por Paulo Cézar da Costa Martins Filh*
Estas linhas se dirigem principalmente aos torcedores do Clube Atlético
Mineiro, mas também aos dirigentes e jogadores do clube, ao jornalista Milton Neves e ao treinador Cuca
(por quem sinto gratidão, admiração e carinho). Agora que a briga pelo
Campeonato Brasileiro está encerrada, com o triunfo do Fluminense,
convido os atleticanos a esta reflexão.
Apesar da enorme vantagem do Fluminense (que hoje tem 10 pontos de
frente para o Grêmio e 11 para o Atlético), vejo muitos torcedores
mineiros contestando a conquista do Tricolor. Insistem na tese de
conspiração favorável ao Fluminense e contrária ao Atlético
Mineiro (teoria facilmente desmanchada pelas evidências.
Nas próximas linhas, vou expor a minha visão acerca do que teria causado
a derrocada do Atlético Mineiro neste Campeonato. Pensei em nem
publicá-la, porque não gosto de parecer provocativo. Mas decidi fazê-lo,
por achar que assim estarei prestando um serviço ao clube, que é um dos
mais importantes na história do futebol brasileiro.
Amigos, o Atlético Mineiro começou a perder esse Campeonato quando
assumiu para si a pecha de coitadinho. Ao invés de olhar para o
Fluminense como um rival à altura, o Atlético preferiu menosprezar a
capacidade do oponente, atribuindo suas vitórias a arbitragens
tendenciosas.
Na condição de torcedor do Fluminense, só posso, sinceramente,
agradecê-los por essa postura. Imagino como os craques Diego Cavalieri,
Fred, Deco, Wellington Nem, Thiago Neves, Gum, Jean, Carlinhos e
companhia se sentiram motivados ao verem sua capacidade ser assim
contestada em público. O chororô descontrolado e injustificado de vocês
foi o maior incentivador, o melhor combustível do Fluminense, tenham
certeza disso.
Aqui em Laranjeiras, nós não estamos acostumados a conquistas tão
tranquilas como foi a deste Campeonato Brasileiro, com três rodadas de
antecedência. Costumamos dizer que as nossas vitórias são as mais
cardíacas, que preferimos vencer no último minuto do último jogo.
Quando, ao final do primeiro turno, o Atlético Mineiro liderava com 43
pontos, contra 42 do Fluminense, pensei que a briga entre os dois
gigantes iria até o jogo derradeiro. Afinal, com o Fluminense tem que
ser sofrido.
E eu realmente acredito que o Atlético Mineiro tinha capacidade de
brigar com o Fluminense até a última rodada. O elenco montado é muito
forte, tem o goleiro Victor, os bons zagueiros Réver e Leonardo Silva, o
gênio Ronaldinho, o talentosíssimo Bernard, o goleador Jô, o
estrategista Cuca. Como duvidar da capacidade de um time desses?
A postura de vocês, torcedores, jornalistas e dirigentes, foi a
responsável pela queda de rendimento do time. Foram vocês que incutiram
na cabeça dos seus jogadores que a vitória era improvável. Foram vocês
que mais motivaram os nossos jogadores a darem sangue, suor e lágrimas
pela taça. O mosaico (foto acima) e os gritos de "vergonha" de vocês, no
primeiro tempo daquele grande jogo no Independência, foram o
combustível perfeito para catalisar mais um título do Fluminense. Ali,
vocês abriram mão da taça. E o Fluminense, sem concorrentes, teve a sua
ascensão para a glória facilitada.
Para terminar, um conselho de quem levantou 2 dos 3 últimos Campeonatos
Brasileiros: se vocês quiserem sair da fila de quatro décadas, precisam
aprender a respeitar os adversários e, mais que isso, precisam aprender a
respeitar a própria história do Clube Atlético Mineiro, um dos grandes
do futebol brasileiro.
Abraços tetracampeões,
*Paulo Cézar da Costa Martins Filho é engenheiro
Colaboração: Alexandre Magno Barreto Berwanger
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