“A mão que afaga é a mesma que apedreja”, esse é um adágio popular mais antigo que o rascunho da bíblia, mas muito atual e eu explico:
A história conta que em 1989 Collor só se tornou presidente eleito pelo voto, após tenebrosos anos de chumbo, por dois motivos:
- Pela barração da candidatura de Sílvio Santos, por um juiz do TSE;
- Pela exibição do debate EDITADO, entre Collor e Lula na tv Globo. O debate foi vencido por Lula, que apresentou plano de governo consistente. Rebateu com veemência e convicção as bravatas do adversário. Se hoje as fake news tem decidido eleições, naquela época, o vencedor do debate, invariavelmente, era o escolhido pelo eleitor. Os especialistas afirmam que essa prática era comum, em função da falta de prática do eleito com as eleições livres e diretas. Pela falta de hábito em votar. Uma das imposições dos ditadores da época. Com a edição do debate, excluindo as partes favoráveis a Lula e mantendo as que favoreciam Collor. Esse trabalho foi executado pela equipe comandada por Armando Nogueira ( ), a mando de Roberto Marinho (1904/2003),
O debate foi exibido ao vivo no dia anterior, em horário considerado muito tarde para os padrões da época e foi apresentado no dia seguinte no "Jornal Nacional", a principal fonte de informação eletrônica da época, com Collor tendo 1 minuto e 12 segundos a mais que Lula.
Em 1989, Roberto Marinho queria apoiar a campanha de Jânio Quadros (1917/1992) à presidência. Mas Jânio ficou doente e não saiu candidato. Tentou então apoiar Orestes Quércia (1938/2010), que preferiu que Ulysses Guimarães (1916/1992) fosse o candidato do PMDB. O mega empresário ficou sem candidato. Uma situação perigosa, pois Leonel Brizola (1922/2004) seu inimigo declarado era o favorito do eleitorado na corrida presidencial. E era preciso apoiar alguém capaz de vencer Brizola. Lhe foi sugerido o nome do então senador Mário Covas (1930/2001), Mas Marinho não nutria simpatia por Covas nem de suas idéias, que achava conservadoras e nacionalistas em demasia.
Por eliminação, sobrou Fernando Collor. Mas o dono da Globo não gostava do pai, do irmão nem do próprio Collor. No passado, ele teve negócios com o senador Arnon de Mello (1911/1983), que foi seu sócio na construção do primeiro shopping center do Rio, em Copacabana. Sempre suspeitou que Arnon lhe passara a perna. O primogênito de Arnon, Leopoldo Collor (1941/2013) havia sido diretor regional da tv Globo em São Paulo, e passou por uma investigação interna que culminou em sua demissão. Por fim, considerava Fernando Collor um playboy inconsequente. Achava de mau gosto as camisas de punhos dobrados do, como dizia, "filho do Arnon". O único Collor que admirava era o caçula, Pedro (1952/1994). Que segundo ele, havia feito um bom trabalho como administrador da emissora da Globo em Alagoas. Mais pela falta de opções e menos, por afinidades, passou a se encontrar com Collor, o Fernando. E mudou de opinião: achou-o dinâmico, preparado e em condições de vencer seu desafeto. O apoiou público só veio em agosto, quando Collor tinha 45% da preferência dos eleitores, contra 11% de Brizola e 9% de Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT.
Eleição
Veio a eleição e Collor obteve 20.611.011 votos (30,47%), Lula obteve 11.622.673 votos (17.18%) e Brizola obteve 11.168.228 votos (16,51%). A diferença pró-Lula foi de 454.445 votos.
Ápice e queda
Com Collor eleito e empossado, vieram as benesses do novo, do início de mandato apoiado na "aprovação" popular. Mas com o passar do tempo, fraquezas e deslizes do governante, a situação mudou. E a história conta que o estopim para a destituição de Collor foi baseado num vazamento de um plano de Collor para intervir na tv Globo (concessão pública) e impor uma prisão domiciliar a Roberto Marinha em sua mansão do Cosme Velho. Essa "indignação" com que o apoio, com "a mão que afaga", teria chegado ao ápice, quando o jornal o globo publicou uma charge de Chico Caruso, com a primeira dama Rosane Collor, com uniforme de presidiária. Na época, a primeira dama era presidente da LBA (Legião Brasileira de Assistência), que foi denunciado por irregularidades, e que teria beneficiado seu clã, na cidade de Canapi, interior de Alagoas. Com o vazamento desse plano, a mesma mão que "fagou", passou a apedrejar" e o resultado foi o qur todos nós conhecemos, com um presidente acuado, fragilizado, sendo compelido a renunciar. Há quem afirme que Collor só ficou inelegível por 08 anos, poque não teve a sorte de um Lewandowski presidir os trabalhos e ignorar a Constituição Federal..
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