sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Literatura

“Os Reis da Voz” 

Antes de João Gilberto revolucionar o canto brasileiro, mostrando que a voz podia se harmonizar com os instrumentos de uma gravação sem sobrepujá-los, o Brasil viveu a era dos dós-de-peito, dominada pelos reis da voz. Sociólogo alagoano que migrou para o Rio de Janeiro em 1949, a tempo de testemunhar o reinado da Rádio Nacional, veículo para a propagação desses cantores, Ronaldo Conde Aguiar traça perfis biográficos dos principais intérpretes da era pré-bossa nova em Os Reis da Voz. Com paixão, o autor expõe a importância de 15 cantores que marcaram épocas. O ponto de partida é o capítulo dedicado a Francisco Alves (1898-1952), que saiu de cena no auge, aos 54 anos, carbonizado em acidente de carro na Via Dutra. Embora súdito desses reis em seus textos, Aguiar jamais se esquiva de relatar as partes menos nobres da vida de cada um, como a afeição de Nelson Gonçalves pela cocaína, que quase estancou sua carreira nos anos 60. Por mais que a maioria dos perfilados (Cauby Peixoto, Orlando Silva, Mário Reis, Jorge Goulart, Carlos Galhardo, Vicente Celestino, Tito Madi, Cyro Monteiro, Sílvio Caldas, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Germano Mathias e Moreira da Silva) já tenham tido suas vidas esmiuçadas em biografias individuais, o livro se engrandece por montar o painel conjunto das obras desses reis entronizados eternamente na memória afetiva de quem viveu a era do rádio. 

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