sábado, 25 de novembro de 2023

Oh! Minas Gerais!!!

Dê Moraes (José Duduca de Moraes) nasceu em Santa Maria de Itabira, em  09 de março de 1912. 

Família
Filho de José Tomás de Moraes e Percília de Moraes e casado com Norberta de Moraes.

Carreira
Iniciou a carreira em 1935, cantando na rádio Mineira PRC-7, em Belo Horizonte. No início dos anos 1940, começou a apresentar-se com destaque na rádio Tamoio, no Rio de Janeiro, onde atuou durante seis anos no programa "Hora sertaneja", no quadro "Rancho dos violeiros". Em 1940, lançou suas primeiras gravações, cantando acompanhado de Antenógenes Silva ao acordeom, a marcha "Moda da cidade" e a rancheira "Arrasta o pé meu bem", ambas de autoria de Antenógenes Silva. No ano seguinte, acompanhado novamente de Antenógenes ao acordeom e cantando com Nair Rodrigues, gravou a valsa "Partida cruel" e a toada "Passa pro lado de cá", as duas de parceria com Antenógenes Silva. No mesmo ano conheceu seu primeiro grande sucesso, ao gravar com Nair Rodrigues e tendo o acompanhamento de Antenógenes no acordeom, a mazurca "Adeus porteira velha", de autoria do último. Em 1942, compôs, em parceria com o pernambucano Manuel Pereira de Araújo, o Manezinho Araújo, a letra da música "Minas Gerais", a partir da melodia da valsa "Viene sul mar", homenageando sua terra natal e que fora gravada com outra letra em 1917, pela Casa Edison do Rio, na voz do cantor Cadete, mas com o mesmo título "Minas Gerais", quando se referia à nau capitânea da Armada Brasileira, comprada naquele ano à Inglaterra, . No mesmo ano, foi lançada em disco, juntamente com a toada "Gavião do mar", também em parceria com Manezinho Araújo. "Minas Gerais" alcançou grande sucesso popular, tornando-se uma das composições mais executadas no país, sendo adotada ainda como "hino popular mineiro". A partir de 1944, formou dupla com Xerém. No mesmo ano, lançaram a marcha "Lá vai balão", de Xerém e Pequeno Edson, e a valsa "Saudades de Marianinha", de sua autoria. A dupla gravou um total de seis discos pela Continental. 

Duduca e Doquinha
A partir de 1947, passou a formar dupla com Doquinha, por sugestão de Francisco Alves. Em 1950, gravaram as toadas "Esperando meu benzinho", de sua autoria, e "João Tropeiro", de Antenógenes Silva. A dupla gravou diversos discos, fazendo sucesso com, entre outros, "Meu balão", com Zé Praxedes, "Viola entristecida", de sua autoria, "Minha viola", com Marques da Silva, e "Esperando meu benzinho", de sua autoria. Foi um dos maiores recordistas de vendas da Odeon, tendo feito cerca de 200 composições. 

Juiz de Fora
Em 1997, encontrava-se pobre, doente e esquecido, vivendo na periferia de Juiz de Fora, com dificuldades financeiras para sustentar a si e a mulher, Norberta, com a qual estava casado há mais de 40 anos. Em 1998, foi lançado pelo "Projeto Oh! Minas Gerais", um CD resgatando 14 interpretações do artista em 78 rpm, remasterizadas. Constou também uma entrevista realizada por Alfredo Valadares em 1979. No mesmo ano, como parte do trabalho de resgate de sua obra, foi homenageado pela câmara de vereadores de Juiz de Fora com o título de Cidadão Honorário e a prefeitura outorgou-lhe a Comenda Henrique Halfeld. Ao final de 1999, o jornalista e pesquisador de Juiz de Fora, Jorge Sanglard, passou a se dedicar a resgatar a memória e a obra de Dê Moraes.

Oh! Minas Gerais
Compôs, em parceria com Manoel Araújo, a versão da valsa italiana "Viene Sul Mare", "Oh! Minas Gerais", gravada em 1942.

Dê Moraes morreu em Juiz de Fora, aos 90 anos, em 25 de novembro de 2002. O corpo foi velado na câmara de vereadores e sepultado no cemitério municipal Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Poço Rico.

Acervo
Em 13 de maio de 2010, a viúva, de De Moraes, Norberta Nobre De Moraes, fez à Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage – Funalfa, em Juiz de Fora, a doação de todo o acervo particular do compositor: discos, partituras, fotografias, violão e certificados. O acervo está sob a responsabilidade e guarda da divisão de memória da Funalfa, onde foi elaborado um inventário das peças para ficar à disposição para consulta do público, músicos, compositores ou pesquisadores.

Letra Adaptada: José Duduca de Moraes e Manoel Araújo

Oh! Minas Gerais
Oh! Minas Gerais
Quem te conhece não esquece jamais
Oh! Minas Gerais

Tuas terras que são altaneiras
O teu céu do mais puro anil
És bonita, ó terra mineira
Esperança do nosso Brasil!
Tua lua é mais prateada
Que ilumina o nosso torrão.
És formosa, ó terra encantada
És o orgulho da nossa nação!

Teus regatos te enfeitam de ouro,
Os teus rios carreiam diamantes
Que faíscam estrelas de ouro
Entre matas e penhas gigantes.

Tuas montanhas são peitos de ferro
Que se erguem da pátria alcantil
Nos teus ares suspiram serestas
És o altar deste imenso Brasil.

Lindos campos batidos de sol
Ondulando num verde sem fim
E montanhas que, à luz do arrebol,
Têm perfume de rosa e jasmim.

Vida calma nas vilas pequenas,
Rodeadas de campos em flor,
Doce terra de lindas morenas,
Paraíso de sonho e de amor.

Lavradores de pele tostada,
Boiadeiros, vestidos de couro,
Operários da indústria pesada,
Garimpeiros de pedra e de ouro

Mil poetas de doce memória
E valentes heróis imortais,
Todos eles figuram na história
Do Brasil e de Minas Gerais.  

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