por Marcos Niemeyer*
Certos figurões da MPB se acham tão importantes que evitam até mesmo chegar perto de seus fãs e admiradores ou, ameaçam com intermináveis processos, jornalistas que venham a questionar sua postura arrogante e carente de educação. Interessante é que no início da carreira eles viviam (alguns até dormiam) na porta das emissoras de rádio e TV implorando por uma entrevista. Depois que ficaram famosos, raramente falam com aqueles que os apoiaram no início de carreira. Esquecem que, como diz o provérbio popular, "um dia é da caça e outro do caçador." É o caso de um desses estrelões, que quatro anos atrás, ao chegar na entrada de um edifício estiloso em área nobre de Juiz de Fora, onde tinha ido a convite de um amigo, levantou o dedo em riste para o porteiro ordenando que o mesmo "calasse a boca." É que o funcionário do prédio, um senhor simples, 80 anos, não o reconheceu e disse que o mesmo aguardasse do lado de fora pois iria comunicar sua presença ao morador do apartamento. Ato contínuo, o medalhão, com visíveis sintomas de embriaguez, ainda humilhou o trabalhador com palavras aqui impublicáveis. No dia seguinte, a administração do condomínio demitiu o porteiro, que atuava há vários no imóvel. Não é novidade para ninguém que a música brasileira de qualidade perdeu espaço nesses últimos tempos para o lixo sonoro que, infelizmente, reina absoluto nas redes sociais, na TV, nas FMs, nas festas populares e, mais que nunca, na casa do vizinho (que em épocas passadas (acreditem!) ouvia esses mesmos cantores que hoje passam batidos. E não adianta culpar só os meios de comunicação por essa péssima escolha musical do brasileiro. Os próprios artistas são culpados por isso. Afinal, eles (não são todos, obviamente) correm do povo como o diabo corre da cruz. Espertos, produtores dos ritmos musicais duvidosos perceberam isso e ensinaram às suas crias a maneira de se comportar diante do público distribuindo sorrisos e falando a língua do povo, não menosprezar fãs e admiradores, nem tampouco desfazer dos jornalistas que os procuram para entrevistas, participação efetiva em ações beneficentes, etc. Um ingrediente básico que deu certíssimo para eles. Eis aqui uma prova inconteste: em espaços culturais importantes com ampla capacidade — seja no Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza ou qualquer outro ponto do país, nomes de peso da MPB raramente conseguem atrair mais que quinhentas pessoas. E quando isso acontece, botam as mãos para o céu. Por outro lado, um show de funk ou "sertanejo universitário" costuma atrair, numa só noite, até mais de sessenta mil pessoas em parques de exposição e estádios de futebol de norte a sul do Brasil com ingressos custando mais de cem reais. E pode chover canivete de porta aberta que o povo vai assim mesmo. A verdade dói, mas é preciso ser dita.
*Marcos Niemeyer é jornalista
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