quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sarney e a crise do Senado

Ataíde Lemos*
A história sempre se repete com o político; primeiramente surge a denúncia, aí então, o denunciado diz que é inocente, faz seus longos discursos no plenário declarando que forças ocultas querem destruí-lo. Surge o discurso do golpe e um monte de blá, blá, blá... Com o passar do tempo as denúncias vão ganhando consistência e veracidade, então o denunciado diz que não se licencia, não sai do cargo, etc. Por fim, com a clarividência dos fatos e o denunciado já temendo a possibilidade de ser caçado, acaba abrindo mão seja do mandato ou do cargo que ocupa. Este é o filme que assistimos mais uma vez se repetir com José Sarney.
Para o cidadão comum, normal e que ainda está com suas faculdades mentais normais, não há mais como Sarney permanecer no cargo. Contra ele há dezoito denúncias de irregularidades como nepotismo, desvio de dinheiro, etc, etc. Como uma pessoa que sobre a qual, pesam dezoito denúncias, que vão a cada dia se tornando mais claras, vai comandar uma casa? Como vai comandar a lisura de um processo investigativo no qual, até que prove o contrário é réu? Como um Presidente pode comandar uma investigação se o maior acusado de ilicitude é seu compadre? Pessoa de sua intimidade?
Não tem lógica, não é sério manter José Sarney na presidência do Senado. Ele sabe que é insustentável sua permanência na direção daquela Casa até mesmo licenciando, ainda que nada se encontre de atos ilícitos quanto a sua pessoa.
Sarney cometeu um erro gravíssimo em acusar a oposição de estar tramando contra ele, simplesmente por ser aliado do governo e principalmente, em alegar que isto também está ocorrendo por ser amigo pessoal de Lula.Ele procurou assim, transferir para Lula a responsabilidade de defendê-lo, como usou este artifício em seu primeiro discurso de defesa, ao jogar em todos os senadores a responsabilidade da crise.
Na verdade, a crise do Senado deu início quando o ex-diretor-geral AgacielMaia, foi acusado de enriquecimento ilícito, por possuir patrimônio superior a sua renda. A crise se estendeu quando veio a público a farra das passagens aéreas, embora esta farra tenha se dado nas duas Casas.
A grande responsabilidade de Sarney é que, segundo notícias, há mais de quatorze anos Agaciel Maia é diretor daquela Casa, sendo nomeado em 1995 por José Sarney, mantido pelos seus sucessores inclusive por ele (Sarney) em seu segundo mandato. Enfim, uma cúpula de senadores que estiveram à frente do Senado como presidentes, deixaram que este ex-diretor fizesse o que desejasse naquela Casa, inclusive prestando favores a senadores para tê-los depois nas mãos. Em suma, fez a farra com o dinheiro e o poder público aliciando senadores indiretamente para chantageá-los posteriormente.
Enfim, não há mais condições políticas nem éticas para que Sarney se mantenha no cargo de Presidente do Senado, sua saída está por horas e dias. Enquanto isto não ocorrer a Casa não vai conseguir de fato, continuar seus trabalhos e recuperar parte dos danos de credibilidade perante à sociedade. É fundamental que o Senado vá fundo em suas investigações e que apareçam na imprensa os nomes dos respectivos responsáveis por tantos atos irregulares ocorridos nestes últimos quatorze anos. *Ataíde Lemos é Poeta e Escritor

Um comentário:

Pedro Bueno disse...

"Os bravos do DEM e PSDB", também acusados, e se já não foi acertado os "nobres" senadores são inocentes.Os diretoresuspensos das funções até que se chegue ao final das "apurações".
Como tanto a imprensa e os acusados desejam coisas novas, tudo ficará no esquecimento e lá estarão firmes e fortes o "bravinho" Arthur Virgilio,Heráclito Fortes ( a IstoÉ sabe da vida dele) e o "grande" ex-primeiro secretário por diversos anos, o Efreim de Morais. Enfim, todos juntos com Sarney. Êta oposição fraca e também suja!
Alguém quer mais nomes para se chegar a um acordão?