segunda-feira, 17 de março de 2008

A SOCIEDADE CRISTÃ, OCIDENTAL E DEMOCRÁTICA

Laerte Braga* Ashley Alexandra Dupre, ou Kirsten, a moça que saiu do interior, foi para New York e acabou na cama do governador do estado que, por sua vez, caiu da cama, recebeu propostas as mais diversas para posar nua, fazer um filme pornô e ser garota propaganda de uma marca de vodka. Para aumentar o sucesso da moça, duas das músicas que gravou estão sendo oferecidas a 0,68 de dólar num programa na internet nos EUA e já foram baixadas por 300 mil usuários. O advogado de Kirsten reclamou da forma como os jornais a tratam, falando de quebra de privacidade. Segundo os jornais a moça é quem tem dado os indicativos de seus passos presentes e futuros. Cobra por entrevista e tudo através de um agente. A Cruz Vermelha Internacional divulgou um relatório mostrando que milhões de iraquianos não têm água tratada, saneamento básico e nem atendimento de saúde, cinco anos após o homem que fala com Deus, George Walker Bush ter invadido o país para livrá-lo da tirania, a humanidade da destruição total e construir a “democracia” e o “bem estar” para os iraquianos. O relatório da Cruz Vermelha mostra que as famílias do Iraque gastam até um terço da receita mensal, um pouco além de 250 reais, para comprar água limpa. O relatório da Cruz Vermelha é seguido por um outro, este da Anistia Internacional, que afirma serem milhares os iraquianos mortos ou incapacitados desde o início da invasão ”libertadora”. Comunidades que antes viviam em harmonia são hoje parte do conflito e mulheres e crianças são as principais vítimas. Quando Condoleeza Rice percorreu, semana passada, alguns países da América do Sul ela veio dizer que os EUA não aceitam o argumento de fronteiras invioláveis quando se trata de combater o “terrorismo”. Isso soa mais ou menos com “existindo interesses norte-americanos – petróleo, água, riquezas minerais, terras para transgênicos, etc – vamos defender a “democracia, a liberdade e promover a justiça”. Se através de um narcotraficante como Uribe é irrelevante, “valores mais altos” se alevantam. O século XXI vive uma retomada do processo de colonização extinto no final do século XX. A globalização não é nada mais nada menos que algo como a matriz franqueando seus produtos e serviços, inclusive “democracia, liberdade e justiça”, a franqueados que, em troca, entregam suas terras, suas riquezas, sua independência, se deixam transformar em zumbis de um modo de vida que violenta todos os valores culturais, históricos de cada povo “libertado” pela cadeia McDonalds. Estão aí figuras como Fernando Henrique Cardoso que entregou o controle da Amazônia e por extensão a própria Amazônia na concorrência fraudulenta do SIVAM (SISTEMA DE MONITORAMENTO AÉREO DA AMAZÔNIA). A VALE DO RIO DOCE, a EMBRAER, o controle acionário indireto da PETROBRAS através das ações preferenciais e desmontou o Estado brasileiro, transformando-o em mero posto de troca dos cavalos das diligências da WELLS FARGO, agora montadas em reluzentes aviões invisíveis e toda a parafernália tecnológica da nova Idade Média, exatamente a da tecnologia. Ou prepostos de menor patente como Artur Virgílio, Gerson Camata, Jorge Bornhausen, Paulo Stack a dizerem e a fazerem besteiras deliberadas e planejadas no mundo de fantasia e espetáculo que a “bonerização” da sociedade brasileira é apresentada em capítulos permanentes pela grande mídia, com direito a horário de bênção “celestial”, via JORNAL NACIONAL. “Sai demônio”. Todo os dias montado no aparato fantástico da GLOBO, Bonner faz isso igualzinho a qualquer Edir, o Macedo. Varia o estilo, mas o tamanho dos sacos de dinheiro é o mesmo, ou por outra, a GLOBO leva vantagem. Ia me esquecendo dos 64 milhões de ligações telefônicas para decidir quem permanecia ou não no bordel BBB-8, aquele do moço dos ovos podres em “vagabundas”. “Sai Chávez!” “Sai Fidel!”. “Sai Evo Morales!”. “Sai Rafael Correa!”. Saem as almas de cada país conquistado, saem os espíritos de cada povo dominado, morrem as roseiras que se avista a cada janela aberta, ficam apenas os espinhos. É o modelo. É a tal “liberdade”, a tal “democracia”, é o “mercado” transformado numa espécie de falo gigante que engole as pessoas e é engolido pelas pessoas no puritanismo democrático ou republicano que transforma a moça Ashley Alexandra Dupre, ou Kirsten, em figura do momento. Não adianta nem bochechar e nem lavar com água benta. Os espíritos estão guardados na grande arca de Wall Street e nem têm idéia do que significa aquele sininho, pois não ouvem nada além do compre isso, compre aquilo, seja assim, viva assim, faça desse jeito e contrate um personal trainer, coloque botox, entre no elevador, desça e cumpra suas obrigações, não questione nada, olhe o pano verde da mesa de sinuca, você é apenas a bola que vai ser tacada para caçapa imensa do que chamam de “mundo real”. Quanto a Kirsten, o dinheirinho que vai ganhar nesses quinze minutos de fama vai lhe permitir comprar uma casa num lugar tranqüilo, viver sua vida sem maiores problemas, isso se souber que são só quinze minutos, se pensar que o modelo vai lhe dar mais um minuto, acaba num psiquiatra e cheia de bolinhas mágicas. Vira entulho. E eles, vão “libertando”, “democratizando”, sendo “justos” e combatendo o “terrorismo”. Laerte Braga* é Jornalista

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