terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

CUBA - UMA BREVE HISTÓRIA DE UM POVO DE CORAGEM - I

por Laerte Braga 

 A secretária de Estado do governo terrorista de George Bush deu uma entrevista à imprensa de seu país fazendo um apelo para que Cuba “se transforme numa democracia e os presos políticos sejam libertados”. Ao que eu saiba os únicos presos políticos na ilha e sem o mínimo respeito aos direitos fundamentais do homem são os que estão na base militar de Guantánamo, território cubano ocupado pelos Estados Unidos. Cristóvão Colombo desembarcou em Cuba em 28 de outubro de 1492 e acreditou estar chegando a Ásia. Foi Diogo Velásquez, representante da Coroa da Espanha quem iniciou o processo de conquista da ilha e já ali encontrou o primeiro adversário. O cacique Hatuey. Prisioneiro dos espanhóis (o povo do rei da coroa de lata), fugiu da prisão no Haiti e acabou sendo recapturado e queimado vivo pelos cristãos ocidentais de sua majestade. Para não afetar os negócios do reino os espanhóis deram início a um processo de colonização submetendo a população indígena ao trabalho escravo. E de uma tal forma e com tal barbárie que no século XVI os índios já não mais existiam em Cuba. A velha receita das grandes potências foi buscar o negro na África. A monocultura, cana de açúcar e tabaco, foram escolhidos como produtos preferenciais para a exploração e o saque dos colonizadores. Com a alta do preço do tabaco no início do século XVIII os lucros dos produtores foram de tal ordem que a Espanha, cristã, ocidental e sempre zelosa do bem de todos, decretou em 1716 a Lei do Estanco que proibia os “vegueros” de vender livremente a produção. Começa aí a história da colônia pela independência. Os primeiros movimentos partiram dos produtores de tabaco, a Insurreição dos Vegueros. Os chefes foram vencidos, presos e enforcados em 1723. Só em 1821, influenciados pela independência da Venezuela e da Colômbia, retomam com força os movimentos de libertação. Nasce a sociedade secreta “Soles y Rayos de Bolívar”. Ramifica-se por toda a ilha. Os seus integrantes pretendiam tornar Cuba independente. São delatados, presos e condenados a prisão e ao exílio. Estava lançada a semente da luta. Nascem movimentos pró independência dentro de Cuba, no México e nos Estados Unidos, mas todos são reprimidos e algumas lideranças, já permeadas pela idéia colonizadora, imaginam que o melhor para Cuba seria tornar-se um estado dos EUA. O próprio governo norte-americano trabalhava para fomentar essa idéia. Se pretendia tirar Cuba do jugo da Espanha e implantar o jugo dos EUA. Imaginavam que o chicote dos EUA seria mais brando que o chicote dos espanhóis. Narciso López, um militar venezuelano, oficial do exército espanhol, foi para os EUA e organizou três tentativas de anexar Cuba, todas frustradas. Foi preso e condenado a morte em 1859. Várias das sortidas de López fracassaram por conta dos acordos feitos por baixo dos panos pelos governos norte-americano e espanhol. Eram movimentos de independência surgidos a partir dos latifundiários cubanos, em função de interesses próprios, razão pela qual desejavam apenas melhorias nas condições para “negócios” e essas eram oferecidas pelos norte-americanos. Peritos no assunto. Em 1868, o latifundiário Carlos Manuel de Céspedes consegue organizar um movimento revoltoso que se dissemina pela parte oriental da ilha, mas acaba perdendo força um ano depois. Tinha a “simpatia” dos norte-americanos. Uma trégua foi firmada e um partido chamado Autonomista nasceu pretendendo “organizar os negócios” dentro do chamado quadro institucional da monarquia espanhola”. Assim como o grande empresariado brasileiro. Querem que os interesses do País sejam conduzidos por Washington, preservando sua condição de feitores do povo. A FIESP e seus braços tucanos e DEMocratas são o exemplo claro disso. Como o processo de autonomia entrou no velho esquema do jogo de empurra, aquelas negociações que nunca terminam, renasceu novamente a idéia de independência e surge José Martí, o grande líder da independência do país. Martí funda o Partido Revolucionário Cubano, em 1891 e em 1895 tem início a revolução. Martí morreu em seguida em luta contra uma unidade militar da Espanha. Como os resultados das forças rebeldes estivessem sendo positivos, a Espanha adotou políticas duras de repressão. Foram como sempre são colonizadores, desumanos, cruéis e criaram a “reconcentración”, ou seja, campos de concentração nas cidades e povoados, internando ali milhares de camponeses e suas famílias suspeitos de colaboração com os rebeldes. Assim como os EUA fazem hoje no Iraque, em Guantánamo e no Afeganistão. As más condições sanitárias e a falta de alimentos causaram a morte de 50 mil camponeses. Essas medidas enfraqueceram os rebeldes e mesmo em luta, em novembro de 1987, a Espanha concedeu a autonomia a Cuba, com vigência a partir de 1898, mas com regras que preservava seu poder e a exploração da economia. Entra aí o “gigante do norte”. A autonomia de Cuba causava grandes prejuízos aos interesses dos Estados Unidos que controlavam a indústria açucareira e o comércio exterior de Cuba. Em 1896 o presidente William McKinley decide pela intervenção na ilha. A despeito das tentativas diplomáticas dos espanhóis os norte-americanos ocuparam a ilha e transformaram-na em colônia dos interesses dos EUA. Um tratado assinado em Paris, em dezembro de 1898, os espanhóis cederam Cuba aos Estados Unidos. E em 1901 o governo norte-americano permitiu que uma Assembléia Constituinte montada segundo os seus interesses, promulgasse a “independência” da ilha, incorporando ao documento a chamada “Emenda Platt”, que concedia aos EUA o direito de intervir para “a preservação da independência cubana e a manutenção de um governo adequado à proteção da vida, propriedade e liberdade individual”. Cuba vira protetorado norte-americano e os presidentes são meros governadores dos interesses do latifúndio e das grandes companhias dos EUA. Em três ocasiões na vigência da tal “Emenda Platt”, Cuba foi invadida e ocupada para garantir a tal liberdade. Com a queda do ditador Gerardo Machado, que contrariava interesses dos EUA ao tentar eternizar-se no poder, surge Fulgêncio Batista, militar e fiel aos norte-americanos, sobretudo a Máfia e que em 1959 seria derrubado por uma revolução popular comandada por Fidel Castro.

Nenhum comentário: