O livro de reconstrução e desconstrução: busca reconstruir o passado para desconstruir mitos. Se tivesse de ser resumido a uma questão, seria: quem foi João Goulart? Um presidente fraco ou um herói reformista no tempo errado, derrubado do poder para que não melhorasse o Brasil “cedo” demais? Com mais cuidado, pode-se dizer que este livro trata mesmo de como foram construídos, com ajudados jornais, o imaginário favorável ao golpe e as narrativas sobre o possível assassinato do presidente deposto em 1964. Como, quando e onde surgiu a tese do assassinato?
A ascensão e a queda de Jango continuam abrindo feridas: o golpe foi articulado pelos Estados Unidos? O Brasil estava mesmo à beira do comunismo em 1964? As marchas da Família com Deus pela Liberdade foram fomentadas e financiadas pelos americanos? O golpe foi planejado minuciosamente com muita antecedência? O estopim da derrubada de Jango foi a reforma agrária? A repressão violenta e despudorada teve início logo depois de 31 de março, com prisões, mortes e tortura? A guerrilha seria apenas uma reação à ditadura? Como agiu a imprensa?
Jango viveu no exílio a dor insidiosa da saudade. Morreu na Argentina sonhando em voltar para casa. Dois uruguaios, Foch Diaz e Ronald Mario Neira Barreiro, surgiram quase do nada para levantar suspeitas sobre as condições da sua morte. O que os liga? Foch sustentou a hipótese da “morte duvidosa”; Neira apresenta-se como “réu confesso” – afirma ter sido agente secreto uruguaio e participado da Operação Escorpião para eliminar Jango por meio de uma ardilosa troca de medicamentos.
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