quarta-feira, 8 de julho de 2020

Notável personalidade eclesiástica

Padre Higino (Higino Ricardo Lartteck), frade fransciscano, nasceu em Instgerburg-Prussia/Alemanha, em 31 de março de 1905.

Família
Filho de José Latteck e Anna Hanshatter. 
Estudos/ordenação
Estudou no Convento dos Franciscanos em Fulda na Alemanha onde ordenou-se padre franciscano em 27 de abril de 1930. Foi Missionário na Alemanha, Suiça e Iuguslávia no período de 1930 a 1940. 

Nazismo/prisão
Em 1939 foi grande a saída de franciscanos da Alemanha devido a luta anticlerical chamada de culturkampf, política do partido nazista quando controlou totalmente o estado germânico em 1939. A emissão de passaportes ficou prejudicada, conventos foram fechados e muitos padres foram presos. Por pertencer a Ordem dos Franciscanos passou a ser perseguido pelos nazistas, pe Higino se tornou prisioneiro político sendo levado para um campo de concentração. 

Campo de concentração
Lá sofreu os piores horrores daquela triste guerra. Naquele horrendo campo de concentração tinha que andar sem camisa, pois suas costas estava toda cortada e arranhada. Este era o resultado dos castigos pelas inúmeras tentativas de fuga. Apesar dos castigos Frei Higino lutava ferozmente pela sonhada liberdade. Era preciso continuar seu trabalho de sacerdote. Seu irmão, que era maçon, se tornara um dos sargentos da guarda civil alemã naquele campo. Vendo o sofrimento do seu irmão providenciou junto aos irmãos maçons passaportes para ele e seu inseparável amigo Pe. Giuliano para que, após a fuga pudessem embarcar sem serem perseguidos. E assim os dois embarcaram como passageiros comuns rumo à sonhada liberdade. 

Brasil
Chegou ao Brasil em 06 de junho de 1940 no sul de Mato Grosso, fugindo do anti-clericarismo nazista que se implantou na Alemanha.

Por que Pe. Higino veio para o sul de Mato Grosso? 
Sem passaporte as despedidas deixaram de ser solenes para não chamar a atenção da Gestapo, a polícia secreta do estado alemão, responsável por vigiar igrejas, seitas, judeus e "pessoas de cor". As comunicações entre a Alemanha e o Brasil foram interrompidas quando o Brasil entrou na guerra contra a Alemanha. Foi a estrada de ferro que trouxe os missionários alemães e boa parte dos materiais de construção para Campo Grande.

Dourados
Naturalizou-se brasileiro com o nome de Pe. Higino Ricardo Latteck e foi o primeiro Vigário residente de Dourados de 1940 a 1947. Conforme Inez Maria Bittencourt do Amaral, em sua dissertação de mestrado ENTRE RUPTURAS E PERMANÊNCIA - A Igreja Católica na região de Dourados de 1943 a 1971, apresentada do Curso de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. 

Em Dourados a construção da primeira capela foi iniciada em 1925. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, trazida da França, foi levada em procissão até a capela em oito de dezembro desse mesmo ano. Os apelos da comunidade para que a Paróquia de N.S. da Conceição tivesse um padre residente foi atendido com a posse de Frei Higino Latteck em 1940. Até a construção da residência paroquial,ao lado da capela, esse padre se hospedou na casa de dona Antonia Capilé. Ele se empenhou ferrenhamente para mudar o cenário religioso local, embora com muitas dificuldade, pois era alemão e não falava uma palavra em português; foram as famílias católicas que o ensinaram em suas casas. Frei Higino celebrava as Missas e depois perguntava aos mais próximos a ele se havia errado alguma coisa. Em sua luta, encontra-se o apelo feito ao Comissariano Franciscano para a vinda das Irmãs de caridade para Dourados, no intuito de que assumissem a catequese nas escolas, o cuidado com os doentes e a expansão do catolicismo. Entre as propostas encontrava-se a criação de escolas primárias para ambos os sexos e a criação de um internato para as meninas. A proposta esbarrava em dois grandes entraves: encontrar Irmãs que quisessem vir para a região e a Lei de Ensino Brasileira, do governo Vargas, que não permitia a contratação de professores estrangeiros, há não ser que os mesmos já residissem há vários anos no Brasil e passassem por um rigoroso teste de Língua Portuguesa.

