quinta-feira, 19 de junho de 2008

Operação De volta para Pasárgada

PF quebra parede em busca de dinheiro escondido por Bejani
Ricardo Beghini - Estado de Minas
Por mais de cinco horas, policiais federais vasculharam o escritório do ex-prefeito de Juiz de For a Alberto Bejani em busca de dinheiro, que segundo denúncias, estaria escondido em paredes falsas de duas salas usadas por ele no quarto andar de um edifício da Avenida Rio Branco, Centro da Cidade. Nada foi encontrado. O delegado Mário Veloso, responsável pela investigação que apura desvio de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), retidos pelo INSS, em prefeituras mineiras, comandou pessoalmente a operação . Segundo denúncias que chegaram aos policiais, haveria um fundo falso em uma das paredes do escritório do ex-prefeito, que renunciou ao cargo na segunda-feira. Os federais usaram marretas durante as buscas, à procura de mais indícios, documentos e dinheiro, que comprovariam enriquecimento ilícito contra o ex-chefe do Executivo. O trabalho provocou muito barulho no prédio e chamou a atenção de funcionários de escritórios vizinhos. “Arrebentamos todas as paredes e vãos, mas não encontramos nada”, lamentou Veloso.
De acordo com ele, os novos mandados de busca e apreensão são frutos da análise do material apreendido durante as investigações. A ex-primeira-dama do município Vanessa Loçasso Bejani acompanhou todo o trabalho policial, mas não quis conceder entrevistas. Vanessa é citada no relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), concluída segunda-feira, que indiciou ex-prefeito de Juiz de Fora. No documento, os vereadores pedem que o Ministério Público investigue a conduta de Vanessa, que ocupava a Secretaria de Política Social.
Remédios
Os policiais federais também foram a um depósito de remédios da prefeitura, no bairro Poço Rico, Zona Leste da cidade, onde aprenderam grande quantidade de medicamentos vencidos. Até o fechamento da edição, a PF não havia informado a quantidade de medicação apreendida e qual o elo da descoberta com as denúncias de corrupção, envolvendo o ex-prefeito de Juiz de For a. O novo secretário de Saúde de Juiz de Fora, Cláudio Reis, prometeu conceder uma entrevista coletiva sobre os remédios. Informações ainda não confirmadas apontam que o volume pode chegar a duas toneladas. Veloso revelou que pretende ouvir nesta quinta-feira todos as pessoas detidas durante a Operação De volta para Pasárgada. Os depoimentos foram adiados por causa dos novos mandados de busca e apreensão em Juiz de Fora. O delegado disse ainda que pode pedir a prisão preventiva dos empresários do transporte público Francisco Carapinha e dos filhos Wanderson Carapinha e Francisco José de Carvalho, o Bolão, além do irmão da ex-primeira-dama, Enilson Loçasso Cardoso. A prisão temporária do grupo vence sexta-feira. “Faremos uma análise para verificar se há elementos para pedir a preventiva”, informou o delegado. Se a Justiça determinar a prisão preventiva, os Carapinhas e o cunhado de Bejani, ficarão detidos por tempo indeterminado, assim como o ex-prefeito. Em um vídeo, Bolão aparece negociando propina com Bejani para autorizar a aumento na passagem de ônibus. Segundo denúncias feitas à CPI, o administrador municipal receberia R$200 mil por cada centavo de aumento. Uma nova gravação, desta vez envolvendo empresários donos de vans e o ex-prefeito estaria com a PF, que pode divulgar a fita nos próximos dias. O novo vídeo mostraria Bejani pedindo proprina aos empresários em troca da implantação do transporte na cidade.

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