quarta-feira, 18 de junho de 2008

Operação De volta para Pasárgada

Relações perigosas Grupo SIM também pagaria propina a Bejani 

A Polícia Federal encontrou uma suposta planilha de pagamento de propina ao ex-prefeito Alberto Bejani (PTB) num notebook apreendido na sede do Grupo SIM - Instituto de Gestão Fiscal. Os valores negociados não foram revelados, mas os repasses de dinheiro aconteceriam mensalmente. As informações retiradas do equipamento teriam sido confrontadas com os depoimentos de quatro funcionários da empresa - Sérgio Lúcio Cardoso, Diana Moreira, Raquel Cardoso Mesquita e Ronaldo Antônio Pinto - que foram interrogados ontem na condição de colaboradores. Há também indícios de favorecimento do prefeito de Timóteo, Geraldo Nascimento (PP), pela mesma prática. Além do pagamento de propina para obter vantagens nos contratos celebrados com as prefeituras, os diretores do Grupo SIM Nilton de Aquino Andrade, Sinval Drumond Andrade e Nelson Batista de Almeida estariam sendo investigados, ainda, por remessa de dinheiro para o exterior por meio de um offshore no Uruguai. O delegado responsável pelo inquérito da Operação Pasárgada, Mário Veloso, ouve hoje a esposa de um dos envolvidos do Grupo SIM. Novos depoimentos de colaboradores, testemunhas e envolvidos não foram descartados. Bejani já teria se pronunciado a respeito de sua relação com o instituto, mas deve ser intimado a prestar novas informações após as evidências encontradas pelos investigadores. A Polícia Federal espera, agora, avançar na análise da documentação apreendida na última semana, durante a Operação De Volta para Pasárgada, para chegar nos valores e na duração de todo o esquema. A relação do Grupo SIM com outras prefeituras também poderá ser alvo de uma ramificação das investigações. No caso específico de Juiz de Fora, o contrato do instituto com a PJF sempre foi motivo de polêmica. Desde o início de sua vigência, em novembro de 2006, a ausência de licitação e o valor dos serviços, R$ 6 milhões por ano, foram questionados pela oposição. Na ocasião, o secretário de Administração e Recursos Humanos, Renato Garcia, alegou notório saber para dispensar a necessidade de concorrência pública. Mesmo assim, o contrato foi levado para análise do TCE pelo vereador Bruno Siqueira (PMDB). Um ano depois, quando a prestação de serviços do Grupo SIM foi renovada pelo ex-prefeito nas mesmas condições, ou seja, sem licitação e por R$ 6 milhões, os questionamentos voltaram. Na segunda-feira, momentos depois de sua posse, o prefeito José Eduardo Araújo (PR) afirmou que vai avaliar a manutenção ou não do contrato. Ele ponderou, no entanto, que o sistema gerido pelo instituto é responsável por manter a administração interligada e funcionando.

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