O primeiro classico fora do Brasil
Ao contrario de outros clássicos estaduais do futebol brasileiro, esta é a primeira vez que Cruzeiro e Atlético - os tradicionais rivais de Minas - se enfrentam numa partida fora do Brasil. As equipes já haviam se enfrentado no interior das Gerais (3 vezes em Ipatinga) e até em outro Estado (Brasília), mas faltava ainda uma partida no exterior. O encontro deste sábado, pelo Torneio de Verão, em Montevidéu, no Uruguai, será histórico para o confronto.
O primeiro clássico fora de Belo Horizonte foi em Brasília. Em junho de 1960, os rivais foram a recém construída Capital Federal disputar um amistoso em homenagem ao presidente Juscelino Kubitschek. Os clubes haviam se reatado após uma desavença em 1958, quando o conselheiro atleticano José Ramos declarou que no Cruzeiro só haviam cafajestes. O episódio ocorreu por causa da 4a partida marcada pelo STJD na polêmica decisão do Campeonato de Belo Horizonte de 1956, que acabou tendo o título dividido entre os clubes em 1959.
Os alvinegros se recusavam a disputar a 4a partida impetrando seguindos mandados de segurança e recursos nos tribunais e os cruzeirenses, por outro lado, pressionavam a complacente Federação Mineira a cumprir a determinação do STJD. Durante rompimento, os clubes não se procuraram para marcar seus tradicionais amistosos, apenas cumpriram jogos oficiais e amistosos organizados por outras associações esportivas.
Em abril de 1960, o presidente do Atlético, Antônio Álvares, juntamente com a diretoria do Clube, foi pessoalmente a sede do Cruzeiro, no Barro Preto, onde encontrou o presidente Antônio Pontes, presidente do Cruzeiro, acompanhado de diretores cruzeirenses, para colocar uma pedra sobre o litígio. Para comemorar combinaram o "clássico da paz", no estádio Independência, para o dia 10 de abril, que acabou cancelado à última hora por causa da chuva. Com a possibilidade de jogarem em Brasília transferiram o "clássico da paz" para a nova capital federal recem construída.
O presidente da Republica na cerimonia de entrega das faixas ao Cruzeiro
A partida foi disputada em 16/06/1960, numa quinta feira, as 3 e meia da tarde, no estádio Israel Pinheiro, do Guará, que não era gramado, mas de terra. A partida teve a presença do presidente Juscelino Kubitschek e de João Havelange, presidente da CBD.
O presidente JK, antes da partida, homenageou o time do Cruzeiro fazendo a entrega das faixas de Campeão Mineiro de 1959. O presidente cruzeirense Antoni Pontes retribuiu entregando a JK a faixa de "Campeão dos Presidentes". Foi a primeira vez na história que um presidente da Republica fez a entrega de faixas de campeão a um Clube de Minas.
Segundo o ex-goleiro atleticano, Kafunga, quando participou da cronica esportiva mineira, alguns amistosos entre os rivais tiveram um empate combinado entre as diretorias dos Clubes. O classico em Brasilia que terminou empatado em 2 a 2, pode ter sido um deles.
O Atlético só chegou ao empate num lance repleto de irregularidades, após uma cobrança de escanteio no ultimo minuto da partida, que levantou duvidas dos jornais quanto a autoria. Após a cobrança de Beto, os jogadores alvinegros empurraram os defensores cruzeirenses dentro da área. A bola acabou entrando no gol com alguns jornais afirmando que foi tocada por último pelo zagueiro William e outros dizendo que ela entrou direto na cobrança de Beto.
O jornal Estado de Minas levantou a suspeita de que os cartolas combinaram o empate com o árbitro, que foi assim descrito: “João Miguel Andere cometeu erros em todo o decorrer da peleja, ora prejudicando alvinegros, ora azuis. Tinha-se a impressão de que o juiz desejava um empate no marcador, tamanha a sua intenção em compensar e assim foi errando, continuamente”.
CRUZEIRO 2 x 2 ATLÉTICO
Motivo: amistoso
Data: 16/06/1960
Estádio: Israel Pinheiro (Brasília-DF)
Público: 1.100 (Cr$ 110.000,)
Árbitro: João Miguel Andere
Auxiliares: Cidinho Bola Nossa e Afonso Ricaldoni
Gols: Colete 3; Emerson 7; Dirceu 5 do 2o; Beto (O) 44
Cruzeiro: Rossi, Pireco, Massinha, Benito, Amauri, Cléver, Emerson, Raimundinho, Tomazinho (Nelsinho), Dirceu, Hilton Oliveira (Iranildo). T: Niginho
Atlético: Adelmar, William, Salvio, Bueno, Marcelino, Ílton, Eduardo, Colete, Luiz Carlos, Celinho, Dominguinho (Beto). T: Yustrich
*Atlético jogou sem Fábio, Laércio, Maurício, Henrique e Cruzeiro sem Procópio.
Os clássicos do aço
Apenas 26 anos depois o clássico voltou a ser disputado fora de Belo Horizonte sendo o primeiro no interior do Estado, em Ipatinga. O confronto era decisivo pelo título do 1º turno e o ponto extra para a fase final. Os times apresentavam a mesma campanha, mas o Atlético tinha 11 gols a mais de saldo e jogou por um empate. Por ter sido em Ipatinga, na região das siderúrgicas conhecida como “vale do aço”, foi chamado de “clássico do aço”.
O jogo estava cogitado para ser disputado no Estádio Independência, mas a transferência foi proposta pelo Cruzeiro para fugir da taxa de 5% cobrada pela prefeitura na rendas dos jogos na Capital e também para atender a oferta da Prefeitura de Ipatinga que ofereceu uma cota de R$ 55 mil para cada clube livres de despesas.
