segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Rubens Lopes

Presidente da Ferj fala sobre Eurico, Bangu e do seu cargo Thales Soares, Jornal do Brasil RIO DE JANEIRO - São 62 anos de idade e 62 de futebol, como costuma brincar o próprio Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Rio (Ferj). Substituto de Eduardo Viana, o Caixa D'Água, desde 2006 efetivado no cargo, Rubinho ganhou notoriedade e força política como presidente do Bangu. Garantido até 2014 no cargo, o filho de Madureira e ex-meia que passou por Bangu e América-MG até 1943 considera o Campeonato Carioca o melhor do país, apesar de reconhecer um sério problema: “Não temos estádios”. O fato de apenas alguns estádios dos clubes pequenos terem sido liberados para confrontos com os grandes não pode significar desigualdade na competição? Foi passado com um ano de antecedência um caderno de encargos para todos os clubes explicando o que deveria ser feito nos estádios. Há uma série de exigências. E cada vez mais vamos aumentar essas exigências, até chegarmos a um ponto em que nada será feito de improviso. O Rio carece de estádios. Todos são muito antigos. Se até o Maracanã, templo do futebol, não consegue atender às exigências da Fifa, imagina os outros. Quais os planos da Ferj para o Engenhão? Ele está à disposição da Federação desde já. O que precisamos é planejar a ocupação do estádio. Ele é subutilizado, mal localizado, mas não há outra alternativa. O Maracanã vai fechar para as obras da Copa. Mas vai ser possível realizar clássicos no local? É só planejar bem a segurança. Tem clássico na Vila Belmiro. Por mim, poderia até ter em São Januário, que tem uma capacidade maior do que a da Vila. O que acha da fórmula de disputa e do número de clubes do Campeonato Carioca? É inteligente e atrativa. Em um curto espaço de tempo, temos quatro semifinais, duas finais de turno e a final do campeonato. Tanto é sucesso que o Campeonato Gaúcho vai copiar. Quanto ao número de clubes, não posso dizer se 16 é o ideal. E ninguém pode. É preciso um longo período para experimentar e dizer se é ou não eficaz. O que não pode é mudar toda hora. Além disso, é rentável. Em 2008, houve aumento de 60% das vendas de pay-per-view em relação a 2007. A proporção das cotas é melhor até do que as do Brasileiro. Os clubes recebem os mesmos R$ 2 milhões por mês, mas com menos gasto. Você pretende seguir o caminho de Eduardo Viana e ficar muito tempo no cargo? Não sou contra ou a favor, nem posso dizer se vou ficar. Pode haver aquele desgaste natural. Se for a mesmice, não vale a pena, mas se a pessoa que estiver no comando for inovadora, produtiva, acho que a mudança pode até ser ruim. Tem vereador e deputado com 20 anos de mandato. Qual a influência da morte de Eduardo Viana no Campeonato Carioca e na Ferj? Cada um tem o seu jeito de administrar, não cabe a mim dizer se era melhor ou pior. Não me sinto confortável. O que posso dizer é que a gestão hoje é mais profissional, o patrimônio está bem cuidado. Mas qualquer coisa que eu dissesse seria leviano, pois ele não pode se defender. Como é a sua relação com o Bangu? Ano passado fui a Bangu apenas para entregar a taça da Série B. Sou apenas torcedor. Acho que por ter sido presidente isso até prejudica o clube. Não há qualquer concessão. Ano passado, o Olaria perdeu o mando de campo e o jogo seguinte seria contra o Bangu. Pedi para que a punição fosse aplicada depois desse jogo. O mesmo aconteceu com o Aperibeense. O Bangu foi jogar em Aperibé e perdeu. Eu era o presidente em exercício em 2005 e o Bangu foi vice-campeão, perdendo para o Nova Iguaçu, e não subiu. Em 2006, continuou. Em 2007, subiram cinco e o Bangu ficou fora. O Carioca de 2002 continua sub júdice (Bangu entrou na Justiça por causa de um gol anulado contra o Fluminense)? Esse título continua sub judice. Legalmente, o Flamengo tem 30 e o Fluminense 29. Só espero que a Justiça não leve tanto tempo para decidir, como aconteceu com o título de 1907 do Botafogo. Quero estar vivo para ver o resultado. Como é a sua relação com Eurico Miranda? Desde que ele saiu do Vasco, só esteve na Federação duas vezes. Mas poderia vir 200. Como todos os amigos é bem-vindo. Até mesmo os inimigos, se forem filiados. Qual a sua opinião sobre a arbitragem carioca? Ela evoluiu muito, deu um salto de qualidade. Demos maior atenção à formação dos árbitros, com a escola de arbitragem, que teve sua primeira turma concluída. Mudamos o critério de avaliação. Temos uma das melhores arbitragens do Brasil. Há dez dias, Jorge Rabello, que dirige a arbitragem no Rio, acusou Sérgio Corrêa, que ocupa o mesmo cargo na CBF, de oferecer dinheiro a Djalma Beltrami para que ele antecipasse sua saída do quadro da Fifa. Como você avalia o caso? Pelo que sei, o Paulo Schmitt (procurador do Superior Tribunal de Justiça Desportiva) já pediu a abertura de inquérito. Só acho que poderia ter sido evitado. Não foi bom para ninguém.

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