Irmãs Franciscanas   
Em 1942 vieram três Irmãs Franciscanas Bernardinas para Dourados. A época não era propícia para o trânsito de estrangeiros, em virtude da Segunda Guerra Mundial. Houve também dificuldades das freiras na renovação dos seus registros de professoras. Sobre a chegada das religiosas Frei Higino escreveu: 
- "o dia dezenove de agosto foi um dia da benção divinal. Chegou, pois, o meu auxiliar muito desejado, o Frei Shaefer. Chegaram, que sorte, três freiras franciscanas destinadas ao ensino das crianças". 
Em primeiro de setembro as Irmãs Franciscanas abriram o seu colégio na casa das escolas reunidas que o prefeito arranjou para este fim. O número de primeiros alunos foi vinte e seis. 

Prisão
Além das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos padres e freiras em Dourados, dois deles sofreram constrangimento por parte da polícia local. Assim relatou Frei Higino: 
- "Nós fomos denunciados de sermos espiões políticos no serviço do Nazismo na Alemanha (Nazismo é o governo da nossa terra, cuja doutrina pagã está condenada pelo Senhor Papa e cujos algozes são e eram os inimigos ferozes da Igreja Católica). Duraram sete semanas a nossa prisão, em que podíamos, graças ao bom Delegado de Polícia, rezar a santa missa. O Diabo e seus instrumentos, os caluniadores trabalham, mas é Deus que manda no mundo". 

O caso relatado que envolveu os dois padres franciscanos Frei Shaefer e Frei Higino Latteck, levou-os a uma detenção vigiada, ou seja permitiam-se que saíssem e exercessem suas funções religiosas até 02 de junho de 1942. Esse fato deveu-se ao fato de que esses dois religiosos portassem uma arma durante suas visitas nas redondezas de Dourados e terem sido revistados por policiais. No entanto havia ocorrido um episódio anterior de denúncia contra Frei Higino. Este costumava tirar uma série de fotografias da região em suas andanças no lombo de um burrinho, o que serviriam para o enviá-las a Turíngia no intuito de obtenção de apoio financeiro para o seu trabalho na região. Algumas pessoas, que desconheciam essa finalidade, confundiram-no como um membro da Gestapo infiltrado no Brasil como espião. Em virtude dessas perseguições, da falta de verbas e da estrutura local, as Irmãs decidiram fechar a escola e sair de Dourados. As Irmãs foram difamadas por certas pessoas católicas que dizendo que eram espiãs, não tinham licença para lecionar, não ensinavam de acordo com o regulamento e não falavam bem o português. Diante do fato assim se manifestou Frei Higino: - "Nunca mais, enquanto eu, frei Hygino, for vigário estabelecer-se-ão aqui freiras".

Recreio/Friburgo/Itaperuna
De 1947 a 1955 foi Vigário em Recreio-MG. De Recreio foi para Nova Friburgo-RJ tendo sido Vigário e Capelão dos alemães no período de 1955 a 1968. De Friburgo foi para Itaperuna-RJ, sendo vigário de 1968 a 1973 da Paróquia N.S. do Rosário de Fátima. 

Muriaé
Lecionou na Faculdade Santa Marcelina de Muriaé-MG, Filosofia e Cultura Religiosa na década de 1970.  
Recreio-MG
Em 1973 retorna para Recreio-MG como Vigário onde ficou até 02 de setembro de 1983, quando faleceu.

Frei Higino morreu em Recreio, aos 77 anos, em 02 de setembro de 1983, sendo sepultado no cemitério do município.
Obs: É nome da praça em que está localizada a Paróquia Jesus Menino Deus, em Recreio
Fonte: www.recreiominhacidade.blogspot.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom