quinta-feira, 13 de março de 2008

Vida de Repórter

Profissão: perigo Maristela Bairros* A organização Reporters Sans Frontières, cuja secretaria internacional (sede) está na Rue Vivienne, coração de Paris, publicou recentemente um balanço da situação dos jornalistas nos cinco continentes. Atenta às feridas pátrias, relata que para os jornalistas franceses foi um ano péssimo no mundo: no mínimo 17 de seus repórteres foram presos, dois deles permanecendo ainda detidos na Nigéria. A taxa total de mortes, em cinco anos, subiu 244 por cento devido à morte de 86 profissionais, totalizando 880 enviados a prisões em um ano enquanto 2600 sites e blogs foram fechados na Internet. Com representantes na Alemanha, Bélgica, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Japão, Suécia e Suíça, a instituição declarada de utilidade pública na França informa, em seu site, que o Irã continua implacável no trato com os profissionais da informação. A última atitude de repressão foi o fechamento definitivo do hebdomadário bilíngüe – persa e curdo - independente Karfto (que tem dois de seus jornalistas presos há meses) pelo todo-poderoso ministério da Cultura e da Orientação Islâmica. Criado em 2005, o Karfto, constantemente perseguido, não conseguiu colocar nas bancas mais que 62 edições, em especial pelas repetidas suspensões temporárias e interpelações dos seus principais colaboradores. Já Abolfazl Abedini Nasr, da publicação Bahar Kholzestan, ganhou de presente de Natal, no dia 24, sua condenação a um ano de prisão por “incitação de trabalhadores à rebelião” e “relação com mídias estrangeiras”. E, para encerrar o ano, em pleno 31 de dezembro, policiais invadiram a redação do diário Tahlil Rooz, em Shiraz, agredindo os jornalistas que ali trabalhavam. A atenção da organização se volta, em especial, agora, para a situação de Emadoldin Baghi, jornalista e defensor dos direitos dos homens (é contra a pena de morte em seu país e recebeu da França a distinção Direitos Humanos da República), há dois meses encarcerado numa prisão de Teerã por “propaganda contra o regime”. Hospitalizado dia 26 de dezembro, após um ataque cardíaco resultante de maus-tratos nos interrogatórios, foi devolvido à prisão um dia depois, em isolamento. No site, uma petição está coletando assinaturas para a libertação do jornalista. De olho nos Jogos Olímpicos em Pequim, os repórteres sem fronteira ostentam, em seu site, um banner com sua releitura do evento e da situação de falta de liberdade na China: em vez dos arcos olímpicos, algemas. E, neste endereço, publicam um amplo panorama sobre a repressão chinesa. *Maristela Bairros Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maristela Bairros já atuou como redatora, repórter, editora e crítica de teatro nos principais diários de Porto Alegre, colaboradora de revistas do Centro do País e foi produtora e apresentadora nas rádios Gaúcha, Guaíba AM, Guaíba FM e Rádio da Universidade, assessora de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Cultural Piratini. É autora de dois livros: Paris para Quem Não Fala Francês e Chutando o Balde, o Livro dos Desaforos, ambos editados pela Artes & Ofícios.

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