um time que perdeu duas vezes nesta terceira fase terminar como campeão.

Finalizando: ainda não sei onde foi que você entendeu que eu “sugeri” que as três melhores campanhas entre os perdedores serão escolhidas apenas considerando a terceira fase. Eu não disse isto em momento algum. Eu “afirmei” e não sugeri, que há um mata-mata em que três “mortos” ressuscitarão. Esta é a ideia principal da matéria e não se este ou aquele time merece avançar ou não pelo desempenho na competição. E convenhamos, um time que perde duas partidas numa etapa eliminatória de qualquer campeonato com regulamento descente, não pode permanecer na disputa. Menos ainda pode estar apto a ser campeão. A fórmula criada para a Série D permite este disparate. O que, na minha modesta opinião, é um absurdo idiota.

Abraços.

Marco Antonio Campos

Anônimo disse...

Acho que vamos ser salvos por este regulamento maluco.
Ozanan/JF/torc.do Tupi e só..

Anônimo disse...

Desculpe Marco, li sua explicação e ao reler o seu artigo percebi que eu estava equivocado... é isso mesmo que vc falou...
agora so nos resta torcer para o tupi arrancar um empate em campos (com 17 pts nao depende de ninguem)
ou na pior das hipoteses que dois dos outros 4 jogos terminem empatado, aí o tupi poderá perder até de goleada do macaé..
Abraços e desculpe pelas conclusões equivocadas...
Juarez