CRUZEIRO 1 x 2 ATLETICO
Motivo: 13a rodada do 1o turno do Campeonato Mineiro
Data: 07/04/1996
Estádio: Epaminondas Mendes Brito (Ipatinga-MG)
Público: 18.609 (R$ 186.090,)
Árbitro: Sidrack Marinho dos Santos (SE)
Auxiliares: Marco Antônio Martins (MG) e Marco Antônio Gomes (MG)
Gols: Marcelo Ramos (P) 6; Ézio 38; Ézio 11 do 2o
Cruzeiro: Dida, Vitor, Gelson, Gilmar, Nonato, Fabinho, Donizete (Ricardinho), Uéslei (Roberto Gaúcho), Palhinha, Marcelo Ramos, Ailton (Edmundo). T: Levir Culpi.
Atletico: Taffarel, Paulo Roberto, Alexandre, Ronaldo, Dinho, Carlos, Doriva, Fábio Augusto, Lenadro, Renaldo (Canela), Ézio (Cleiton). T: Procópio
CA: Uéslei, Fabinho, Gilmar (Cru); Ézio (Atl)
Em Ipatinga, Cruzeiro x Atlético e Felipão x Simon
Em 28 de fevereiro de 2001, Cruzeiro e Atlético disputaram o segundo jogo no Vale pela primeira partida da semifinal da Copa Sul-Minas. Os organizadores não perceberam que a ADEMG havia alugado o Mineirão para um evento musical na data de uma das partidas das semifinais e não imaginaram a possibilidade de Cruzeiro e Atlético se cruzarem naquela fase.O Cruzeiro desfalcado de 5 jogadores que estavam servindo três seleções nacionais diferentes, Sorin (Argentina), Viveros (Colômbia), Bosco, Cris e Ricardinho (Brasil) jogou até melhor que o rival, mas não conseguiu ir além do empate em 1 a 1. O resultado favoreceu o Atlético que, pela melhor campanha na 1a fase, jogava com a vantagem de dois resultados iguais.
Outra infelicidade da Liga Sul Minas foi permitir a escalação do árbitro Carlos Eugenio Simon para apitar o classico. Simon processava o treinador Luiz Felipe do Cruzeiro por ofensas, após ter assistido as imagens da TV Globo, na 1a partida da semifinal do Brasileiro, em São Januário, contra o Vasco, em 16 de dezembro, que terminou empatado em 2 a 2. No classico do aço, Simon expulsou Felipão de campo e relatou na sumula ter sido ofendido, novamente. O técnico cruzeirense levou 30 dias de suspensão.
CRUZEIRO 1 x 1 ATLÉTICO (MG)
Motivo: 1ª partida da Semifinal da Copa Sul Minas
Data: 28/02/2001Estádio: Mendes Brito (Ipatinga-MG)
Público: 13.710 (R$ 129.119,)
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS)Auxiliares: Marco Antônio Martins (MG) e Helbert Andrade (MG)
Gols: Guilherme 4; Jorge Wagner 21 do 2o
Cruzeiro: Jefferson, Cléber Monteiro (Maicon), Luisão, Cléber, Alex Santos (Sérgio Manoel), Marcus Vinícius, Marcos Paulo, Jackson, Jorge Wagner, Marcelo Ramos (Oséas), Geovanni. T: Luiz Felipe
Atlético: Velloso, Paulo César (Rinaldo), Carlão, Rodrigão, Ronildo, Luiz Carlos, Anderson, Rolete, Alexandre (Ramon), Guilherme, Marques. T: Abel Braga
CA: Marcos Paulo, Luisão, Marcus Vinícius (Cru); Anderson, Luiz Carlos (Atl)
CV: Luiz Felipe Scolari (Cru)
Empate com sabor de vitória
Por incompetência da Federação Mineira, que também não pensou na possibilidade dos rivais se cruzarem numa semifinal do Campeonato Mineiro e marcou uma das datas para o mesmo dia em que o Mineirão estava alugado para um evento musical, o classico foi transferido pela terceira vez para Ipatinga. A partida válida pelo segundo jogo das semifinais do Estadual foi disputada em 03/04/2005 e o Cruzeiro, pela melhor campanha na 1a fase, jogou por dois resultados iguais e como havia vencido o primeiro jogo, no Mineirão, por 1 a 0, administrou a vantagem e com o empate em 0 a 0, o classificou para a decisão.
CRUZEIRO 0 x 0 ATLÉTICO
Motivo: 2a partida da semifinal do Campeonato Mineiro
Data: 03/04/2005
Estádio: Epaminondas Mendes Brito (Ipatinga (MG)
Público: 18.779 (R$ 296.800)
Árbitro: Héber Roberto Lopes (PR)
Auxiliares: Aristeu Tavares (RJ) e Hilton Moutinho (RJ)
Cruzeiro: Fábio, Ruy, Edu Dracena, Marcelo Batatais, Athirson, Maldonado, Marabá, Jardel (Diogo), Kelly (Jean), Lopes (Adriano), Fred. T: Levir Culpi.
Atlético: Danrlei, George Lucas, André Luiz, Henrique, Rubens Cardoso, Ataliba (Márcio Araújo), Amaral, Leandro Smith (Enrico), Prieto, Rodrigo Fabri, Quirino (Marcelo Sá). T: Procópio
CA: Fred, Marcelo Batatais, Ruy (Cru); Prieto, Leandro Smith, Amaral, Rodrigo Fabri (Atl)
CV: Prieto (Atl)
Fonte: Almanaque do Cruzeiro
Um comentário:
Muito bom. Parabéns! Sempre bom nos lembrarmos de certas passagens ocorridas com a gente mesmo, ou com fatos ocorridos no nosso futebol.
Muito boa matéria!
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