Fluminense e Corinthians

Sempre que Fluminense e Corinthians se enfrentam, como agora, fatos são revividos e histórias são recontadas. O clube paulistano é considerado por alguns como o maior rival do Fluminense fora do Rio. Nesta Copa do Brasil, espera-se grandes jogos do Fluminense de Parreira, Fred e Thiago Neves contra um adversário renovado após subir para a elite do futebol e exploradíssimo pela mídia em geral após a contratação de Ronaldo "Fenômeno". Há muito o que se contar sobre duelos entre os dois, e tudo começou em 1975 quando Rivellino, o "Reizinho do Parque", foi destituído do Parque São Jorge e encontrou abrigo em Laranjeiras, seu novo domínio. O então maior jogador brasileiro em atividade estreou com a 10 tricolor num amistoso em sábado de carnaval, fazendo três gols no Corinthians, com um público de mais de 40 mil pessoas. Começava ali uma história de rivalidade. Mais de um ano depois, veio a mentira chamada "Invasão Corintiana". Aconteceu que nas semifinais do campeonato brasileiro de 1976, o então presidente tricolor Francisco Horta, amigo do folclórico presidente corintiano Vicente Matheus, enviou 40 mil ingressos a São Paulo. Isso resultou num público de 146 mil pessoas no Maracanã. A infâmia reside num conto de que havia mais de 70 mil corintianos no estádio, o que não foi verdade. Eles chegaram cedo de manhã ao Rio de Janeiro, passearam fazendo uma bagunça insuportável em vários cantos da cidade e ao chegar ao Maracanã, foram colocados para dentro do estádio pela Polícia e ocuparam o espaço das arquibancadas que corresponde hoje às verdes à direita das tribunas, dando destaque à presença deles. O problema é que a cada ano, numa tática fascistizante de repetir uma mentira infindas vezes para que ela se torne uma verdade, já propagam o absurdo de que os corintianos eram maioria. Mas basta olhar as imagens e ver entre as bandeiras deles, algumas rubro-negras e outras cruzmaltinas. E quando o Corinthians fez seu gol, ninguém na geral ou cadeiras se manifestou. Debaixo de um temporal, a "Máquina" que possuía excelente toque de bola e prejudicada pelo gramado enlameado que ajudava o pesado e limitado time paulistano, perdeu nos pênaltis num dos jogos mais tristes de nossa história. Para você saber mais a respeito daquele jogo, clique aqui e conheça detalhes sobre este dia, relatados por testemunha ocular. No entanto, no campeonato brasileiro de 1984, veio o troco. Tínhamos Parreira como treinador do inesquecível esquadrão tricolor que com uma atuação taticamente impecável, com grande equilíbrio entre ataque e defesa, deu fim à afamada "Democracia Corintiana", um movimento pretensamente político de jogadores corintianos que se recusava fazer concentrações e que se impunha para negociar seus contratos. Mas há exatos 25 anos, em 13/05/1984, o Fluminense não deixou o time de Sócrates, Casagrande, Wladimir e Zenon sequer ver a cor da bola no estádio do Morumbi. No final, 2 a 0 com gols de Assis e Tato. Bastou um 0 a 0 no jogo de volta e o Fluminense jogou tranquilo com o resultado que garantiu-lhe vaga para as finais contra o Vasco e depois se tornar bicampeão brasileiro. Em 2002, novamente nas semifinais de um campeonato brasileiro, novos embates. Curiosamente, Parreira era o treinador do Corinthians. O Fluminense venceu o primeiro jogo no Maracanã por 1 a 0, com gol de Romário após belo passe de calcanhar de Roni. Mas no jogo de volta no Morumbi, lamentamos ter sido eliminados pelo infelizmente costumeiro apito amigo favorável aos corintianos naquele ano. O centroavante Guilherme cometeu falta no nosso zagueiro César, segurando para cabecear e concluir a gol. Para piorar, Romário saiu lesionado, enfraquecendo nosso ataque. Tanto em 1976 quanto em 2002, o Corinthians foi vice-campeão ao eliminar o Fluminense. Quando o Fluminense os eliminou, foi campeão. Hoje e na próxima semana torceremos por uma classificação heroica, bem ao nosso estilo. Os holofotes estão sobre o Corinthians, que fiquem por lá. O Fluminense cresce quando é desacreditado. Nós, torcedores, entraremos em campo e lutaremos com nosso time rumo ao bicampeonato da Copa do Brasil. Colaboração: Alexandre Magno Barreto Berwanger