segunda-feira, 24 de novembro de 2008

JOÃO LÔREDO - Um talento multimídia


DEPOIMENTO AO MUSEU DA TELEVISÃO BRASILEIRA,
João Luiz Rodrigues Maia Alvarenga Lorêdo é filho de Etelvino Ignácio Lorêdo, que foi menino pobre, mas conseguiu vencer como comerciante. Mulato, bonito, casou-se com Luíza, branca. A mãe de João Lorêdo viveu até 2006, quando morreu aos 101 anos..
João Lorêdo nasceu em 04 de julho de 1930. Família de seis irmãos, um deles é o famoso Zé Bonitinho (o advogado Jorge Lorêdo), que sempre foram incentivados a estudar. Todos se formaram. João fez Psicologia e também é professor de Português, Geografia, Matemática e História. Com boa base, pois foi interno do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu. João Lorêdo foi sempre um garoto inteligente, mas gostava era de cantar e foi assim que iniciou sua carreira artística. Fez parte do Coro dos Apiacás, de Madame Lucila Villa-Lobos, que foi a primeira esposa do maestro Villa-Lobos.
Já ganhava um pequeno cachê mensal e o pai, sempre ordeiro, fez com que João abrisse uma caderneta na Caixa Econômica Federal, espécie de poupança da época. Já um pouco maior, dirigiu-se à Rádio Mayrink Veiga, e com o apoio do ator Sadi Cabral, se empregou como radio-ator. Era o ano de 1945, quando ele então foi para a Rádio Nacional. Depois foi para a Rádio Tupi. Ao mesmo tempo era professor e, embora garoto, dirigia atores, num teatro amador (Teatro de Amadores da MABE). Começou também a escrever e com 20 anos, com a ajuda da mãe que o financiou, publicou o seu primeiro livro de poemas: "Tempestade", cuja capa foi desenhada por Ziraldo, sendo esse o primeiro trabalho publicado, do hoje famoso caricaturista..
Logo João Lorêdo passou para a Televisão Tupi, levando para ela o grupo de teatro amador e dirigindo-o ele próprio. Era um garoto prodígio. Passou a tomar parte do departamento que preparava as moças para fazerem comerciais ao vivo. Fundou esse departamento, que no Rio não existia. Era o homem dos "sete instrumentos", Começou a escrever para rádio e televisão, era ator e diretor. Estava em todas. Em 1954, ganhou da Revista do Rádio, Medalha de Ouro de melhor ator. Escreveu com sucesso o programa "Variety" e muitos outros para a TV RIO, onde foi Diretor Artístico e de Produção.,. Depois foi para a TV Continental, , ao lado do diretor Costa Lima. Depois voltou para a TV Tupi, tendo passado logo para Diretor Artístico e de Produção. Trabalhou também para a TV Cultura de São Paulo, onde dirigiu programas com Tia Amélia e a cantora Stelinha Egg..
Fazia viagens semanais São Paulo - Rio de Janeiro. Esteve ainda na TV Paulista de S.Paulo, dirigindo programas de humor..
Dirigia também peças de teatro, entre as quais: "A Feia", com Miriam Pires, que foi um enorme sucesso. Em S.Paulo, ao lado de amigos como Walter Ribeiro dos Santos, Tácito Monteiro, e Manoel da Nóbrega; fundou a "Videum Produções”, primeira produtora independente de televisão no Brasil.. E este mesmo grupo assumiu a direção da rádio Piratininga, que era uma das últimas em audiência, colocando-a logo em um dos primeiros lugares. Passou também a ser Diiretor de Teledramartugia da Rede Tupi de Televisão. Foi aí que o já famoso Boni, da TV Globo, o chamou. Lôredo aceitou. Estavam querendo lançar o "Fantástico, o Show da Vida".
E o rapaz, irrequieto, participou das reuniões iniciais e foi o primeiro a dirigir o programa, no ar até os dias de hoje. Na Globo ficou por 12 anos e ali dirigiu as figuras mais importantes "difíceis" e talentosas da televisão brasileira, como: Costinha, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Chico Anysio. E sempre se deu bem com eles. Segundo Boni: "Lôredo dirige com um chicote numa mão e uma rosa na outra". Na Globo, dirigiu ainda programas de sucesso, como “DERCY ESPETACULAR”,”DERCYCODÉLICA”,”CHICO ANYSIO SHOW”, “CHICO EM QUADRINHOS”, “ALÔ BRASIL,AQUELE ABRAÇO”, “GLOBO REPORTER”, “SATIRICOM” ,”FAÇA HUMOR, NÃO FAÇA GUERRA” com o qual ganhou o Troféu Helena Silveira. Antena de Ouro e todos os demais naquele ano de 1971..
Esteve também na TV Record, na TV Bandeirantes onde dirigiu os programas de J.Silvestre.
Em 1974 foi contratado pela emissora de televisão portuguesa RTP para dirigir um programa de humor, marcando a volta de RAUL SOLNADO à televisão, depois da Revolução dos Cravos sendo por isso, o primeiro diretor brasileiro a dirigir programas de televisão na Europa. Ficou por lá 08 meses. Fez amigos, muitos dos quais conserva até hoje. "Não preciso ensinar nada a eles, só orientá-los", diz .
João Lôredo publicou na Revista Amiga, em capítulos, o primeiro volume do livro a que deu o nome de: "ERA UMA VEZ A TELEVISÃO"

Mas, com a morte de Adolpho Bloch, dono da Rede Manchete e da revista Amiga, os demais volumes da história, não foram publicados na revista. Posteriormente, Lorêdo publicou em livro, fato que é um sucesso de vendas.
Tem mais dois livros prontos. Um de poemas, “A VIDA ESCREVEU ISTO” com prefácio de Jô Soares e “É ASSIM QUE SE RÍ!” uma coletânea de humor,que deverá ter o prefácio de Chico Anísio e capa de Ziraldo.
Por serviços prestados a aviação brasileira, recebeu a Comenda de Honra ao Mérito Santos Dumont.
Foi ainda Consultor Artístico da TV Bandeirantes, para as “sitcons” produzidas pela emissora. Vive na cidade de Juiz de Fora, região Sudeste de Minas. E, como sempre, o eternamente irrequieto psicólogo, professor, ator, diretor, escritor, continua de lá para cá. É jovem, é corajoso, é forte e ainda vai fazer várias coisas, pois como ele mesmo diz, gosta de ajudar as pessoas e gosta de trabalhar.
"E sou também um tremendo paizão, tenho 05 netas e sou feliz".
Este é João Lorêdo, “o homem dos "sete instrumentos".

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