domingo, 10 de maio de 2009

Dia das Mães

Adilson Dutra* Passando os olhos no passado fui encontrar o porquê desta minha paixão pelo futebol europeu. Tem sentido eu ficar horas e horas diante da telinha da tevê assistindo Real Madrid, Benfica, Barcelona, Roma, Milan, Chelsea, Liverpool, Manchester, Bayern, etc e tal. Hoje, dia das mães, dia de lembrar Dona Lili, que nasceu Maria e se transformou na singela e doce Lili, que seria, se estivesse entre nós, a única testemunha deste relato, pois foi parte integrante deste amor, que nasceu quando ainda estava no primário estudando geografia. Naquele tempo, década de 60, cursava a quarta série primária e estudava as capitais do mundo, para uma prova oral, a qual contaria pontos para o pré-exame de admissão ao ginásio. Eram muitos países e seria preciso algo mais para decorar tantas perguntas e tantas capitais. Ouvia a Rádio Continental, do Rio, enquanto almoçava, programa de esportes comandado por Avelino Dias, e de repente veio a idéia, juntar os times de futebol às capitais e fazer a decoreba. Ponto prá mim e gritei: - Mãe, já sei tudo, pode tomar a lição. E lá vem Dona Lili, com o livro na mão e a panela com recheio de pastel do lado, afinal o Bar do Vicente não podia parar por causa de uma simples lição de geografia, enquanto Vó Maria cuidava da massa, minha mãe cuidava do recheio. E, para não perder tempo, lá vem a primeira pergunta: Capital da Espanha? - Real Madrid. - O que é isto menino, tire este real da frente, é só Madri. - Sei disto, mãe, mas é para decorar, na hora agá eu só falo Madrid. - Capital da Itália? - Roma. - Muito bem, tá melhorando. - Capital da Inglaterra? - Arsenal, de Londres. - Mais uma invenção? Eu te puxo a orelha na próxima. - Nada não, mãe, são os times destas capitais, me ajudam a decorar a lição. - Tudo bem, mas se vier nota baixa eu corto o rádio e as peladas na rua. Diga aí, prá encerrar, capital de Portugal? - Moleza. Benfica, de Lisboa. E assim foram os dois dias seguintes, que antecediam a prova com Dona Jurecê, naquele tempo não tia este negócio de “tia”, professora era Dona e muito severa, se bobeássemos sobrava régua nos braços e castigo atrás do armário do canto da sala ou então uma visita ao gabinete da diretora, sempre era escolhida uma megera para o cargo. Hoje, aqui em casa, a MÃE não é muito ligada neste negócio de futebol, mas sabe que, pelo menos os filhos homens (Ralph e Leandro) carregam no sangue o mesmo amor do pai pelo esporte, e participa, da sua maneira, das longas jornadas em frente a televisão, a Gisele, vascaína desgarrada, apenas olha de longe sem dar pitaco, mas zoa os irmãos quando seu time vence o clássico. Marina, a mãe de meus filhos, também tem história nas arquibancadas dos estádios brasileiros, foi minha fiel companheira em viagens a serviço do rádio e na aventura maravilhosa, patrocinada pela Espn Internacional, no majestoso Estádio Santiago Bernabeu, do Real Madri, onde fomos, em 2005, ver de perto o derby madrilenho Real e Atlético. Neste domingo, em que começa o Brasileirão/2009, deixo o meu abraço a todas as mães, esportistas ou não, e um apelo para aquelas que ainda brigam com seus maridos e filhos por um lugar em frente a telinha: Façam como Marina, que hoje completa 34 anos ao meu lado, exija o seu espaço, porém, tem sempre um porém, faça com que ele, o filho ou o marido, tenha liberdade de escolher entre a sala ou o estádio para ver o seu time do coração. Feliz “Dia das Mães”. *Adilson Dutra é Jornalista, nascido em Miracema-RJ e radicado em Campos-RJ.

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