domingo, 31 de maio de 2009

Porque não um terceiro mandato

Ataíde Lemos* De tempo em tempo ressurge alguém levantando a hipótese de terceiro mandato na tentativa de manter Lula no poder. Enfim, se procura construir uma ditadura nas sombras de um discurso falso de democracia.
Qualquer pessoa por menor cultura que possua sabe que disputar uma eleição com um candidato que esteja no poder é uma disputa desigual, pois se concorre com alguém que detem todo o poder e a máquina do Estado. Concorre com alguém que tem o poder da caneta, concorre com alguém que tem o dinheiro na mão. Enfim, concorre com um candidato que tem poder de usufruir todas as artimanhas que a política lhe pode proporcionar.
Portanto, criar um Artigo na Constituição Federal que estabeleça um terceiro mandato é antiético, é imoral, é de fato mudar o regime político do país para uma ditadura proporcionando para apenas um grupo político manter-se no poder. Em suma, é tirar da sociedade o direito de escolha, ainda que re-eleições parte do princípio que tais escolhas sejam feita pela sociedade.
Um regime de re-eleições permanentes somente seria condizente se o governo fosse parlamentarista, pois assim, o presidente seria mais imagem figurativa, pois o Primeiro Ministro é quem de fato governa o país, e, este pode ser destituído a partir do momento que não está mais satisfazendo a sociedade ou se envolve em escândalos.
A alternância de poder é saudável para a sociedade, pois dá a ela a possibilidade de que escolher outros projetos de políticos. Proporciona à sociedade desenvolver-se, pois, a partir do momento que um grupo político deseje governar terá que fazer melhor que seu antecessor. Quando não há esta alternância, um mesmo grupo acaba fazendo sempre o trivial e usando apenas da maquina do Estado nos períodos eleitorais para construir no emocional do eleitor que ele é a melhor opção.
O que a sociedade precisa ficar atenta é que, quando se permite uma ditadura disfarçada de democracia não é somente o presidente, o governador ou o prefeito que a sociedade está deixando no poder, mas sim, todo uma máquina administrativa, todo um grupo políticos, todo um secretariado nos diversos escalões de governo e isto é nocivo para a sociedade de um modo geral, pois estes vão construindo raízes no poder de maneira tal que tira toda a possibilidade do desenvolvimento e da democratização de um país. Numa sociedade de quase duzentos milhões de habitantes há muitas pessoas com capacidade política e administrativa para governa-lo.
É importante ressaltar que o regime político como se encontra com a re-eleição ( dois mandatos ) tem de certa maneira proporcionado satisfazer o ego daqueles que gostam do poder, pois, mesmo que seja difícil enfrentar um candidato que esteja na situação , certamente, se o atual não fizer um bom governo os eleitores retornarão seu antecessor novamente.
Em suma, a sociedade precisa perceber que a re-eleição acima de dois mandatos consecutivos nada mais é que uma satisfação pessoal do político no executivo, já passando a ser uma doença psicológica de alguém pelo poder, e que também possibilita o enraizamento de um grupo no poder, minando de forma sutil e sistemática a democracia. Enfim, é dar alimento para uma célula que se tornou cancerígena e que fatalmente levará a destruição de um país; exemplos são o que não faltam na história mundial e brasileira. *Ataíde Lemos é Poeta e Escritor

Um comentário:

Pedro Bueno disse...

Eu também comungo com os que não querem o terceiro mandato. Mas quem mais incentiva somos nós, blogueiros, que já somos uma força muito grande, e a midia convencional, principalmente a que faz oposição dioturnamente, pois a cada comentário contrário ao terceiro mandato, fica parecendo que somos inimigos do atual Presidente, diante do povo em geral. Penso que Lula realmente não queira e mesmo que sua candidata não ganhe de Serra (TAMBÉM COM TODA A MÁQUINA E UMA MIDIA COLOSSAL), 2015 chega rápido. Somente para ilustrar, Aécio não aceita ser indicado para 2015 por isso: Lula estará concorrendo e quem tem hoje novamente a aceitação de 80%, pouco vai perder desses percentuais até lá.
Mas o assunto é reeleição, então cabe também se perguntar: Senador, deputado, também deveriam estar na mesma situação: dois mandatos e quatro anos fora. Outro fato: Senador também quatro anos com direito a mais quatro se reeleito.