terça-feira, 25 de agosto de 2009

História da Taça Minas

Wagner Augusto Álvares de Freitas* Criada em 1973 com o intuito de ser uma competição similar à glamourosa Taça Guanabara, a Taça Minas teve vários status ao longo da sua trajetória. No começo, era um torneio que mobilizava multidões, haja vista que na decisão de 1976 o público pagante na vitória do Atlético sobre o Cruzeiro - por 2x1, na prorrogação - foi de 101.404, recorde absoluto de todos os tempos. A histórica desorganização da Federação Mineira de Futebol, porém, tratou de minar a Taça Minas que só voltou a despertar a atenção dos clubes a partir de 2003, quando passou a valer ao campeão uma vaga na Copa do Brasil. Em 1973, 1975, 1976, 1999 e 2000, a Taça Minas Gerais valeu como uma etapa preliminar do Campeonato Mineiro, classificando os melhores colocados para o certame estadual. Em 1977, 1980, 1981 e seguidamente desde 2003, o torneio é disputado à parte do Campeonato Mineiro, sem qualquer implicação para o mesmo. Em 1979 e 1982, a Taça Minas Gerais foi equivalente à Primeira Fase do Mineiro, contemplando o seu campeão com um ponto extra para a etapa decisiva. Em 1983, o troféu foi equivalente ao Segundo Turno da Primeira Fase do Campeonato Mineiro. E, finalmente, em 1984, 1985 e 1986, a Taça Minas Gerais foi colocada em disputa no Primeiro Turno da Primeira Fase do Mineiro. Desnecessário frisar que nos demais anos a Taça não foi disputada por absoluta incompetência da FMF. Não seria muito mais lógico determinar uma padronização para que em cada ano a Taça Minas Gerais seja colocada em disputa na Primeira Fase do Campeonato Mineiro? A Taça Guanabara criou raízes no Rio de Janeiro exatamente por ficar com o vencedor do Primeiro Turno do Campeonato Carioca. ANO - CAMPEÃO - VICE 1973 - Cruzeiro - Atlético 1974 - Não houve a competição 1975 - Atlético - Cruzeiro (1) 1976 - Atlético - Cruzeiro 1977 - Villa Nova - América 1978 - Não houve a competição 1979 - Atlético - Cruzeiro 1980 - Uberaba - América (2) 1981 - Democrata-GV - Uberlândia 1982 - Cruzeiro- Atlético 1983 - Cruzeiro - Atlético 1984 - Cruzeiro - América (3) 1985 - Cruzeiro - Atlético 1986 - Atlético - Uberlândia 1987 a 1998 - Não houve a competição 1999 - URT - Democrata-GV 2000- URT - Ipatinga 2001 e 2002 - Não houve a competição 2003 - Uberlândia - Araxá 2004 - Ipatinga - Democrata-GV 2005 - América- Caldense 2006 - Villa Nova - Uberaba 2007 - Ituiutaba - Tupi 2008 - Tupi - América Estatística das conquistas Cruzeiro - 05 Atlético - 04 Villa Nova e URT - 02 América, Uberaba, Democrata-GV, Uberlândia, Ipatinga, Ituiutaba e Tupi – 01 OBS. 1 - O Cruzeiro foi punido pela Justiça Desportiva por escalar o lateral-direito Luís Fábio nos jogos contra Fluminense de Araguari e União Tijucana, válidos pela Taça Minas Gerais. Foi o primeiro caso de “gato” no futebol mineiro a vir à tona, e por isso o imbróglio ficou famoso. Luís Fábio, na verdade, se chamava Ananias, e a documentação foi fraudada para diminuir em três anos sua idade. O Luís Fábio verdadeiro era amigo de infância de Ananias e os dois, que eram também vizinhos no Bairro Cardoso, em Belo Horizonte, foram fazer um teste no Cruzeiro em 1967. Ananias foi aprovado, e o colega, não. No entanto, Ananias já tinha estourado a idade e por isso teve a sua documentação trocada pela de Luís Fábio, que era mais jovem. Com isso, Ananias pôde dar seqüência à carreira na base do Cruzeiro até ser profissionalizado. O jogador disputou o Campeonato Mineiro de 1970 pelo Atlético de Três Corações e voltou ao Cruzeiro, jogando normalmente até que a mutreta fosse descoberta. O Cruzeiro, então, perdeu a vaga na decisão da Taça Minas Gerais para o União Tijucana, de Ituiutaba, que fez a Final contra o Atlético, perdendo os dois jogos. Posteriormente, o Cruzeiro recorreu da decisão e conseguiu reverter o panorama nos tribunais. A FMF remarcou a decisão da Taça Minas Gerais entre Atlético e Cruzeiro para janeiro de 1976. O Galo voltou a vencer os dois jogos por 2x1 e sagrou-se campeão novamente. Ninguém foi punido no caso Ananias, que seguiu em frente na carreira, depois de uma leve suspensão, jogando até no América-MG posteriormente. OBS. 2 - Outra lambança dos dirigentes da FMF: as partidas da Final foram marcadas sem o diálogo com o Uberaba, que não concordou com as datas e os mandos de campo, considerando que o regulamento da competição era omisso em relação a isso. O time do Triângulo Mineiro não compareceu às partidas, e o América foi declarado campeão da Taça Minas Gerais. O Uberaba recorreu da decisão e conseguiu reverter o quadro no tapetão. A Justiça Desportiva determinou a realização de novos jogos, e já em 1981, dentro de campo, o Zebu superou o Coelho e ficou com o título. OBS. 3 - O Cruzeiro ficou com a posse definitiva do troféu, após conquistar a Taça Minas Gerais pela terceira vez consecutiva. O regulamento que criou o torneio previa que a posse definitiva do laurel ficaria com o clube que o vencesse por cinco vezes alternadas ou três consecutivas. Wagner Augusto Álvares de Freitas é Jornalista e Escritor

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