segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

JOGADOR BRASILEIRO PASSA APURO EM PORTUGAL

Wagner Augusto*
O meia Juninho, 26 anos, campeão mundial Sub-20 com a Seleção Brasileira em 2003, carioca com o Fluminense em 2005 e mineiro com o Atlético em 2007, está sofrendo na pele as arbitrariedades perpetradas por um presidente de clube ditador. O engenheiro Rui Alves, o poderoso manda-chuva do Clube Desportivo Nacional, de Funchal, na Ilha da Madeira, em Portugal, bloqueou o pagamento do salário de janeiro e mandou abrir um absurdo Processo Disciplinar contra o atleta.
Toda essa arbitrariedade cometida contra Juninho teve início no dia 27/1 por um motivo prosaico: o jogador passou mal quando se dirigia ao Aeroporto da Madeira e, sem condições clínicas de viajar para o continente, não pôde embarcar com a delegação do Nacional. O time iria enfrentar o Atlético Valdevez, pelas quartas-de-final da Taça de Portugal.
Ao sair de casa rumo ao aeroporto, Juninho dirigia seu carro e levava consigo de carona o volante Luiz Alberto, ex-São Caetano e ex-Cruzeiro. Juninho começou a sofrer fortes tonturas e não conseguiu continuar a dirigir, passando o volante para Luiz Alberto. Ao chegar ao aeroporto, o jogador comunicou à direção do Nacional, na pessoa do senhor Gris, que estava se sentindo mal e que iria procurar por um médico, já que o clube não dispunha de um no momento.
Juninho foi atendido no Posto Médico do aeroporto e foi constatado que sua pressão arterial estava num nível muito ruim: 15/5, razão pela qual o jogador chegou quase a desfalecer. Medicado prontamente, Juninho procurou o técnico do Nacional, Manuel Machado, e relatou a situação. O mesmo o atleta já havia dito ao diretor Gris e ao fisioterapeuta Rodrigo. Sensível ao incômodo que acometia o jogador, Manuel Machado disse que o melhor era Juninho procurar o dr. Ricardo no Hospital de Funchal e seguir as orientações do médico.
Processo Disciplinar No dia seguinte, já recuperado do mal-estar depois de devidamente clinicado no hospital, Juninho foi treinar normalmente no Estádio da Choupana e teve início aí seu calvário pessoal. O jogador foi comunicado que não poderia treinar devido a uma ordem vinda da alta direção do clube. O pior estava por vir: Juninho foi comunicado que havia sido aberto um Processo Disciplinar contra ele, decisão do presidente Rui Alves passou a impedi-lo de treinar desde então.
Para piorar o panorama, Rui Alves tomou outra decisão discricionária ao proibir a tesouraria do Nacional de depositar o salário referente ao mês de janeiro. Todo o elenco do Nacional já recebeu e Juninho continua ver navios no Atlântico do alto da Ilha da Madeira...
Sindicato protesta A advogada do combativo Sindicato dos Atletas Profissionais de Portugal, dra. Cristina Franca, já se pronunciou e afirmou que a entidade irá defender o jogador contra a prepotência de Rui Alves e suas equivocadas decisões administrativas. Na avaliação de Juninho, o fato é lamentável e demonstra a falta de respeito com o profissional: —Acho que aqui no Nacional ninguém está autorizado a passar mal, pois corre o risco de ser colocado num paredão e sofrer um Processo Disciplinar. Sempre fui um profissional dedicado e não admito ser acusado de fazer corpo mole, como quer deixar transparecer a direção do clube.
Sem salário e proibido de treinar desde o dia 28 de janeiro, o brasileiro está impedido de exercer sua profissão e cumprir seu contrato com o Nacional. Essa postura abominável, no entanto, já aconteceu em 2004 com o volante Genalvo, que saiu praticamente escorraçado do clube de Funchal sem motivo algum.
Rui Alves O responsável por tudo isso é um presidente polêmico, que tem no currículo outras diatribes. Em conversas informais, Rui Alves se jacta de não acreditar em Deus e defende sem maiores reservas a independência da Ilha da Madeira de Portugal. Tanto farisaísmo só poderia mesmo impedir um atleta de procurar atendimento médico.
*Wagner Augusto é Jornalista

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