domingo, 22 de fevereiro de 2009

Laranjal enterra ex-deputado Sérgio Naya, vítima de um infarto

Jacqueline Lopes Especial para o hoje em dia LARANJAL –MG A cidade de Laranjal, de 7 mil habitantes, na Zona da Mata, parou para se despedir do seu filho mais ilustre. O corpo do ex-deputado federal Sérgio Naya, 66 anos, chegou à capela, mandada construir por ele mesmo em suas terras, por volta das 17 horas. As pessoas que esperavam pelo velório tiveram menos de uma hora para as despedidas, já que o enterro teria que acontecer antes de escurecer. O comentário mais comum entre os moradores era que a cidade perdia o seu benfeitor, uma pessoa preocupada em ajudar aos mais pobres e que, na época de festas, como Natal e Páscoa, não fazia economia para presentear, principalmente as crianças. Era costume também que o ex-deputado tivesse sempre no bolso maços de R$ 2, notas que eram distribuídas às crianças toda vez que se encontrava com uma delas. No inverno, ele distribuía cobertores. A última vez que Naya esteve em Laranjal foi no dia 20 de janeiro. Naya era solteiro e deixa, como herdeiros, irmãos e sobrinhos. Ele foi encontrado morto na tarde de sexta-feira, no hotel em que estava hospedado, em Ilhéus, no Sul da Bahia. Sérgio Naya ficou nacionalmente conhecido em 1998, quando um edifício construído por sua empresa, a Sersan, o Palace II, desabou na Barra da Tijuca, no Rio, causando a morte de oito pessoas e deixou 120 desabrigadas. Em Laranjal, a responsabilidade de Sérgio Naya pelo desabamento do edifício é minimizada e rebatida com veemência. “Todo mundo tem defeito. Não gosto que falem mal dele. Ele não foi lá empurrar o prédio”, disse o aposentado Osvaldo Netto, que desde o meio-dia de ontem já estava na praça esperando o corpo de Naya chegar. O prefeito Walmir Garcia Mendes (PTB) cancelou as atividades do Carnaval na sexta-feira e ontem, mas a festa seria retomada neste domingo. Para saber a relação que Laranjal tem com o ex-deputado, não é preciso andar muito. O hospital, a igreja matriz, as praças e os loteamentos populares tiveram a participação direta ou indireta de Sérgio Naya. Na igreja, o lustre principal e o granito que reveste o piso foram pagos por ele, assim como os bancos. No cemitério, a manutenção dos túmulos era garantida por ele. A estudante Fabrícia Assis, 20 anos, ainda guarda a boneca Barbie presenteada por Naya quando ela ainda era criança. A casa onde a família mora, num loteamento próximo ao hospital, foi concluída com ajuda dele. Naya era um dos 11 filhos do casal Serafim e Aparecida. Dos sete irmãos ainda vivos, seis acompanharam o enterro. A irmã caçula, Josefina, mora nos Estados Unidos. Luis Carlos Naya disse que a família acredita que o irmão morreu de enfarte, e não quis comentar as suposições sobre outra causa para a morte.O irmão Paulo Naya foi quem esteve em Ilhéus para liberar o corpo. Ele disse que Sérgio já havia tido problemas cardíacos. O ex-deputado estava na Bahia a negócios. Durante o velório, uma mulher, que não quis se identificar, entregou ao HOJE EM DIA uma carta onde informava que nem todos em Laranjal admiravam Sergio Naya. “Sérgio distribuía frango, macarrão, peixe, jogando os alimentos pela janela da casa dele. Ele não é ídolo aqui, dava migalhas para o povo. Peço desculpas aos moradores do Palace”, escreveu na carta apócrifa. Cerca de 500 pessoas acompanharam o enterro, vindas também de cidades da região, como Muriaé e Cataguases. Nesses dois municípios, Naya tinha rádios e fazendas, uma fortuna que começou a ser construída na década de 60, com a construção de Brasília. Coroas de flores foram enviadas de amigos de Brasília, prefeituras e câmaras municipais, e também pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG). O prefeito de Leopoldina, Bené Guedes, que fazia dobradinha com Naya nas campanhas políticas como deputado estadual, acompanhou o enterro, assim como o deputado federal Lael Varela (DEM), que tem base eleitoral em Muriaé. A pedido da Delegacia de Proteção ao Turista de Ilhéus, o corpo de Naya passou por uma segunda autópsia. Na de sexta-feira, o médico legista Aldemir Almeida apontou enfarte agudo do miocárdio como provável causa da morte. Sérgio Naya era Engenheiro formado pe Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

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