quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Bruno está certo

Goleiro tem de ser "mascarado" José Maria de Aquino* Alguém já disse, e essa não sei quem, que para ser goleiro é preciso ser louco ou .... Frase feita repetida por torcedores. O garoto vai ser goleiro porque não tem bom controle motor e é "expulso" da linha. Tem goleiro que gosta de uniforme discreto, preto, chumbo, uma única cor. Não é voador, não se atira em qualquer bola, prefere fazer defesas com simplicidade. E tem o colorido, aquele que, já podendo vestir diferente dos companheiros, capricha no visual. O gosto no vestir não indica se o goleiro é bom ou frangueiro. Nem, necessariamente, se joga no time dos loucos ou dos... - divisão que também nada tem de verdadeira. Nos tempos de moleque, lá em Miracema, tinha o Dizim, sóbrio, defesas fáceis, uniforme chumbo, quase intransponível no gol do Miracemense. Tinha o Damasceno, magro, alto, elegante, verdadeiro galã, que já naquela época desfilava em roupas coloridas da sua casa, na rua das Flores, até o "estádio" da avenida Carvalho, para lá, no gol do Tupã, revelar-se o maior frangueiro que já vi. E tinha - isso antes de aparecer o Zé Souto - o Mocinho, peito estufado, andar rebolante, mestre-sala nas Escolas de Samba, nada de louco, mas também um grande frangueiro no gol do Esportivo. No futebol profissional, até Raul Plasman vestir a primeira vez uma camisa amarela, não para chamar atenção, mas porque a oficial do Cruzeiro confundia com a do time adversário, muito pouco se via uniforme de goleiro longe do preto e do chumbo. Depois, aproveitando a fama e desafiando as torcidas adversárias que o chamavam de Vanderleia - cantora da Jovem Guarda, sucesso no momento - tentando dizer, erradamente, que ele não era louco, Raul assumiu a amarela. Louco ou ..., o que goleiro não pode ser é humilde. Baixar a cabeça quando leva um gol, seja de bola indefensável, seja um grande frango. Goleiro que passa a imagem que se abateu com um gol, aumenta a confiança dos atacantes adversários. Goleiro não falha, os zagueiros é que permitiram ao atacante chutar bem e desmarcado - lição ensinada pelo técnico Osvaldo Brandão e assimilada como ninguém por Êmerson Leão. Que, para não dar a menor chance aos adversários, saía de dedo em riste para cima dos zagueiros, assim que a bola chegava às redes. Na primeira chance que teve na seleção brasileira, Rogério Ceni falhou em um gol e depois, entrevistado, corretamente, disse não ter errado. Parreira não o entendeu e Rogério deixou de ser convocado, privando a seleção de contar com um excelente goleiro. Agora, no Rio, andaram pegando no pé de Bruno, bom goleiro do Flamengo, apenas 24 anos, muito futuro, só porque ele, de forma acertada, diz que nunca falha. De tanto insistirem, Bruno, erradamente, passou a admitir que falhou num gol contra o Inter, pelo brasileirão 2009. Não devia, porque goleiro pode tudo - pegar a bola com as mãos, usar uniforme diferente dos demais, ser socorrido em campo, fingir contusão, fazer cera (não exagerada). Só não pode ser bonzinho, humilde. Goleiro humilde vira frangueiro. *José Maria de Aquino é Miracemense e Jornalista Colaboração: Angeline Coimbra

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