sexta-feira, 12 de junho de 2015

Futebol

Copa América 2015
Começou na quinta-feira, 11/06, no Chile a 99ª edição da Copa América, principal competição entre seleções sul-americanas, que existe desde 1916.

É um dos torneios entre seleções mais antigos do mundo, perdendo apenas para o "British Home Championship", competição realizada entre Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte de 1883 a 1984, e para os Jogos Olímpicos, iniciados em 1908.

A primeira Copa América (chamada no início de Campeonato Sul-Americano) foi realizada em 1916 para celebrar o centenário da independência da Argentina.

O torneio, disputado no estádio do Club de Gimnasia y Esgrima de Buenos Aires (G.E.B.A), contou com somente quatro equipes: Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.

Aproveitando o encontro, os países fundaram a Conmebol, a Confederação Sul-Americana de Futebol.

Foi a primeira das seis confederações que hoje fazem parte da Fifa.

Mas, apesar de sua importância histórica, a Copa América também tem colecionado momentos marcantes do futebol.

O jornalista argentino Luciano Wernicke é um historiador de futebol que se encarregou de reunir os fatos mais curiosos e inusitados que já aconteceram nesse e em outros torneios.

O autor de Histórias insólitas do futebol (2014) escreveu uma série de livros sob o nome "histórias insólitas" que compilam os momentos mais inusitados de Copas do Mundo, dos Jogos Olímpicos e até da Libertadores.

Seu trabalho mais recente, que foi distribuído pelo Ministério da Educação da Argentina nas escolas do país, é sobre a Copa América.

Werneck selecionou para a BBC o seu "Top 5" dos feitos mais incríveis do torneio.

01- O país anfitrião que quase foi eliminado por falta de jogadores

O primeiro torneio, realizado em 1916, quase fica na história não só por ser a primeira Copa América (ou Campeonato Sul-Americano, como diziam naquele tempo), mas também por uma eliminação inesperada do próprio país anfitrião.

A Argentina, sede do torneio, quase foi desclassificada por não ter jogadores suficientes.

 Os argentinos precisaram recorrer às grades do estádio G.E.B.A. para encontrar um jogador e completar a equipe

Na época, o futebol era um esporte amador, e o país havia selecionado 11 representantes, mas um precisou se ausentar no último minuto por conta de uma viagem de trabalho inadiável e não pode jogar a segunda partida do campeonato.

Nessa época, não havia substituições. Todos os jogadores deveriam disputar o jogo todo e não havia cartões amarelos ou vermelhos. Por isso, não se convocavam reservas.

Com somente 10 jogadores, e faltando pouco para o início da partida justamente contra o Brasil – o primeiro, contra o Chile, a Argentina havia vencido por 6 a 1 -, os "hermanos" ficaram bem perto de serem eliminados em sua própria casa por falta de jogadores.

A seleção argentina só escapou por uma fatalidade. Um dos jogadores argentinos reconheceu na arquibancada do G.E.B.A., José Laguna, um jogador do Huracán.

Convocado por urgência, Laguna aceitou jogar e a participação dele foi providencial, já que marcou o único gol argentino da partida, que terminou em 1 a 1.

02 – A seleção que demorou 40 dias para voltar da Copa América

Depois dos dois primeiros torneios – o primeiro em Buenos Aires e o segundo em Montevidéu –, ambos conquistados pelo Uruguai, era a vez do Rio de Janeiro ser o anfitrião.

Mas uma epidemia de gripe adiou a competição de 1918 para 1919.

O Rio foi um desafio especialmente grande para os chilenos, que vinham de longe.

Eles teriam que viajar até a Argentina, depois de Buenos Aires pegariam um navio com a seleção argentina até a cidade carioca.

Mas um problema aconteceu na volta do torneio – o primeiro conquistado pela seleção brasileira.

Uma tempestade de neve fechou a passagem pelos Andes, deixando os jogadores chilenos presos na cidade argentina de Mendoza, na fronteira com o país.

Sem dinheiro para se alojarem ali – os jogadores custeavam a viagem do próprio bolso – tomaram a decisão de cruzar a fronteira de mula.

Eles demoraram semanas.

Depois de 40 dias da saída do Rio, os chilenos finalmente chegaram sãos e salvos a Santiago. E não tiveram nenhum motivo para comemorar nessa viagem infernal – ficaram em último no campeonato.

03 – Brasil proíbe jogadores negros entre 1919 e 1922

Às vezes, a paixão pelo futebol gera mudanças sociais e até políticas.

Isso aconteceu em 1922, quando o Brasil foi sede da Copa América pela segunda vez. Um decreto do presidente Epitácio Pessoa (1919 a 1922) havia proibido que os homens negros jogassem a liga local de futebol ou integrassem a seleção.

 Friedenreich só pode jogar a Copa América após pressão popular

Isso deixaria de fora da equipe o então craque brasileiro Arthur Friedenreich, um negro de pai alemão e mãe brasileira que era considerado o melhor jogador do país.

Friendenreich havia sido o artilheiro da Copa em 1919, antes que a proibição fosse imposta.

Mas após desempenhos apáticos da seleção nos torneios de 1920 e 1921, o povo brasileiro fez campanha pelo retorno de Friedenreich à seleção, e ele voltou a jogar na edição de 1922, novamente no Rio de Janeiro.

O Brasil ganhou novamente a Copa América, e Pessoa revogou seu decreto.

Arthur Friedenreich – apelidado como "El Tigre", "Mulato de olhos verdes" ou "Rei do futebol" – ainda é lembrado como um dos maiores jogadores do futebol brasileiro.

Alguns inclusive argumentam que ele fez mais gols que Pelé – mas não há registros oficiais sobre isso.

04 – Recorde de pênaltis errados

A Copa América também teve fatos notórios que seus protagonistas preferiam esquecer – como é o caso do jogador argentino Martín Palermo, que na edição de 1999 conseguiu a façanha de perder três pênaltis em um só jogo.

 O grito de Palermo depois de errar o segundo dos três pênaltis ecoou no estádio

A façanha, que nunca se repetiu na história do futebol profissional, ocorreu num jogo contra a Colômbia.

A Argentina perdeu o jogo de 3 a 0.

Como prêmio de consolo, Palermo terminou o torneio como o artilheiro argentino, com três gols – dois a menos que os artilheiros da competição, Ronaldo e Rivaldo – o Brasil também sagrou-se campeão dessa edição.

05 – Paraguai chega a final sem vencer

A última edição da Copa América (2011) também ficou na história por outro fato curioso. O torneio, disputado na Argentina, teve um finalista que chegou à grande decisão sem ter vencido uma partida sequer.

O Paraguai conseguiu esse feito inusitado empatando os três jogos que disputou na fase de grupos – conseguiu a classificação como o segundo melhor terceiro colocado.

Nas quartas de final, também empatou com o Brasil, naquele fatídico jogo que foi para os pênaltis e nenhum jogador brasileiro conseguiu converter sua cobrança.

Na semifinal, também venceu a Venezuela nos pênaltis.

E assim chegou à final contra o Uruguai sem ter vencido nenhum jogo, algo que nunca havia acontecido antes.

Isso levou os organizadores (a Conmebol) a fazer mudanças na competição – que terá 16 equipes em vez das 12 atuais.

As alterações no formato do torneio serão feitas na edição especial do centenário da Copa América no ano que vem, que ocorrerá nos Estados Unidos.
Fonte: www.uol.com.br

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